Renan Calheiros é o novo presidente do Congresso Nacional

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Renan Calheiros é o novo presidente do Congresso Nacional 01 fevereiro 2013

Por 56 votos a 18, tendo ainda dois votos nulos (76 do total), e em meio a uma avalanche de denúncias de corrupção, o senador Renan Calheiros, do PMDB, foi eleito presidente do Senado da República Federativa do Brasil e, como conseqüência, assume a presidência do Congresso Nacional (que une o Senado e Câmara dos Deputados), tornando-se a quarta maior autoridade do País, abaixo apenas da presidente Dilma Roussef , do vice-presidente Michel Temer (PMDB) e do presidente da Câmara dos Deputados. Calheiros substitui José Sarney, também do PMDB-AP.

O novo presidente que venceu seu adversário Pedro Taques (PTB) da oposição, será responsável pela elaboração da pauta das proposituras que vão para o plenário para votação. A volta do peemedebista foi resultado de uma costura política que uniu a maioria dos senadores do PMDB e toda a base de sustentação do governo.

Calheiros já foi presidente do Senado, mas em 2007 renunciou ao cargo que foi reconduzido para tentar se livrar da cassação de seu mandato após ser acusado de permitir que um lobista da empreiteira Mendes Júnior pagasse suas despesas pessoais, como a pensão da filha que teve em relação extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso.

Mesmo respondendo a processos na Justiça, entre eles um de improbidade administrativa, e tendo seu nome ainda constantemente envolvido em polêmicas, como mostrou reportagem publicada pelo jornal Estado de São Paulo apontando que uma “empreiteira amiga” do senador foi beneficiada com contratos que somam R$ 70 milhões no programa social Minha Casa, Minha Vida, o nome do peemedebista seguiu firme na disputa e conseguiu se eleger com larga vantagem de votos sobre seu adversário em votação secreta.

O peemedebista também responde inquérito por crime ambiental. Para o Ministério Público, o senador pavimentou ilegalmente, com paralelepípedos, uma estrada de 700 metros na estação ecológica Murici, administrada pelo Instituto Chico Mendes, em Flexeiras, a 66 km de Maceió (AL). O instituto, porém, não foi consultado e não concedeu qualquer licença ou autorização para a obra. A unidade, de 6 mil hectares, conserva áreas de Mata Atlântica. A estrada liga a fazenda Agropecuária Alagoas Ltda, de propriedade do grupo de Renan, ? principal rodovia que corta o estado, a BR-101.

As denúncias multiplicaram-se quando Renan esteve no Conselho de Ética, e foi acusado de usar “laranjas” para esconder a propriedade de veículos de comunicação em Alagoas, o que é proibido aos parlamentares segundo a Constituição. Das seis denúncias no Conselho, duas foram ao plenário. Mas Renan escapou duas vezes da cassação do mandato. Entretanto, teve que renunciar ao cargo de presidente para garantir a sobrevida política.

Depois de se livrar da cassação Renan adotou uma postura mais discreta e atuou, preferencialmente, em negociações reservadas. Mas em 2009 tornou-se líder do PMDB, cargo importante para quem desejava voltar a ter a relevância de outrora na política e desde o ano passado, costurava seu retorno ? presidência da Casa.

{n}Força do PMDB{/n}

Na próxima segunda-feira (4), outra votação importante irá agitar os bastidores políticos com a eleição do presidente da Câmara dos Deputados. O cargo também deverá ser ocupado por outro “cacique” do PMDB: Henrique Eduardo Alves, líder da bancada do partido e que tem o apoio da bancada governista. A projeção é que consiga pelo menos 380 dos 513 votos possíveis, bem acima dos 257 necessários para vencer o pleito. Ele tem sido alvo de várias denúncias de irregularidades na imprensa, ? s quais ele atribui ao “jogo pré-eleitoral”.

Se eleito for e tudo caminha nesse sentido, Alves, tornar-se-á a terceira maior autoridade do País, abaixo apenas da presidente Dilma Roussef e do vice-presidente Michel Temer (PMDB).. Deputado deverá substituir Marcos Maia (PT-RS). Assim como foi no Senado, a eleição da Câmara dos Deputados será secreta.

A exemplo de Renan Calheiros o líder peemedebista tem contra si várias denúncias de corrupção, entre elas a de beneficiar a empresa de seu ex-assessor na Câmara, Aluizio Dutra de Almeida, que também é tesoureiro do PMDB no Rio Grande do Norte por meio de emendas parlamentares. A empresa dele, Bonacci Engenharia e Comércio Ltda. teria recebido pelo menos R$ 1,2 milhão do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra as Secas), órgão federal cujo comando era indicado por Alves. A Bonacci que, de acordo com a reportagem do jornal Folha de São Paulo, fica em bairro de classe média baixa em Natal, não tem funcionário em sua sede e é vigiada por um bode.

Outra reportagem, da revista Veja de 16 de janeiro deste ano, mostra que Alves contratou uma empresa de aluguel de veículos com registro em nome de um “laranja”. Para responder ? questão, o deputado primeiro disse que usava carro próprio, depois falou que o veículo era alugado, mas não lembrava do modelo. Por fim, um assessor de gabinete dele disse que o contrato foi feito a pedido do próprio deputado, que “talvez não se lembre”.

Alves já havia tido uma indicação prejudicada por denúncias. O nome dele foi descartado depois que sua ex-mulher Mônica Infante de Azambuja, em busca de uma pensão alimentícia maior durante o período de negociação do divórcio, denunciou ? imprensa que Alves mantinha US$ 15 milhões em contas bancárias não declaradas no exterior e que o marido usava laranjas para encobrir o patrimônio.

Em 2007, outro fato causou desconforto. Alves teve de se explicar por que gastou R$ 25 mil com a divulgação de suas atividades no jornal “Tribuna do Norte”, de propriedade dele e de sua família no Rio Grande do Norte. A justificativa foi a de que o jornal passou a cobrar o que fazia de graça para “propagandear” um de seus proprietários.

Ao se confirmar a eleição de Henrique Alves, o PMDB se torna o partido mais poderoso da República, maior forte do que o próprio PT, acumulando as presidências da Câmara dos Deputados, Senado e a vice-presidência da República. Isso sem falar nos cinco ministérios, dezenas de cargos no primeiro escalão do governo e centenas no segundo.

Foto: Divulgação

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