Com falta de recursos e juros mais altos, Caixa perde liderança no crédito imobiliário com recursos da poupança

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Com falta de recursos e juros mais altos, Caixa perde liderança no crédito imobiliário com recursos da poupança 19 março 2018

Em meio às dificuldades de capitalização e com taxas de juros congeladas há quase 1 ano e meio, a Caixa Econômica Federal perdeu a liderança no financiamento imobiliário nas linhas de crédito com recursos da poupança. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), o banco foi ultrapassado por concorrentes pelo 3º mês consecutivo.

Em janeiro, a queda no volume de crédito imobiliário concedido pela Caixa caiu 31%, na comparação com o mesmo mês do ano passado, totalizando R$ 749,7 milhões. Já o número de unidades habitacionais financiadas no mês recuou de 5.131 para 3.742.

No primeiro mês de 2018, a Caixa foi superada por Bradesco e Santander, com R$ 850,9 milhões e R$ 809,6 milhões em empréstimos para casa própria, respectivamente. Itaú Unibanco somou R$ 741,2 milhões em crédito imobiliário e Banco do Brasil, R$ 382,7 milhões.

Por concentrar a grande maioria das operações financiadas com recursos do FGTS, a Caixa ainda segue com folga como o principal agente financeiro de crédito imobiliário, com participação historicamente ao redor de 65%. No segmento de financiamentos com recursos da poupança, entretanto, o banco viu sua fatia de mercado cair para 19,5% em janeiro, ante um patamar de 38% nos dois últimos anos.

O encolhimento da Caixa preocupa as incorporadoras porque acontece num momento de recuperação do mercado, após 3 anos consecutivos de queda no volume de empréstimos imobiliários. O crédito no setor fechou 2017 em R$ 43,15 bilhões, queda de 7,4% ante o ano anterior e menos da metade do patamar de 2014 (R$ 112,9 bilhões).

Em janeiro, o total de financiamentos imobiliários com recursos da poupança somaram R$ 3,84 bilhões em janeiro, uma alta de 23,7% em relação ao mesmo mês de 2017. No acumulado de 12 meses, entretanto, o montante ficou em R$ 43,9 bilhões, 5,5% abaixo do apurado nos 12 meses anteriores.

Caixa deixa de ter os menores juros

Na contramão da concorrência, a Caixa não anunciou redução nas taxas de juros para financiamento da casa própria em 2017, mesmo após a sequência de 11 cortes seguidos na Selic, a taxa básica de juros brasileira, atualmente em 6,75% ao ano. A última redução de taxas do banco para crédito imobiliário aconteceu em novembro de 2016.

Com isso, desde o ano passado, as taxas cobradas pela Caixa nos empréstimos pelo Sistema de Financiamento Imobiliário (SFI) e pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), seguem em 2 dígitos, e acima da concorrência.

“A Caixa sempre foi a instituição que tinha a menor taxa de juros para o crédito imobiliário, mas hoje não tem mais. Já vemos uma competição entre os bancos”, afirma Miguel José Ribeiro de Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade (Anefac).

“Essas dificuldades de capitalização da Caixa acabam limitando medidas mais agressivas em termos de redução juros”, acrescenta.

Veja abaixo as taxas mínimas anunciadas atualmente pelos maiores bancos nas principais linhas de financiamento com recursos da poupança:

 Segundo dados do Banco Central, as taxas médias de mercado para financiamento imobiliário para pessoas físicas caíram de 15,4% em janeiro de 2017 para 11,3% em janeiro deste ano. Já as taxas médias reguladas, que compreende as operações com recursos do FGTS, recuaram de 10,9% para 8,3%.
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