Ponte é inaugurada na estrada do Piapara

Cidade
Ponte é inaugurada na estrada do Piapara 31 dezembro 2016

 

Acabou o drama. Após anos de espera, a comunidade da região do Piapara, zona rural de Botucatu, pode enfim passar sobre o Rio Bocaina com mais segurança, sem a incerteza de ficar ilhada em dias de chuvas. A Ponte do Piapara – “Antonio Leonel (Tó)”, localizada na Estrada Elias Alves (BTC 020), aos pés do Morro do Peru, foi entregue na manhã desta sexta-feira (30).

Tratou-se da última inauguração do prefeito de Botucatu, João Cury Neto, após oito anos à frente da Administração Municipal. O evento contou com a presença do deputado estadual, Fernando Cury; secretários municipais e moradores do Piapara, em especial, familiares do homenageado.

Os serviços da ponte, iniciados em julho deste ano, incluíram a construção de muro em gabião, instalação da estrutura metálica e tabuleiro em concreto por onde circularão os veículos. O custo total da obra, executada pela empresa Masquetto & Masquetto, incluindo preparação do terreno, base, aterro e a construção da ponte, está estimado em cerca de R$ 500 mil.

José Maria Leonel (71), radialista e filho de Antonio Leonel, relembrou de maneira bastante emocionada a história de sacrifícios do pai e a mobilização popular para que a ponte fosse construída, uma vez que ela foi uma das principais demandas do Orçamento Participativo (OP) Rural, realizado em 2014.

“Aqui sempre foi delicado. Se tivesse uma criança doente ou alguém fosse picado por cobra, não passava por aqui pra ser levado até um hospital na cidade. Muitas vezes a gente ficava esperando o rio baixar pra gente poder passar. Até fusca o rio já levou. Mas graças a Deus a gente nunca perdeu a fé e o [prefeito] João Cury pode honrar mais este compromisso”, destaca.

A professora aposentada Luiza Alves de Lima Domingues (67) hoje mora em Boa Vista (RR), mas teve a oportunidade de viver por 15 anos no Piapara. De férias em Botucatu para rever parentes, ficou surpresa com a inauguração da tão sonhada ponte e por isso fez questão de prestigiar a entrega da obra.

“Quando eu fiquei sabendo da construção da ponte, meu coração chorou. Porque eu lembro que quando esse rio enchia, ou você ficava do lado de cá ou de lá. Qualquer chuvinha a gente ficava com medo porque sabia que quando a água descia a serra ela não mandava esperar”, conta.

Além da ponte, a Prefeitura de Botucatu aproveitou a ocasião para anunciar o início do serviço de internet em quatro regiões da zona rural onde foram instaladas torres de transmissão: Páteo Oito,  Estrada do Leite, Sítio da Moçada e no Chaparral. O atual secretário municipal de Obras, André Peres, ainda confirmou que para o próximo ano já estão reservados recursos para que seja providenciada a pavimentação da estrada do Piapara, da cabeceira da ponte até o trecho já asfaltado que dá acesso à Cidade.

Vez e voz à zona rural

O prefeito João Cury garante que a construção da ponte, disponibilização de internet, conservação permanente das estradas rurais, entre outros serviços, são gestos concretos para que a população que mora no campo possa ter qualidade de vida. E isso, segundo ele, só começou a se tornar realidade quando o Poder Público passou a ouvir esta população.

“Alguns seguimentos da sociedade não tinham vez e voz. Era o caso da zona rural. Por isso as coisas não aconteciam aqui. Porque as prioridades ficavam no centro urbano da Cidade e nos bairros. Assim, coisas transformadoras deixavam de acontecer. Só quem conhece e vive no campo sabe”, diz.

“Se tivesse chovendo, o povo se perguntava: será que vai dar pra passar pelo rio? Será que vai chegar o transporte escolar para buscar as crianças? Será que a ambulância desce se alguma emergência acontecer? Será que a polícia chega para investigar algum roubo? Será? Essa era a incerteza que atingia a população do Piapara”, completou.

Ele ainda lembrou sobre a decisão de executar a construção da ponte do Piapara com recursos próprios da Prefeitura utilizando parte do dinheiro que, originalmente, estava reservado para as comemorações do aniversário da Cidade. O mesmo ocorreu para obras de combate a enchentes na Rua Duque de Caixas, em Vitoriana, e na Rua Antonio Américo Coutinho, às margens do Ribeirão Lavapés, na região central.

“Quando estivemos em Vitoriana no início do ano e presenciamos famílias perdendo tudo por causa da chuva, tivemos que tomar esta decisão. Reduzimos os dias de festa, raspamos o ‘tacho’, e realizamos as obras que tinham que ser feitas há muito tempo. E tenho certeza que a população de Botucatu compreendeu na época esta escolha, porque ela sabia que tratavam-se de obras emergenciais que poderiam garantir a vida de muita gente”, complementa.

Ao final da solenidade, o padre Orestes, da Igreja Nossa Senhora Menina, ao lado do pastor Guerra, da Igreja Assembleia de Deus, realizaram uma benção sobre a ponte e a todos os presentes.

Histórico

A Estrada Municipal Elias Alves (BTC-020), com cerca de 18 km de extensão, é muito utilizada para escoamento da produção agrícola. Trata-se de uma via importante para o transporte de leite, gado e hortifrutigranjeiros, além de cana de açúcar, pinos e eucaliptos, fontes de renda para inúmeros produtores da região.

A atual gestão municipal pavimentou um trecho de 1,5 km da via, contemplando os pontos mais críticos, com subidas e descidas mais íngremes, que exigiam demais dos veículos e geravam bastante insegurança em dias de chuva. Esse investimento é considerado de grande valia para o desenvolvimento do turismo, já que a região é rica pela sua beleza natural e qualidade das águas dos rios, sem poluição, contando também com uma fonte de água sulfurosa no bairro de Piapara.

Periodicamente, a Prefeitura desloca seus maquinários para fazer o trabalho de conservação, em razão do grande fluxo de veículos que trafegam pelo local todos os dias. Em 2010, a pavimentação da estrada chegou a ser incluída no Programa de Recuperação de Vicinais, com investimento estimado em quase R$ 12 milhões. Mas em razão de contingenciamentos de natureza orçamentária, o investimento acabou adiado.

Sobre o homenageado
Antônio Leonel, conhecido como “Tó”, nasceu em 23 de setembro de 1917, no bairro Piapara, zona rural de Botucatu. Filho de Francisco Leonel e Maria Benedita Soares, frequentou a escola primária de Piapara (antiga Alambari) por apenas dois anos, deixando os estudos ainda criança para trabalhar na roça.

Casou-se com Aparecida de Almeida, em Vitoriana, no dia 23 de dezembro de 1939, e conviveu com ele por 62 anos. Dessa união nasceram os filhos Maria José, José Maria, Zoraide (in memória) e Cleide Conceição.

Ele e a esposa mudaram para a zona urbana da cidade com propósito de oferecer melhores oportunidades de estudos aos filhos. Com muita luta, trabalhava em pequenas lavouras e negócios com gado. Todas as segundas-feiras se deslocava ao bairro do Piapara e voltava aos sábados, pela estrada da Bocaina. Fosse a cavalo ou qualquer tipo de veículo. Faleceu em 10 de janeiro de 2001.

Assessoria de imprensa da Prefeitura

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