O ADEUS AO GRANDE AMIGO DOUTOR NELSON DIB SAAD

Rubens Almeida
O ADEUS AO GRANDE AMIGO DOUTOR NELSON DIB SAAD 28 agosto 2015

Mais uma vez essa nossa vidinha passageira nos prega uma surpresa amarga e desagradável; a nossa querida “CIDADE DOS BONS ARES E DAS BOAS ESCOLAS” está entristecida com a perda de um dos seus filhos mais ilustres; infelizmente, não há o que fazer senão rendermo-nos às vontades DELE, o nosso Protetor que resolveu levar para o seu aconchego um dos ferroviários mais antigos e queridos da extinta e saudosa Estrada de Ferro Sorocabana. Lamentavelmente faleceu na última segunda-feira, o carismático, sempre paciente e de bem com a vida, Doutor Nelson Dib Saad.

Que pena! Durante o velório e, principalmente no momento do seu sepultamento, muita tristeza tomou conta de uma legião enorme de pessoas que faziam parte da imensa galeria de amigos deste senhor sereno, alegre, brincalhão, “amigo” dos amigos e, acima de tudo um “paizão” de muita gente, não somente dos seus filhos. Foi muito difícil “segurar a barra”, mesmo ciente de que o querido Doutor Nelson (assíduo leitor das minhas narrativas semanais), enquanto esteve entre nós, fez toda a diferença e foi um homem distinto e realizador.

Como amigo e grande admirador desta figura encantadora, desde os tempos em que ainda menino, carregava uma caixa de engraxar sapatos nas costas e tinha no rol dos meus mais seletos clientes, este famoso engenheiro, bastante reconhecido na nossa região à época, devo confessar que também estou com o coração partido. Há muitos anos, quase semanalmente me encontrava com ele em um ou outro lugar do Campus da UNESP, em Rubião Junior e, aquele carinhoso e tradicional abraço do Doutor Nelson, era uma realidade mais que certeira. Aliás, na última “reunião festiva” ocorrida no salão de festas do FUSS – Fundo Social dos Servidores da FM, HC e FAMESP, na sexta-feira que passou senti a sua falta, até porque ele era “figurinha carimbada” nos eventos realizados pela turma dos “Fora de Forma” do HC; entretanto, não obtive informação sobre a sua ausência.

Costumo sempre dizer que este nosso viver por este mundo incerto – afinal, hoje estamos aqui, amanhã ali e depois de amanhã, só Deus sabe – é algo inexplicável. Nosso destino é duvidoso e “pra” lá de misterioso; ninguém (ninguém mesmo!) consegue entender o porquê dessa “mágica” que não poupa nenhum de nós. Nesta vida, a única certeza que temos é que um dia também partiremos.

Prezado leitor, sempre que presto minha derradeira homenagem a um amigo que nos deixa para ir morar no céu, costumo utilizar o trecho de uma “baita” música da dupla sertaneja Zezé Di Camargo & Luciano (Chuva cai lá fora): “… como a água vai procurando o mar; sem dizer adeus foi pra não voltar…”, até porque, a vida é mesmo desse jeito; no entanto, desta vez, vou mudar o meu comportamento. Rendo minha homenagem ao já saudoso Doutor Nelson Dib Saad e, ao mesmo tempo “matarei” saudades de outro amigo que também mora no céu (o fantástico e inesquecível Zé Rico, um dos maiores cantores que o Brasil já teve) relatando aos meus leitores uma bonita história de vida, ocorrida entre um jovem senhor de 32 anos e um garoto ainda em formação.

Vamos lá.

Ainda menino, com meus doze anos de idade, já frequentava a casa da família Saad, a mesma onde hoje funciona a sede da Guarda Municipal, ali no “badalado” Bairro da Estação, hoje, Vila dos Lavradores. Semanalmente tinha o compromisso de “deixar em ordem” todos os pares de sapatos (não eram poucos) do chefe Nelson Saad que, por sinal, gostava muito do capricho. Tinham de ficar impecáveis. Sempre chegava pertinho da hora do almoço e ficava lá até o entardecer; claro que ele e a Dona Janete Cury Saad (filha do senhor João Cury), sabiam o porquê da minha chegada naquele horário. Parecia até carta marcada, antes mesmo de começar minhas atividades eu apreciava um delicioso almoço. Era uma maravilha! Sempre fui tratado como se fosse um filho e nunca como um engraxate qualquer, aliás, não via hora de chegar as sextas-feiras, pois além do belo prato de comida (coisa rara em minha vida naqueles tempos) ainda ganhava uns trocados significativos. Isso ocorreu por mais de dois anos.

Pois bem, Milionário & Zé Rico, os “Gargantasde Ouro” do Brasil, sempre que se apresentavam na região faziam questão de cantar, quase no final dos seus shows, uma música (Vou Levando a Vida) e oferecê-la pra mim. Esta preciosidade de canção que afirma com todas as letras: FELIZ É AQUELE QUE TEM HISTÓRIA PRA CONTAR, tem muito a ver com o Doutor Nelson e com a bonita história de vida que construí com ele, lá atrás, nos anos 60. Duvido que alguém, aqui na terrinha, tivesse mais história pra contar que o Doutor Nelson! Daí, a minha mudança de postura nesta singela homenagem.

Não tenho dúvida nenhuma de que o querido amigo Nelson Dib Saad, por onde esteja passando, vai gostar de saber que, passados mais de cinquenta anos, me atrevi “voltar ao tempo” e contar cenas de uma história que marcou positivamente o coração de um garoto, “herdeiro” de um berço muito pobre – dividido com outros onze irmãos – que sempre tirou proveito dos ensinamentos e bons exemplos que recebeu ao longo do seu caminho.

Caro Doutor Nelson, como disse no início desta homenagem, estou com o coração em pedaços pela sua partida, porém, realizado por poder dizer, especialmente aos meus leitores, o quanto o senhor foi importante na minha infância e na minha formação como homem. Realmente o meu “compadre” Zé Rico tinha razão quando compôs a referida música. De fato, FELIZ É AQUELE QUE TEM HISTÓRIA PRA CONTAR! Apesar de toda a tristeza que machucou o meu coração, estou muito feliz em contar este “causo” que marcou muito a minha vida.

Descanse em paz querido amigo. Que Deus lhe proporcione a oportunidade de fazer por aí, tudo aquilo que fez, com muita maestria, por aqui. Até qualquer dia, Doutor Nelson Dib Saad.

Que ELE também dê toda proteção necessária para que a sua outra metade, a querida Dona Janete, os seus filhos (Jorge Antonio, José Roberto, Marta Cristina e os meus amigos aqui da UNESP, Professor João Carlos Saad e Luiz Henrique “Kiki” Saad) e todos os seus familiares e amigos superem a triste dor da sua partida.

Meu carinhoso abraço desta semana é endereçado a duas figuras especiais aqui da terrinha que, para minha satisfação, são leitoras assíduas dos meus “causos” aqui contados: o senhor Benedito Heliodoro, pai do meu particular amigo Antonio de Pádua “Tuco” Heliodoro e o meu professor dos tempos da Escola Industrial, Waldemar Sartori. Que orgulho saber que o meu mestre, lá de trás, também é admirador dos meus contos semanais. Obrigado Professor. Quanta honra!

Amanhã tem Mc DIA FELIZ. Vamos abraçar essa brilhante iniciativa do Instituto Ronald McDonald. Faça a sua parte adquirindo um Tiket de um lanche Big Mec (R$ 13,50). Toda arrecadação será destinada ao setor de Oncologia Pediátrica do HC da UNESP.

 

Rubens de Almeida – Alemão

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