João Fubá: Botucatuense no apogeu dos 78 anos

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João Fubá: Botucatuense no apogeu dos 78 anos 30 agosto 2013

Fotos: Valéria Cuter

Se dissermos o nome João Cardoso vai passar despercebido. Porém, se falarmos João Fubá, muita gente vai se lembrar desse cidadão botucatuense, que completa 78 anos de vida, 50 dos quais dedicados a profissão de catador de produtos recicláveis pelas ruas da cidade. Nunca teve registro em carteira e sua história de vida é bastante interessante.

Depois de três infartos no miocárdio que o deixaram com o lado direito parcialmente paralisado e, por isso, fala com dificuldade, esse homem não queria nem ouvir falar em parar de trabalhar, muito menos se internar no asilo, onde já está sua companheira Maria Tereza, de 73 anos de idade. Mas a saúde debilitada fez com que mudasse de idéia.

“Já havia sido convidado para ir ao asilo, mas não queria nem pensar nisso, porque não gosto de ficar preso. Gosto de trabalhar, andar na rua, conversar com pessoas. Sabia que lá (asilo) ia ser bem tratado, mas não queria. Quando tinha algum problema pedia socorro aos vizinhos que chamavam a ambulância para mim. Mas estou muito cansado e vim para cá”, conta Fubá. Embora seja solteiro, João teve um filho com Maria Tereza, chamado Edvaldo Ferreira Cardoso, o “Pucão” que morreu assassinado no Parque Marajoara aos 36 anos de idade.

“Perder meu filho foi um dos momentos mais tristes de minha vida. Só quem teve essa experiência sabe a dor que isso causa. Morreu de bobeira porque bebeu demais em uma festa e conversou com uma mulher. O marido ficou com ciúme e matou meu filho”, lembra o homem.

João revela que sempre teve problema com vizinhos, em razão de apanhava lixo pelas ruas da cidade e armazenar no quintal de sua casa até conseguir vender. Morava na Rua Manuel Gamito, na Vila São Benedito. “A Vigilância (Sanitária) foi em casa algumas vezes e tive que maneirar, mas é só o que sei fazer”, disse o homem.

Lembra que guardou durante anos algumas economias para fazer o muro de sua casa para evitar reclamação. “Mas quando tinha R$ 3.250,00 alguém entrou aqui em casa e levou todo dinheiro que estava em uma lata de leite vazia. Então fiquei sem dinheiro. Por isso, não pude fazer o muro e meus vizinhos também não têm dinheiro. Não sei até hoje quem levou o dinheiro”, observa.

Diz que agora não trabalha por estar doente e teve que buscar socorro no asilo. “Tive três “enfartes”, estou fraco e não consigo falar direito. Ganho do INSS e recebo ajuda da Prefeitura. Tenho saudade de quando apanhava “trecos” na rua para viver. Pegava tudo que a achava interessante
e que pudesse me dar dinheiro. “Pena que agora não posso encher meu carrinho como antes. Mas devagarzinho vou levando a vida, como Deus quer”, finaliza.

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