H1N1 em Botucatu: dificuldade de diagnóstico preocupa; Acontece Botucatu traz novos números

Saúde
H1N1 em Botucatu: dificuldade de diagnóstico preocupa; Acontece Botucatu traz novos números 17 abril 2016

Imagine a seguinte situação: Uma criança de apenas 3 anos que está com sintomas de H1N1 e é diagnosticada com uma gripe comum, sendo medicada apenas para tal. A mãe, desesperada, não vê melhoras no filho e volta a procurar atendimento particular, relatando febre contínua do menino. Novamente a criança é medicada com base no diagnostico anterior e mais uma vez não melhora.

A mãe continua apavorada, pois a criança não apresenta melhoras. Insistente, ela novamente se dirige ao Pronto Atendimento (de um convênio particular), onde seu filho convulsiona na maca, uma cena desesperadora. Enfim, uma profissional médica de plantão entra, de maneira preventiva, com a medicação para H1N1, o Tamiflu.

Um exame particular é feito e após seis dias o resultado sai, atestando positivo para a gripe H1N1 de um menino de 3 anos que reside na zona leste da cidade. O caso é real e foi relatado pela própria mãe, que não quis se identificar, ao Acontece Botucatu. Para que não fique dúvidas sobre a autenticidade do caso, o laudo mostra o diagnóstico dessa indefesa criança.

“Estou inconformada e assustada. Procurei três vezes o atendimento, sendo que nas duas primeiras me mandaram de volta para casa, pois disseram que era uma gripinha normal. Eu insisti e não terceira vez meu filho teve uma convulsão no P.A. Daí entraram com a medicação tamiflu apenas por precaução. Aí eu recebo o resultado do exame e vejo que deu H1N1 positivo. Agora pergunto: Qual o motivo de não investigarem a fundo o que meu filho tinha? E se ele não tivesse tomado o Tamiflu? As pessoas estão pegando esse vírus, estão morrendo e parece que todo mundo quer esconder”, desabafou a mulher.

Acontece divulga novos números

O Acontece Botucatu teve acesso aos novos números da doença em nossa cidade. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, até a última quarta-feira,13, eram 15 notificações, sendo 5 casos positivos, 7 aguardando resultado e 3 descartados. Até aqui foram confirmadas duas mortes, conforme noticiado na última semana.

“A Secretaria tem esses números que são oficiais. Nós trabalhamos apenas com números oficiais, casos comprovados, não podemos fazer diferente”, disse o Dr. Claudio Lucas Miranda, Secretário Municipal de Saúde.

Dificuldade em conseguir a medicação

O Acontece Botucatu recebeu uma reclamação sobre a dificuldade de receber a medicação já com a receita em mãos. Segundo relatos, o caso ocorreu na última semana, quando a avó de duas crianças suspeitas do vírus, recebeu da rede particular de saúde a receita do Tamiflu. Como a medicação apenas é distribuída pelo estado se dirigiu até a Farmácia de Alto Custo da Unesp, sendo surpreendida com a respostas que recebeu.

Fotos: André Godinho

 

“Quando cheguei lá com a receita após meus netos serem atendidos no Pronto Atendimento particular, fui informada que o pedido vindo da rede particular não valia, pois, os métodos agora eram diferentes. Me informaram que apenas os pedidos via SUS poderiam retirar a medicação. Fiquei desesperada, pois um dos meus netos já estava com os sintomas há quase 48 horas. Eu consegui essa medicação por outras vias, por pessoas que me ajudaram, mas fico imaginando as mães ou avós que não conhecem ninguém e dependem de chegar com e receita e pegar a medicação. Como vão ficar? Fiquei assustada”, relatou a leitora Silviana Giandoni”,

A redação entrou em contato com a Ouvidoria e Farmácia de Alto Custo, sendo relatado que tal determinação não era válida e, que sim, receitas de rede privada de saúde eram aceitas para a retirada do Tamiflu. As crianças relatadas pela avó são dois irmãos de 1 ano e dez meses e três anos respectivamente. Elas foram diagnosticas como casos suspeitos após atendimento médico em um Pronto Atendimento particular.

Pronto Socorro sobrecarregado

Superlotação e demora no atendimento. Essas são as principais reclamações de munícipes que estão procurando os prontos-socorros da cidade. O cenário é de caos muitas vezes, pois a revolta é flagrante por parte das pessoas que esperam horas por um atendimento.

No último fim de semana houve relatos de confusão no PS Regional, quando familiares de pacientes discutiram com funcionários por conta da demora. Com a população alarmada após a confirmação das primeiras mortes no município, as pessoas estão procurando em massa os equipamentos de saúde.

“O lugar ideal para pegar H1N1 é o Pronto-Socorro. Pessoas que estão gripadas, superlotação e grande aglomeração de pessoas. O problema é que todo mundo está procurando o Pronto Socorro, mesmo aquelas que apresentam apenas os sintomas de uma gripe leve. Existe a orientação para que cidadão vá até a Unidade Básica de Saúde, pois lá o profissional fará o diagnóstico. Se tiver sintomas de H1N1 será encaminhado para urgência e se não apresentar os sintomas, será tratado ali mesmo. Mas como a quase totalidade está indo até o PS, há uma sobrecarga. Reitero a orientação de antes de tudo procurar a Unidade Básica para desafogar o PS”, disse Claudio Lucas Miranda.

A situação não é diferente no Pronto Socorro Pediátrico na Vila dos Lavradores. Os pais que estão levando seus filhos relatam longas esperas até o atendimento ser feito.

O coordenador da unidade, Rossano? César Bonatto, disse recentemente em entrevista no HCFMB que a demora existe, mas saiu em defesa dos profissionais que ali trabalham. Ninguém está lá para enrolar. A demanda é muito grande, a cada dia aumenta o número de pessoas levando seus filhos, como consequência aumenta o tempo de atendimento e o tempo de espera. Contratamos mais um profissional, pois estamos com uma média de 30 fichas por hora. Os pais que forem lá pensando que voltarão para casa em 30 minutos estão enganados. Não terá atendimento rápido, pois criança tem um tratamento diferente. Não podemos deixar escapar casos graves. Portanto, o atendimento rápido não será adequado”, disse Bonatto.

Campanha de vacinação

A Secretaria de Saúde de Botucatu informa que a campanha nacional de imunização contra Influenza, conforme calendário do Ministério da Saúde, está programada para o dia 30 de abril de 2016, e, até o momento, não há nenhuma alteração desta data por parte do referido Ministério.

Claudio Lucas Miranda aproveitou para defender o Munícipio, em especial a Secretária de Saúde, sobre alguns comentários que ele julgou como ‘maldosos’. “Ninguém aqui está enchendo bexiga para o aniversário de Botucatu. Quero que a população entenda que não é a cidade que detém essas vacinas, mas sim o Estado. Infelizmente somos dependentes da Secretaria Estadual de Saúde.? Fizemos o comunicado, então torço para que eles sejam sensíveis com este pedido. Aliás, eu mais torço do que espero. Mas deixo claro, não há vacinas, não estamos estocando, quem detém as vacinas é o Estado. Se liberarem antes, óbvio que iremos antecipar a campanha”, desabafou o Secretário de Saúde ao Acontece Botucatu.

A imunização para H1N1 está indicada para os seguintes grupos: crianças a partir de 6 meses ? menores de 5 anos; gestantes e puérperas; idosos acima de 60 anos e doentes crônicos com recomendação médica; profissionais de saúde, e população indígena.

Júnior Quinteiro

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