Distrito de Vitoriana – na raiz da serra (por JC Net)

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Distrito de Vitoriana – na raiz da serra (por JC Net) 20 janeiro 2019
Foto: Reginaldo da Fonseca

No papel, o distrito de Vitoriana no município de Botucatu é de 1928. Localizado na raiz da serra com  altitude de 525 metros acima do nível do mar, a povoação é muito antiga e foi importante ligação da Estrada de Ferro Sorocabana ao Porto Martins, em São Manuel. A estação ferroviária foi inaugurada em 1888, como ponta de linha com o nome de Victoria, informa o site Estações Ferroviárias Brasileiras. Em 1945, mudou o nome para Vitoriana. A localidade tem boa infraestrutura e se assemelha às localidades tranquilas dos demais distritos da região.

Também os acessos são as preocupações dos moradores. Uma das vias é a rodovia Geraldo de Barros (SP-191) com o asfalto em péssima conservação. Já a vicinal Alcides Soares é mais conservada, sem acostamento, mas chama atenção que é toda arborizada nas margens. O prolongamento dela do distrito até Botucatu é de cerca de 12 quilômetros com muitas curvas.

A prefeitura anunciou nesta semana que o Estado vai investir R$ 3,2 milhões na recuperação da via. A contrapartida do município é de R$ 700 mil. Estão previstos os 12 km entre Botucatu e o distrito e mais o trecho até o Rio Bonito.

A localidade viveu o apogeu com a chegada da ferrovia. A partir de 1 de junho de 1893, a estação passou a ser também ponto de saída para o ramal de Porto Martins, com a ligação da linha-tronco com o então novo ramal de São Manuel, construído pela Ituana e incorporado mais tarde pela Estrada Sorocabana. Essa importante ligação não existe mais.

O que sobrou do prédio da estação foi conservado e atualmente é uma escola. Vitoriana foi acampamento em 1924 dos revoltosos, registra o site Estações Ferroviárias. Com a construção de uma nova variante entre Juquiratiba-Botucatu, todo o trecho antigo que ligava a Vitoriana foi suprimido. A desativação da navegação fluvial da Sorocabana nos rios Tietê e Piracicaba, ocorreu em 1954.

O JC conversou com Ronaldo Aparecido Roberto e Maria Aparecida Leite que estavam sentandos em um banco na praça na manhã de quarta-feira. Ronaldo está há 9 anos na localidade e veio de Mairinque. A tranquilidade do lugar é o que leva a escolher o distrito, mas o desafio é o deslocamento ao município sede. Também já se cogitou buscar a emancipação. “A gente tem que organizar quando precisa ir a Botucatu”, conta. Há uma linha de ônibus com 12 horários, mas há diminuição de opções nos finais de semana e feriados.

Conforme Ronaldo e Maria Aparecida, a infraestrutura da localidade é boa. Há unidade da saúde da família construída em um prédio enorme. Ao lado tem uma quadra sem balizas.

Uma reclamação é a demora na recuperação do asfalto da rodovia Geraldo de Barros, a ligação para São Manuel e Santa Maria da Serra até Piracicaba. A outra alternativa é o caminho que liga a Botucatu. Na localidade não tem agência bancária.

Dona Ivone Pinheiro Roberto, 70 anos, mora há 40 anos em Vitoriana. Ela veio de uma colonia da Usina São Manoel. “Aqui falta mais polícia para pôr ordem. Só vem aqui quando alguém mata um. Precisa de vir para a gente dormir sossegada”, comenta.

Ela cita que nesta semana foi furtado um caminhão, tipo de ocorrência não muito comum na localidade. Um morador procurou a Polícia Civil de Botucatu para comunicar às autoridades o furto do seu caminhão na madrugada da terça-feira (15).

O distrito é a principal rota de acesso do município com Piracicaba entre outras cidades menores. O caso será investigado pela Delegacia de Investigações Gerais para apuração dos fatos.

O caminhão estacionado e carregado com areia, em uma das vias do Distrito na noite de segunda-feira (14), sumiu na madrugada de terça. Era assunto mais comentado porque índice de violência na localidade é baixo.

Dona Ivone admite que a localidade é realmente tranquila, mas reclama de barulho de som nos finais de semana. De acordo Ronaldo, falta diversão no local e o som alto acaba sendo um motivo de importunação aos moradores.

O posto de saúde tem médicos, mas a falta de alguns medicamentos como insulina e teste de glicose é citado por Dona Ivone.

Morador pede mais horários de ônibus no final de semana

Uma característica de distrito é sua localização longe da zona urbana. A grande dificuldade é a locomoção. Muitos moradores não têm condução própria e sempre ficam na dependência do transporte público.

Na Vitoriana, durante a semana há vários horários, quase que de hora em hora, mas há diminuição de coletivos no sábado, domingo e feriados, quando cai o fluxo.

O pedreiro José Luiz Pereira, 51 anos, que reside na frente da escola onde foi a antiga estação ferroviária da localidade, admite que também nos finais de semana deveria ter coletivo de hora em hora. “Se você for ver, Vitoriana é mais antiga do que Botucatu. Ela só não cresceu, acredito que aqui tem cerca de 6 mil habitantes. São poucos horários nos finais de semana de ônibus para Botucatu. Já reivindicamos isso, mas não atende. Em bairros de Botucatu é de hora em hora e no distrito deveria ser a mesma coisa”, declara.

Sentando em uma cadeira embaixo da sombra de uma árvore, José Pereira recorda que houve articulações para a emancipação do distrito, no entanto, não se concretizou. “Eu acho que seria melhor para ter mais atenção. O que mais a gente precisa aqui é uma indústria para gerar emprego. Já teve empresa de acabamento de peça para Brashidro, mas fechou”, relata Pereira.

Outra reclamação do morador é a dificuldade de conseguir emprego em Botucatu. De acordo com ele, o fato de citar que reside na Vitoriana atrapalha nas entrevistas e nas contratações. “Não sei o motivo, somos discriminados. Está tudo certo quando a gente faz a entrevista, mas é dar endereço que é da Vitoriana vem a dificuldade. Não sei o motivo”, relata.

Pereira faz ressalva à Indústria Caio, que contrata e oferece transporte para buscar os trabalhadores. Outras fontes de emprego são a Duratex e Eucatex. Sobre a melhoria das estradas, Pereira cita que houve liberação de verba para recapeamento. “Estamos aguardando. Em outra ocasião, também anunciou a destinação de recursos e a obra não saiu”, finalizou.

Fonte: JC Net

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