Garantir a preservação da qualidade da água às gerações futuras e a saúde da população que mora na zona rural por meio de um saneamento mais adequado. Isso começa a ganhar contornos de realidade com a instalação de fossas sépticas biodigestoras em propriedades localizadas nas microbacias hidrográficas do Rio Pardo, Madalena, Córrego da Água Clara, Panfilio Dantas e Rio Pardinho, que envolve os limites de Botucatu e Pardinho.
Trata-se de mais uma etapa dentro do programa Nascentes, uma iniciativa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado, através da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), em parceria com a Prefeitura. Em Botucatu a primeira propriedade a receber o novo equipamento foi o Clube Kaikan (Colônia Santa Marina).
Está prevista a instalação de 60 fossas sépticas biodigestoras em Botucatu e outras 60 na cidade de Pardinho, que ao lado de Holambra, são os únicos municípios do Estado a fazerem parte desta iniciativa inédita. Cada fossa tem capacidade para armazenar 1.300 litros de esgoto, podendo atender em média até dez pessoas moradoras de uma única residência.
“Ela na verdade é uma miniestação de tratamento de esgoto. Tem uma eficiência de 95%. É um produto que no mercado custa em torno de R$ 2 mil e vamos distribuir uma para cada propriedade. Mas a intenção nossa é, no futuro, tratar 100% da água da Bacia do Rio Pardo, algo em torno de 350 propriedades entre Botucatu e Pardinho”, diz Ricardo Chiarelli, engenheiro agrônomo da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati).
Fabricada em polietileno de alta densidade, 100% impermeável, este tipo de produto possui um exclusivo sistema de extração do lodo, dispensando gastos com a contratação de serviços dos tradicionais caminhões “limpa fossa”. Além da economia e baixa manutenção, ele trata o esgoto e descarta o efluente sem impactar no meio ambiente.
“Ele tem um sistema diferenciado. Seu fluxo é ascendente, fazendo uma camada de lodo ativo onde é feita a degradação da matéria orgânica, que seria um primeiro tratamento. Depois ele passa por um filtro de sólidos, que também atua como suporte para fixação de bactérias. E o fundo cônico garante a circulação da matéria. O lodo fica armazenado dentro de uma caixa de secagem que precisa ser limpa de ano em ano e depois o lodo pode ser utilizado como adubo orgânico”, esclarece Daniel Kuchida, engenheiro da Acqualimp, empresa vencedora do processo licitatório de fornecimento das fossas biodigestoras.
Legado às próximas gerações
O programa Nascestes teve início em setembro deste ano com os serviços de terraceamento (curvas de nível) em propriedades rurais localizadas às margens do Rio Pardo, principal fonte de abastecimento de água de Botucatu e Pardinho. Nestes dois municípios, o programa prevê a conservação total de 245 hectares.
Além disso, o programa prevê serviços de conservação de 80,32km de estradas rurais e acesso às propriedades, instalação de 104km de cercas de isolamento e distribuição de mudas nativas para recomposição de Áreas de Preservação Permanente (APPs). O investimento total do programa é superior a R$ 5 milhões, recursos da Agência Nacional de Águas (ANA). Tudo deverá ser concluído até dezembro de 2017.
“O legado que isso vai deixar é junto aos produtores e ao meio ambiente de toda cidade. A gente precisa conscientizar a população urbana que existe meio rural e a importância dele para a área urbana. Uma ação como esta pode ser considerada pequena para alguns, mas é algo gigantesco para as futuras gerações. Porque quem vai ser beneficiado não é só a zona rural, mas principalmente a zona urbana”, afirma Luís Gustavo de Souza Ferreira, engenheiro agrônomo da assessoria técnica da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado.
Esta ação inovadora acontece justamente em um ano que Botucatu se credencia mais uma vez, dentro do Estado de São Paulo, como uma das cidades mais eficientes na execução de políticas públicas voltadas ao Meio Ambiente. Campeã em 2012 e 2014, Botucatu foi premiada em 2015 e 2016 com a segunda colocação dentro do ranking do programa Município Verde-Azul, além de ganhar o prêmio Franco Montoro como município melhor ranqueado na Bacia Hidrográfica do Sorocaba e Médio Tietê.
“Somos um município privilegiado, principalmente pelas colocações nos últimos cinco anos dentro do programa Município Verde-Azul. Por isso fomos agraciados por este programa que hoje é piloto e surgiu por conta da crise hídrica em 2014. O governo estadual percebeu que precisava fazer uma ação efetiva na produção e na qualidade da água usada para abastecimento”, argumenta Perseu Mariani, secretário municipal de Meio Ambiente.
Como participar?
Para receber a fossa biodigestora, a pessoa que tem propriedade rural, dentro das bacias hidrográficas que fazem parte do programa Nascentes, deve entrar em contato com o Escritório de Desenvolvimento Rural da Cati [Casa da Agricultura] – regional Botucatu e manifestar interesse.
Assim que recebida a fossa, o proprietário assinará um termo de compromisso e providenciar a instalação da mesma no prazo de 60 dias. Máquinas da Secretaria Municipal de Obras poderão ser solicitadas para a escavação das valas onde o sistema deverá ser instalado.
Mais informações
EDR – regional Botucatu [Casa da Agricultura]
Rua Dr. Ranimiro Lotufo, 202 – Vila Sônia
Tel.: (14) 3882-4422
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