O biólogo e professor Felipe Amorim pode ter chegado na descoberta ao estudar mariposas
O pesquisador Felipe Amorim, biólogo e professor de ecologia no Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu pode ter descoberto uma nova forma de mimetismo ao estudar mariposas. Mimetismo é uma artimanha dos animais para evitar predadores e existem dois tipos mais conhecidos.
O primeiro é o Batesiano, observado nas cobras-corais falsas, por exemplo, que imitam a coloração das corais verdadeiras, cuja peçonha é altamente letal, o que leva os predadores a evitá-la devido ao grande risco de predar um animal de grande periculosidade.
O segundo tipo é chamado de Mülleriano, observado em algumas espécies de borboleta, que são tóxicas ou possuem sabor desagradável ao paladar dos predadores, e ao imitarem umas as outras reforçam o sinal de advertência. Isso ocorre nas borboletas vice-rei (Limenitisarchippus), por exemplo, que ao imitarem as borboletas-monarca (Danausplexippus), que têm sabor desagradável, acabam afastando os predadores. Resumindo: esse tipo de mimetismo acontece quando duas ou mais espécies distintas de animais imitam a cor, comportamento, formato ou outras características uns dos outros, que são indesejáveis a seus predadores.
Porém, o estudo do pesquisador Felipe Amorim sugere que exista um tipo de mimetismo ainda não classificado, cujo mímico (animal imitador) não gera uma reação negativa ou de advertência aos predadores, mas, ao contrário, gera a sua completa indiferença.
Amorim estuda esfingídeos, uma família de mariposas polinizadoras que pertencem à família Sphingidae. Embora a maioria dos esfingídeos sejam noturnos, existem algumas espécies diurnas. No Brasil, elas são representadas principalmente pelas espécies do gênero Aellopos, que lembram muito um beija-flor. Observando essas mariposas, ele percebeu que, apesar de não gerar nenhuma reação de advertência ao predador, como nos dois tipos de mimetismo mais conhecidos, por parecer-se com um beija-flor, os predadores, que são animais insetívoros (que comem insetos), simplesmente não consideram comê-las.
O trabalho foi publicado recentemente na revista Ecology e, segundo Amorim, abre uma excelente oportunidade para que seja testada uma nova hipótese científica, que caso seja confirmada, possibilitará a descrição de um novo tipo de mimetismo na natureza. Portanto, o próximo passo do estudo será a realização de alguns experimentos para testar a hipótese proposta. Serão realizados, por exemplo, experimentos de predação em condições controladas, que consistirão em colocar a mariposa junto com os predadores em potencial (normalmente aves, como bem-te-vis e sabiás), para observar a sua resposta em relação à mariposa beija-flor. Dessa forma, o pesquisador saberá se a hipótese no novo tipo de mimetismo poderá ser aceita ou não.
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