Aos 27 anos, Almir Ferreira de Albuquerque está novamente em frente a uma lousa. O tamanho das carteiras já não é a mesma, mas ainda assim é uma sala de aula. Coincidentemente, é a mesma sala em que a filha Giovana, de 6 anos, estuda no período da amanhã. Filha esta que quando veio ao mundo exigiu dedicação exclusiva dele e da esposa, que na época deixaram de concluir o Ensino Médio.
Mas se é verdade que o mundo dá voltas, o industriário, que se considera um predestinado, quer provar a si mesmo que desta vez não deixará a oportunidade do aprendizado novamente passar pela sua frente, muito menos não ser um exemplo para a filha. Antigamente, quando era jovem, costumava riscar carteiras. Hoje tenho consciência daquilo que posso deixar para a minha filha, Se você não tem escolaridade, não se tem futuro, reflete.
Ele é apenas mais um de centenas que hoje fazem o Ensino de Jovens e Adultos (EJA) em Botucatu, que neste ano foi expandido para a Escola Municipal Dr. Cardoso de Almeida, no Centro. Agora são mais nove salas que recebem, no período noturno, 35 alunos cada, isto é mais de 300 estudantes.
Desde 1978, o chamado Supletivo se concentrava apenas no prédio da Escola Municipal João Maria de Araújo Júnior, na Vila São Lúcio, que reúne mais de 680 alunos em 19 salas em todos os níveis de educação básica, da primeira série do Ensino Fundamental ? terceira série do Ensino Médio.
Daniela Fernandes Thomé, diretora do EJA no Cardosinho, conta que se fez necessária a criação de uma nova escola devido a crescente procura por vagas para o Ensino Médio. Especialmente pelas empresas de Botucatu como a Caio Induscar, que enviou uma lista de alunos com necessidades de concluir os estudos, tanto Fundamental como Médio, completa. A escola Supletivo da Prefeitura já tem bastante tradição e muitos dos alunos conseguem boas qualificações no mercado de trabalho, assim como ingresso em faculdades, afirma Daniela.
O secretário municipal de Educação, Narcizo Minetto Júnior, ressalta que as pessoas buscam capacitação constantemente para um mercado de trabalho cada vez mais exigente, mas existem aquelas que por algum motivo ou outro deixaram de completar os estudos básicos. Por este motivo é dever da Prefeitura expandir o serviço do EJA. Nós demos um salto nas oportunidades ? população, mas acima de tudo estamos fazendo parceria com as empresas, e isso não tende parar por aqui. Nós da Educação estamos abertos a ampliar essa qualificação aos funcionários do comércio e da indústria, afirma.
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Outra vertente impulsionada pela Educação é a da alfabetização voltada a pessoas a partir dos 15 anos, não letradas ou que não concluíram os estudos do Ensino Fundamental. Em Botucatu, o projeto que está em fase de expansão é encabeçado pela Alfabetização Solidária (Alfasol), entidade da sociedade civil criada em 1996 com a missão de disseminar e fortalecer o desenvolvimento social por meio de práticas educativas sustentáveis.
Neste ano são 14 turmas distribuídas nas seguintes escolas: Francisco Guedelha, no Parque Marajoara; João Queiroz Marques, no Distrito de Rubião Júnior; Américo Virginio dos Santos, na Vila Santana; Luiz Tácito Virgínio dos Santos, no Jardim Flamboyant; Paulo Guimarães, no Jardim Brasil; Nair Amaral e 24 de Maio, no Parque 24 de Maio; José Antonio Sartori, no Jardim Eldorado; além do Asilo Padre Euclides, na Vila Auxiliadora.
Cada turma tem no mínimo 17 alunos, podendo chegar a 28. Os estudantes recebem material básico gratuito e livros didáticos. A intenção é que os alunos participantes do Alfasol sejam depois reinseridos no Ensino de Jovens e Adultos (EJA), o Supletivo.
Mais informações sobre os trabalhos da Alfasol em Botucatu podem ser obtidas pelo telefone 9664-5194 ou e-mail [email protected]. O site da Alfabetização Solidária é www.alfasol.org.br.
Fotos: Igor Medeiros
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