Teve início na Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) o curso para formação de profissionais que trabalham com tratamento de dependentes de crack e outras drogas. A FMB será um centro regional de referência para formação permanente dessas pessoas. São apenas dois no Estado de São Paulo.
Representantes de mais de 50 municípios pertencentes ao Departamento Regional de Saúde de Bauru (DRS 6) participaram da aula inaugural, realizada no Salão Nobre da FMB, com a presença do diretor da instituição, professor Sérgio Swain Müller. A capacitação tem como coordenador o professor José Manoel Bertolote, do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da faculdade, que ministrou os primeiros conteúdos do curso logo após a cerimônia.
Por enquanto, integrarão os grupos do curso médicos da rede básica de saúde; agentes comunitários de saúde e redutores de danos, além de outros agentes sociais. A primeira turma conta com 25 pessoas e a outra com 75. As aulas acontecerão todas as sextas-feiras.
Cada um dos 68 municípios que integram o DRS 6 recebeu a oferta de uma vaga, porém vários deles solicitaram mais oportunidades para seus profissionais. A procura dos agentes comunitários de saúde pelo curso superou nossas expectativas. Estamos adequando nosso sistema para poder atender ao maior número possível de interessados. Isso mostra a importância do tema: crack e outras drogas atualmente, coloca Bertolote. Ele informou ainda que, posteriormente, será aberta uma nova turma para agentes comunitários de saúde, redutores de danos e outros agentes sociais.
Em agosto, será a vez dos profissionais que atuam em hospitais gerais e também aqueles que trabalham em centros de referência de assistência social (CRAS) e centros de referência especializados de assistência social (CREAS). Serão investidos R$ 229.900 no curso que abrangerá os quatro segmentos. Os recursos são da Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad), que tem destinado verbas para a estruturação de 49 centros iguais ao da FMB em todo o Brasil.
O diretor da FMB, professor Sérgio Müller lembrou que um dos focos da universidade é formar pessoas que atuem na solução dos problemas que afligem a sociedade, independentemente da área. Acredito, inclusive, que a própria graduação em Medicina e Enfermagem poderia ter, em seu currículo, mais informações sobre o combate as drogas, defendeu o gestor, que disse considerar a dependência de drogas um problema de saúde pública. É preciso que os profissionais que atuam nessa área se atualizem constantemente, acrescentou.
{n}Expectativa entre alunos é grande{/n}
Marta Grael Mendes, agente de saúde da rede básica de saúde em Dois Córregos, afirmava estar bastante interessada no conteúdo da capacitação. Para ela, a falta de treinamento específico para quem trabalha com dependentes químicos não é o único problema atualmente, mas admite que ter profissionais preparados é fundamental, principalmente para oferecer apoio ? s famílias de quem usa drogas, por exemplo. O tema: dependência de drogas me interessa, pois tenho contato com duas famílias que sofrem com usuário de drogas entre seus parentes, comentou.
Sefora Carreira Pereira, assistente social de uma unidade básica de saúde em Itatinga, salienta que ainda falta muita informação aos profissionais que trabalham com dependentes químicos na rede pública de saúde. Ela também menciona o despreparo para lidar com os familiares dos usuários como um fator preocupante. Estávamos ansiosos para o início desse curso. Vamos tentar, inclusive, que os médicos do nosso pronto-socorro também passem pelo treinamento, citou.
A aluna também destaca que a intenção é usar os conhecimentos adquiridos na FMB para implantar, na medida do possível, diretrizes da política nacional sobre drogas em seu município. Precisamos ter métodos para atendimento e reinserção do dependente na sociedade, avaliou.
Fonte: Leandro Rocha
Assessoria de Comunicação e Imprensa da FMB/Unesp e HCFMB