Para um povo de origem predominantemente católica cristã como o brasileiro, a Páscoa possui um importante cunho religioso, porém, há alguns anos o real significado da data tem ficado de lado, dando lugar a outro protagonista, neste caso, o coelho com seus ovos de chocolate.
Diferente do Natal e do dia das crianças, celebrar a Páscoa envolve mais do que ganhar presente. Nesta data, além de conseguir aquele brinquedo que seu filho ama, ele ainda vai ganhar um, dois, três e às vezes meia dúzia de ovos de chocolate e é a partir deste ponto que devemos estabelecer algumas questões importantes.
Atualmente, são muitas as estratégias publicitárias que atraem os olhos dos pequenos. Os túneis de ovos nos supermercados mais parecem corredores de lojas de brinquedos repleto de brindes que recheiam os ovos, desde super heróis até maletas de maquiagem. Comerciais na TV mostram os personagens favoritos das crianças nas embalagens de biscoitos, sorvetes, salgadinhos e refrigerantes utilizando essas imagens para aumentar a venda de alimentos com alto teor de gordura, açúcar e sódio ao público infantil.
A propaganda direcionada a crianças se aproveita da vulnerabilidade destes indivíduos que estão em fase de desenvolvimento para incentivar o consumo.
Com o aumento da obesidade infantil, é importante que os pais e profissionais da saúde estejam atentos ao que as crianças andam assistindo nas TVs e em outros meios de comunicação como celulares e tabletes, pois apesar de muitas tentativas de diversos órgãos para barrar essa intensa publicidade, os pais ainda sofrem pressão com relação às escolhas dos alimentos pelos filhos.
Pesquisas indicam que 70% das decisões de compras realizadas no lar são determinadas pelas crianças. Obviamente cabe à família o poder da boa educação, ensinando os prós e contras de consumir ou não determinado alimento, sendo assim, a questão não é negar sempre aquele alimento ao seu filho, mas ensinar as crianças desde cedo a manter o equilíbrio entre produtos industrializados e alimentos verdadeiros.
Se você é pai ou mãe lembre-se: A publicidade que hoje estimula seu filho ao consumo exagerado de alimentos super calóricos e prejudiciais a saúde é a mesma que estabelece padrões de beleza social, contribuindo para desqualificar e diminuir o valor das pessoas acima do peso. Proibir definitivamente não é a saída, mas orientar as crianças e principalmente dar bons exemplos alimentares dentro e fora do lar pode colaborar com a redução do consumo de produtos industrializados e conseqüentemente com a redução da obesidade infantil na sua casa e no mundo.
Ana Beatriz Nicoletti é Nutricionista e escreve semanalmente no Acontece Botucatu