Acho que a nossa permanência neste mundo incerto e passageiro, graças a Deus, é intensa e magnífica – muitas vezes dolorosa também, porém, inegavelmente, é repleta de momentos especiais.
Com certeza, essa maravilha chamada vida, nos reserva alegrias e surpresas e pessoas raras que cruzam o nosso caminho, fazem tudo valer ? pena. Refiro-me, mais exatamente, ? generosidade da gente botucatuense, que sempre, é bom salientar, compra todo tipo de briga e abraça qualquer causa quando se trata de ser solidário.
A meu ver, o povo brasileiro, valoriza (e muito) a arte de andar de mãos dadas e, sem sombra de dúvidas, o famoso jeitinho brasileiro não se resume apenas ao que se faz ? s pressas, na gambiarra, a um termo meramente pejorativo.
Esse traço de personalidade tão popular, faz com que a maioria do nosso povo drible a falta de recursos, a carência de seus direitos primários e enfrente a vida como malabaristas ou equilibristas na corda bamba, com um salário que mal dá pra comer e ainda consiga sorrir; o mesmo jeito que nos faz ostentar um coração maior que o mundo e uma receita de bem viver, que faz a diferença na hora que não pensamos duas vezes em dividir o pouco (e transformá-lo em muito) com um irmão mais necessitado, neste país extremamente injusto.
Bão, essa distinta realidade também é vivida nas instituições que prestam serviços (dos mais variados) ? nossa gente, como por exemplo, no nosso majestoso e sempre criticado (injustamente) Hospital das Clínicas da UNESP. Esse baita complexo hospitalar que, podemos dizer, está sendo administrado atualmente pela Secretaria de Estado da Saúde do Governo do Estado, também vem enfrentando as mais variadas dificuldades para a sua sobrevivência. Lá no nosso HC as pessoas também estão se abraçando pelo bem daquela respeitável Casa de Saúde.
Hoje, por conta das inúmeras promessas feitas e não cumpridas pelo governo estadual (tenho a convicção de que a coisa vai clarear), o nosso HC enfrenta uma das suas maiores crises de todos os tempos.
Aliás, como botucatuense e, mais ainda, como funcionário, há mais de quatro décadas, desde a extinta e saudosa FCMBB – Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, me senti na obrigação de oferecer todos os trunfos que Deus me proporcionou nesses anos todos de uma vida bem vivida, com o objetivo de também abraçar as causas do HC.
Não pensei duas vezes em buscar caminhos para uma aproximação (amiga e profissional) de todos que lutam pelo crescimento e engrandecimento do nosso Hospital das Clínicas e ajudar na solução dos problemas que castigam o seu dia a dia, ainda mais conhecendo o seu Superintendente (um expoente do quadro de docentes da Faculdade de Medicina), uma pessoa que pulsa seriedade, competência e conhecimento de causa, meu amigo Doutor Emilio Carlos Curcelli.
O primeiro desafio com o qual trombei de frente ocorreu no mês de março, após uma triste situação vivida por uma família botucatuense que, num final de tarde, tomou conhecimento do falecimento de um ente querido, um senhor já com uma certa idade. Esse cidadão deu entrada na Patologia da UNESP e só teve o seu corpo liberado para o funeral doze horas após o seu falecimento. A família bastante chocada com o problema procurou a Rádio Municipalista para repudiar essa absurda e inoportuna situação. Nesse mesmo dia fui chamado pelo companheiro Vanderlei dos Santos que propôs uma reunião com o Professor Emilio.
Evidentemente que a direção da emissora procurou fazer a sua parte atendendo todas as solicitações da família, repudiando, questionando o absurdo e, por fim, marcando essa reunião para aquela mesma semana, com o Superintendente do HC e os responsáveis pelo Serviço de Verificação de Óbitos do HC, com o propósito de esclarecer, da melhor maneira possível, o porquê daquela situação.
Tive a grata satisfação de acompanhar o âncora do programa A Marreta, da Rádio Municipalista, nesse encontro que visava, unicamente, mostrar a realidade dessa prestação de serviço oferecido pelo HC, através do Departamento de Patologia ? população.
Claro que não foi nada fácil para nenhum de nós, administrar esse fato profundamente lamentável, no entanto, depois de muitas justificativas (por sinal, todas bem fundamentadas), da direção do HC e dos componentes do Departamento de Patologia da FM, ficou manifesta a falta de atenção do Governo do Estado na equação desse desagradável problema que, podemos dizer, não diz respeito somente ao nosso HC e sim a todos os órgãos responsáveis por autópsias da região.
Com as graças de Deus, essa reunião histórica, assim podemos dizer, acabou por contribuir para a dissolução de uma deficiência que vinha se estendendo, ano após ano, quando fatos desse gênero ocorriam. Só para termos uma noção da gravidade do problema e até como forma de esclarecer nossa gente podemos garantir que em casos de falecimentos idênticos ao desse senhor, a legislação é dura e de difícil saída: somente os SVO – Serviço de Verificação de Óbitos – é que tem a incumbência de liberar os corpos. E o mais difícil ainda, este é o único serviço desse tipo que funciona na região e não tem atendimento no período noturno. Coisas desse Brasil brasileiro!
Pois bem, graças ao comprometimento do programa A Marreta que optou por levar adiante as críticas da família daquele senhor e, principalmente, a nossa influência (minha e do radialista Vanderlei dos Santos) junto ao Deputado Estadual Doutor Fernando Capez (que comprou essa briga), um amigo declarado do Doutor David Everson Uip, atual Secretário de Estado da Saúde do Governador Geraldo Alckmin, esta desgastante situação enfrentada por inúmeras famílias, está prestes a chegar ao seu final.
Acredite! Numa reunião realizada na Secretaria de Estado da Saúde, na terça-feira, 29/04, pouco mais de um mês da morte desse senhor, onde estiveram presentes o Superintendente do HC, Professor Emilio Carlos Curcelli; o Vice Presidente da FAMESP, Professor Antonio Rúgulo Junior; o Deputado Fernado Capez; uma comitiva da cidade de São Manuel, tendo a frente o seu Prefeito, meu amigo Marquinhos Monti e o Doutor David Everson Uip (tive a honra de também estar nessa), ficou confirmado que o Governo do Estado destinará quatro milhões de reais, através da Secretaria da Saúde, para a construção do prédio que abrigará este importante setor que atenderá toda a nossa região.
Enfim, a vida neste país rico em tudo, porém, entregue a meia dúzia de políticos totalmente descompromissados é mesmo desse jeito. Infelizmente precisa alguém morrer para que os direitos da pessoa voltem a ser respeitado. Isso é profundamente lamentável. Vamos em frente minha gente!
Parabéns a todos aqueles que, direta ou indiretamente, deram a sua contribuição na resolução imediata de um impasse que já durava cinco anos, muito especialmente o Deputado Doutor Fernando Capez – aliás, esse parlamentar, com todas as emendas que tem feito em prol do nosso HC, com certeza já pode ser considerado como um grande padrinho do povo botucatuense – que, mais uma vez, utilizou sua amizade junto ao comandante da pasta mais importante do Governo Paulista (Secretaria da Saúde), para juntar numa manhã em São Paulo, pessoas comprometidas com um mundo melhor e mais justo para todos e equacionar uma questão de suma relevância para todos os habitantes da nossa imensa região.
Satisfeito de ser mais um desses cidadãos, que vivem levando a vida, no peculiar jeitinho brasileiro do bem, finalizo este agradável conto abraçando carinhosamente três monstros da música raiz aqui da terrinha, com os quais compartilhei momentos prazerosos na noite daquela mesma terça-feira no salão de festas do FUSS: meus amigos Tenente Coronel PM Jorge Duarte Miguel (um sanfoneiro dos bons) e a dupla botucuda Ramiro Viola e Pardini.
Com um carinho ainda maior abraço outros dois ídolos da música sertaneja que me proporcionaram uma grande alegria na noite da sexta-feira que passou (02/05), durante o grandioso show realizado no recinto da FACILPA, em Lençóis Paulista: meus amigos, Milionário & Zé Rico, os Gargantas de Ouro do Brasil.
Mais uma vez, esses fenômenos que cantam e encantam uma legião enorme de admiradores por esse Brasil afora arrebentaram e não esqueceram de mencionar o afeto que nutrem por todos os botucatuenses. Num determinado ponto da noite, o meu amigo Zé Rico deu uma paradinha no show somente para me abraçar. Quanta honra compadre Zum!
Rubens de Almeida – Alemão
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