Lançado plano de enfrentamento da dengue em Botucatu

Saúde
Lançado plano de enfrentamento da dengue em Botucatu 07 abril 2011

Discussão para evitar uma epidemia de dengue em Botucatu. Foi esse o motivo da reunião realizada na tarde desta quarta-feira (6) entre especialistas na área de Saúde pública para debater e buscar alternativas e soluções para combater a dengue, que chegou a números considerados alarmantes no Município, de acordo com os últimos dados sobre a proliferação das larvas do mosquito transmissor da doença.

E o problema não se resume a Botucatu. Várias cidades do Estado estão enfrentando o mesmo problema, como Bauru que fica a menos de 100 quilômetros e recebe centenas de botucatuenses todos os dias, onde mais de 1300 casos já foram detectados e o problema é tratado como epidemia.

Estiveram nessa reunião Carlos Magno Fortaleza, médico do Departamento de Doenças Tropicais da Unesp; Paulo Ríbola, médico do Instituto de Biociências (IB) de Parasitologia da Unesp; Maira Rodrigues Baldin Dal Pogeto, da Vigilância Epidemiológica do Município; Gabriela Gonzalez, da Vigilância Ambiental em Saúde (VAS); Maria Salete Carli, do Grupo de Vigilância Regional Epidemiológica de uma área que agrega 30 municípios entre Botucatu e Avaré e o secretário de Saúde, Antônio Luiz Caldas Júnior.

Nesse debate cada profissional pode expor seu ponto de vista sobre a proliferação da doença e todos concordaram, sem exceção, que o remédio mais eficaz para combater o mosquito ainda é prevenção e a maioria dos focos de procriação foi detectada em vasos e recipientes que acumulam água.

“O mosquito é “importado” da África, se ambientou no Brasil, atingiu vários Estados brasileiros e passou a viver no mesmo ambiente que o homem em áreas urbanas. Ele não vive, por exemplo, em áreas ribeirinhas como os pernilongos. Então o mosquito está proliferando nos quintais de nossas casas e colocam seus ovos em qualquer recipiente que acumule água. Por isso a situação é grave e é necessário o engajamento de todos”, adianta o secretário de Saúde, Luiz Caldas.

A diretora da VAS, Gabriela Gonzalez, adianta que os agentes de saúde pública têm realizado ações de redução de criadouros e busca ativa de novos casos suspeitos nestas regiões, mas esclarece também que critérios estão sendo estabelecidos antes de executar qualquer atividade de nebulização, uma vez que seu uso indiscriminado faz com que os mosquitos criem resistência ao inseticida.

“Temos encontrado, em visitas, muitos recipientes com água parada e larvas do mosquito transmissor. No último levantamento feito em fevereiro pela VAS, em parceria com o Departamento de Parasitologia do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, foi registrado que das 185 ovitrampas (armadilhas artificiais adaptadas em vasos pretos de plantas com uma palheta de madeira imersa em água) 64% delas continham ovos do inseto transmissor”, enumera.

Adianta que na Avaliação de Densidade Larvária (Índice de Breteau), detectou-se que para cada cem imóveis visitados pelos agentes de saúde, em 2,7 imóveis encontravam-se larvas do mosquito. O resultado preconizado como satisfatório pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é inferior a 1.0.

“Isso coloca Botucatu em situação de alerta, principalmente em determinadas regiões da Cidade que apresentaram, na oportunidade, índices ainda mais altos de infestação do inseto. Foi o caso do setor Leste que registrou índice de 4,7 e do setor Central/Oeste, com percentual de 5,3.”, diz Gabriela.

Apresentando um gráfico sobre os estudos que estão sendo realizados ela enfoca que até o início de abril foram atendidas 71 notificações de casos suspeitos de dengue. São três casos positivos importados, cinco positivos autóctones, 45 casos descartados e outros 19 aguardam resultados laboratoriais.

{n}Remédio é a prevenção{/n}

Ao final da reunião o consenso geral foi buscar passar informações ? população, principalmente através dos meios de comunicação da cidade, sobre os perigos da dengue e a maneira mais eficaz de controlar a proliferação do mosquito transmissor da dengue. “A recomendação é orientar os moradores que lavem os recipientes expostos ? chuva com bucha, água e sabão. É importante saber que mesmo em tempos de estiagem, os ovos do aedes aegypti podem permanecer nas bordas e laterais destes objetos até eclodirem, surgindo assim novos mosquitos potenciais transmissores da dengue”, destacou Carlos Magno Fortaleza, médico do Departamento de Doenças Tropicais da Unesp.

E Paulo Ríbola, médico do Instituto de Biociências (IB) de Parasitologia da Unesp, complementa: “As pessoas que apresentarem sintomas sugestivos de dengue como febre alta, dor de cabeça, dores nas articulações e nos músculos, vômitos e enjoos, devem procurar uma Unidade de Saúde para avaliação médica, evitando, assim, a automedicação. O teste de sorologia para o diagnóstico de dengue pode ser feito apenas a partir do sexto dia de apresentação dos sintomas”.

Por: Quico Cuter
Fotos: Macaru

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