Nesta longa estrada da vida
Vou correndo e não posso parar
Na esperança de ser campeão
Alcançando o primeiro lugar
Na esperança de ser campeão
Alcançando o primeiro lugar
Mas o tempo cercou minha estrada
E o cansaço me dominou
Minhas vistas se escureceram
E o final da corrida chegou
Este é o exemplo da vida
Para quem não quer compreender
Nós devemos ser o que somos
Ter aquilo que bem merecer
Nós devemos ser o que somos
Ter aquilo que bem merecer
Mas o tempo cercou minha estrada
E o cansaço me dominou
Minhas vistas se escureceram
E o final desta vida chegou
E aí prezado leitor, o título deste texto, trecho de uma linda canção do meu “compadre” José Rico Alves dos Santos, remete-o a alguma lembrança? Ela representa algo para a sua história de vida? Você se identifica de alguma maneira com sua belíssima letra? Ela traduz parte dos inúmeros problemas que “nóis” brasileiros enfrentamos cotidianamente? Como você analisa o fato deste modesto colunista utilizá-la, simplesmente para contar mais um “causo” semanal, por sinal, muito indigesto e triste demais? Enfim, por que será que todos os shows desses verdadeiros fenômenos da voz (“MILIONÁRIO & ZÉ RICO”) chegavam ao fim com esta maravilha interpretada e cantada em coro pela platéia, que nunca era pequena?
É muito simples, para quem não sabe esta “baita” música – aliás, foi ela que deu “vida” para que duplas sertanejas renomadas chegassem a ser campeãs de vendagens de discos (“Chitãozinho & Xororó”, “Zezé Di Camargo & Luciano”, “Bruno & Marroni”, “Leandro & Leonardo”, “Cezar & Paulinho”, “João Paulo & Daniel”, “Rick e Rener” e muitas outras) e alcançassem sucesso por todo o Brasil – quando foi lançada, no início da década de 70, pelos “Gargantas de Ouro” houve uma “virada” fantástica no gosto do brasileiro que era apaixonado pela música de raiz, aquela totalmente caipira.
Tanto isso é verdade que ela esteve, por longos anos, em todas as paradas musicais de todo o nosso Brasil e, até os dias atuais é considerada pelos especialistas da música brasileira, o hino da música sertaneja.
Com certeza, você que está lendo este meu “conto” pode estar se perguntando: por que estes questionamentos e colocações sobre esta música que, como todos sabem, “fez a diferença” na carreira destes dois ídolos de muitas pessoas por esse Brasil afora? Por que tanta “badalação” em face desta melodia a 40 anos do seu lançamento?
A resposta é curta, porém bastante infeliz. O maior responsável por esta beleza que perdura no gosto musical dos amantes da música sertaneja por quatro décadas, esta referência artística (meu amigo Zé Rico) nos deixou repentinamente, vítima de um ataque cardíaco fulminante, para ir morar ao lado do nosso PAI.
O Brasil perdeu um dos maiores talentos da música sertaneja, na terça-feira que passou. A cidade de Americana, sua terra natal, está em lágrimas. Os seus amigos, muitos deles aqui de Botucatu (Donizeti Manzini, Vanderlei dos Santos, Professor José Maria Leonel. Deputado Milton Casquel Monti, Doutor Antonio Soares da Costa Neto, Odirlei Bozoni, Romildo Perez e outros tantos) em desespero. O mundo da música está de luto e, por fim, quero crer que o amigo “Zum”, como era carinhosamente chamado por seus colegas mais próximos (em especial, os seus colegas de profissão), deixou-nos cantando o lindo refrão desta música (Estrada da Vida) eternizada em sua voz, que me proporcionou inspiração para homenageá-lo: “… mas o tempo cercou a minha estrada e o cansaço me dominou; minhas vistas se escureceram e o final desta vida chegou”… .
“Bão”, como amante desse tipo de música, admirador incondicional da dupla “MILIONÁRIO & ZÉ RICO” e, mais ainda, como fã número um desse amigo que tive o privilégio de conhecer (há muitos anos) ainda quando se apresentava em circos e um pouco mais adiante (em 1986), por “culpa” do futebol e de um amigo jauense, campeão Brasileiro pelo Corinthians Paulista em 1990, Wilson Mano, construí uma forte e muito sólida amizade, devo confessar que estou arrasado.
Não consigo acreditar que o meu amigo e compadre; meu cantor preferido, que, inclusive me alegrava imensamente, sempre que se apresentava nas cidades da região (era comum nestes shows ele dizer, publicamente, que era admirador do Alemão da bondade, de Botucatu); meu parceiro mor, nas partidas de futebol beneficente “Profissionais em Férias” que eram realizadas aqui na terrinha (ele veio em dezenove das vinte e cinco promoções realizadas e, em todas, acompanhado de um “punhado” de alimentos), não está mais entre nós. Que tragédia! Como é triste saber que não teremos mais o “Zé Rico” cantando “pra” nós!
Enfim, a vida é mesmo assim. A nossa estada por este mundinho medíocre, onde não dá para acreditar que existam pessoas que se julgam os “donos da bola” e que, de maneira grotesca e desonesta, usam o poder para lesar a nossa gente (vem aí uma ofensa imperdoável, ou seja, mais de 38% de aumento numa das necessidades primordiais de todo cidadão: a energia elétrica), queiram ou não, é totalmente controlada por ELE, o Todo Poderoso Dono do Universo.
Todos nós (todos mesmos), um dia arrumaremos as nossas malas e partiremos rumo à “prestação de contas” com Deus. Essa é a única certeza que temos. Terça-feira foi a vez do maior cantor do Brasil, meu estimado amigo “Zé Rico” nos deixar. Amanhã, certamente, outra figura expressiva da população brasileira terá o mesmo destino e, um dia, com certeza, também estarei de partida. Nunca tive dúvida disso. Até qualquer dia, grande craque do meu valioso “time” de amigos José Rico Alves dos Santos, a mais respeitável voz entre todos os cantores brasileiros. Como diz o “menino de ouro” da nossa Guarda Municipal, Inspetor Lucas Trombaco: “uma voz nunca se cala depois de ter encantado muitas gerações”. Para “nóis” você será eterno querido Zé Rico.
Bastante triste e profundamente amargurado aproveito este texto (sem dúvida alguma, um dos mais melancólicos que tracei durante toda a minha trajetória nos meios jornalísticos) para abraçar, em forma de homenagem póstuma, um dos profissionais mais conceituados que conheci, cuja dedicação e comprometimento serviram de exemplo para aqueles que o ladeavam: meu amigo David José Devidé, o sempre simpático e atuante fotógrafo do jornal “botucudo”, ACONTECE BOTUCATU, que também nos deixou no último final de semana, para ir morar no céu.
Querido irmão, infelizmente, mais uma vez falhei e não tive como levar o meu último abraço a um ser humano especial, diferenciado, que me premiava, já há alguns anos, com uma amizade leal, fraterna e indispensável. Lamentavelmente estava fora de Botucatu naquele sábado catastrófico para todos os botucatuenses. Descanse em paz, querido amigo.
Rubens de Almeida – Alemão
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