Se depender dos criadores preservacionistas autorizados pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Produtos Renováveis – Ibama, muitas espécies de aves estão preservadas por muitas décadas. Isto porque os pássaros, quando criados em cativeiro, respeitando todas as condições de bem-estar vivem, pelo menos, três vezes mais do que os que estão na natureza. Nas florestas e matas, devido aos predadores naturais e à crescente degradação ambiental, com desmatamentos e queimadas, eles só conseguem sobreviver por 5 a 8 anos.
O presidente da Associação Ornitológica de Botucatu (AOB), Dijon Henrique Salomé de Campos, salientou que Botucatu continua sendo um celeiro de criadores de pássaros como os da espécie conhecida como curió e muitas matrizes estão espalhadas por diferentes regiões brasileiras. Diz que, além de proteger as espécies, o principal motivo que mobiliza os criadores é também preservar a beleza do canto dessas aves. Por isso muitos campeonatos são realizados no País.
“Os eventos são autorizados pelo Ibama e cada pássaro possui anilha (anel) própria no pé com informações sobre ano de nascimento, número de identificação junto ao Ibama e Estado de origem. Nossa Associação segue rigorosamente as determinações do Ibama para a atividade preservacionista que exige uma combinação de cuidados com boa alimentação (sementes, rações e frutas), local adequado, higienização, vermifugação e administração de vitaminas e suplementos alimentares”, elenca Dijon.
Segundo o presidente criar aves para serem cantoras em torneios é uma arte que exige amor e dedicação, pois assim como os cantores humanos, os pássaros têm voz e estilo próprios de interpretação. Para isto, eles são "ensinados" a entoar a melodia de forma cada vez mais harmoniosa.
"O ensinamento busca cada vez mais aperfeiçoar a qualidade do canto", explica Dijon. “A dedicação dos criadores revela-se no processo de ensinamento, que pode acontecer de duas formas: por meio de instrutores, quando a ave ainda filhote ouve pássaros adultos que já cantam com perfeição; ou por meio de CDs, com cantos encartados de instrutores”, completa.
Dijon destaca que, além do curió, outras aves são bastante procuradas por criadores conservacionistas, como: bicudo, sabiá, galo de campina, cardeal, trinca-ferro, azulão, coleirinha, canário da terra, entre muitas outras. “Porém, é preciso alertar que para manter uma ave da fauna brasileira em cativeiro é necessário a autorização do Ibama e ter a anilha que é colocada no pássaro em seus primeiros dias de vida. Sem essa autorização a pessoa que mantiver aves em cativeiro pode responder por crime ambiental”, alerta o presidente da AOB.
Para encerrar Dijon realça que os pássaros reproduzidos em cativeiro também já têm o ambiente humano como o natural. Se forem soltos na natureza não conseguem sobreviver. “Também é crime tirar uma espécie do seu habitat natural e muitas aves só estão preservadas devido a reprodução em cativeiro”.
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