Boeing e Embraer correm para entregar proposta final de negócio ao governo

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Boeing e Embraer correm para entregar proposta final de negócio ao governo 09 julho 2018

Após o anúncio do memorando de entendimento entre Boing e Embraer para a criação de um joint venture (nova empresa), as duas companhias devem correr para apresentar, ainda neste ano, a proposta final de acordo ao governo brasileiro – detentor da golden share (ação de classe especial), que dá poder de veto ao negócio. Segundo especialistas, as empresas devem querer avançar essa etapa antes da eleição para evitar entraves políticos.

O aval final para o negócio depende também da aprovação de órgãos internacionais e autoridades reguladoras do mercado. De acordo com o CEO da Embraer, Paulo César de Souza e Silva, a expectativa é que toda a a transação seja fechada até o final de 2019, o que deve levar entre 12 e 18 meses.

A primeira ação das fabricantes após assinarem esse acordo de intenção é a entrega ao governo brasileiro do detalhamento da proposta. Essa etapa deve ocorrer já até o fim deste ano. No documento, que vai subsidiar a decisão do presidente Michel Temer, deve constar de maneira oficial o formato final do acordo. A viabilidade também deve ser analisada pelo BNDES, segundo o Ministério da Defesa.

Segundo análise de especialista consultado pelo G1, as empresas não querem depender da incerteza do cenário político nacional após a eleição. A intenção é resolver o assunto ainda nesta administração federal.

“O cenário político do Brasil apresenta muita instabilidade e isso interfere nas negociações de companhias, ainda mais deste porte. Então há um interesse em acelerar esse processo para evitar esse cenário de incerteza. A posição deste governo já é conhecida”, disse o assessor financeiro Rodrigo Fernandes Garcia, da Manhattan Investimentos.

Valorização

Foto Defesanet

Apesar da queda das ações da Embraer na bolsa no dia do anúncio, Garcia acredita que a tendência a médio e longo prazo é de valorização.

“O mercado reagiu com queda nas ações mais por instabilidade política, que por incerteza econômica desse negócio. Eu acredito que a Embraer vá mudar mundialmente de patamar e que esse entendimento vá trazer bons frutos à companhia brasileira”, avaliou o assessor.

Se o Brasil não vetar o negócio, cujo prazo para uso da golden share é de 30 dias após entrega da proposta, a etapa seguinte será submeter a joint venture às autoridades internacionais.

MPT

A negociação vem sendo acompanhada, desde que as companhias confirmaram que negociavam em dezembro do ano passado, pelo Ministério Público do Trabalho. A procuradoria cobra salvaguardas trabalhistas na criação de uma nova empresa e manutenção das fábricas no Brasil. Os procuradores do trabalho acionaram a Embraer, a Boeing e o governo cobrando respostas sobre a negociação.

No último dia 29, o major Brigadeiro do Ar Heraldo Luiz Rodrigues, representando o Ministério da Defesa e o Comando da Aeronáutica, disse que o assunto não faz parte do âmbito do grupo de trabalho criado para discutir o assunto. O sindicato teme que o acordo entre as empresas gere demissões.

No mesmo documento, o governo avalia que a Boeing não deve ter interesse em encerrar as atividades no Brasil porque a companhia desenvolveu no país um ‘modo de funcionar bastante eficiente e econômico’.

O Brigadeiro também disse não saber se a manutenção do setor de defesa, separado do civil terá condições econômico financeiras de sobreviver sozinho. “Só quando os detalhes do negócio forem apresentados, será pelo governo federal realizada análise de tal viabilidade”, disse.

O acordo de intenções anunciado na última quinta contempla apenas a área comercial da Embraer, sendo que Boeing vai ter 80% de participação de nova empresa e a Embraer 20%. A área de defesa foi excluída do negócio para preservação dos interesses nacionais de de soberania.

Fonte: Portal G1

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