O professor veterinário Carlos Teixeira é o responsável pelo CEMPAS Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Silvestres, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu, que cuida de diferentes espécies de animais silvestres. É nesse Centro de Atendimento que são trazidos aves e animais resultado de apreensões feitas pela Polícia Ambiental ou vítimas de atropelamentos em estradas ou ainda vindos de pessoas que criam os animais e depois resolvem abandoná-los.
Hoje no CEMPAS são mantidos em cativeiro diferentes espécies de primatas (sagüis, macaco-prego e bugios), jacarés, papagaios, gavião carijó, maritacas, corujas, seriema, lobo-guará, jibóias, jabotis, lagartos, gambá, tamanduá bandeira, javalis, entre outros. Um verdadeiro zoológico dentro de um centro de pesquisas científicas.
Muitos animais que mantemos aqui são condenados a soltura, pois estão muito humanizados, ou seja, não conseguem viver sem a presença do homem e se retornarem ao habitat natural, seguramente, não sobreviveriam. Por isso são tratados e alguns deles são transferidos para zoológicos ou criadouros conservacionistas, outros permanecem aqui para serem pesquisados e são base para teses e doutorados. Porém, essas pesquisas não envolvem a eutanásia (morte do animal), explicou Teixeira.
Já os animais que foram retirados de seu habitat natural e tiveram pouco convívio com o ser humano são tratados, recuperados e soltos. Porém, ele alerta que não é aconselhável soltar animais, indiscriminadamente, na natureza.
Mesmo aqueles que ainda estão em condições de viverem em liberdade na natureza têm que ser soltos de maneira adequada, pois no reino selvagem existe uma competição muito intensa pela disputa de território e não são raros os casos em que animais são mortos por um rival. Então, o ideal é soltar os animais o mais próximo possível do lugar de onde foi retirado, orienta o professor da Unesp.
Ele explica que o número de macacos mantidos em cativeiros é maior do que outras espécies porque estudos são realizados com os pequenos primatas, principalmente, sagüis e bugios. Conforme o interesse das pesquisas, a gente procura os animais que não podem mais viver na natureza, em criadouros conservacionistas ou mesmo em zoológicos. Hoje o maior volume é de pequenos primatas, mas já mantivemos aqui, por exemplo, 12 gatos selvagens, lembra.
Teixeira comenta que na Veterinária da Unesp de Botucatu muitos animais oriundos de outros países, já foram operados ou tratados. É difícil enumerar, mas já operamos animais como tigres, onças, leões ou chimpanzés.Já animais da nossa fauna são mais comuns, mesmo os que estão na eminência da extinção e recebemos com mais freqüência, principalmente, os que sofrem algum tipo de acidente e necessitam de acompanhamento médico, diz o professor. Entre os animais que estão passando por tratamento, em razão de acidentes, ele cita um tamanduá bandeira, um lobo-guará e uma seriema que recebeu uma prótese por ter pedido uma das pernas.
Ele revela também que embora o Centro tenha muitos animais selvagens, a visitação pública não é permitida. A visitação não é aberta, pois grande parte dos animais que mantemos aqui é usada para teses e doutorados ou estão em tratamento intensivo e poderiam ser infectados por pessoas que poderiam trazer vírus e bactérias de fora. Uma contaminação poderia por a perder um trabalho de muitos meses. Por isso, as visitas que recebemos são monitoradas.
Para quem tem animais ou aves silvestres em cativeiro não legalizados e quer se desfazer deles, o professor da Unesp sugere que procure a Polícia Ambiental. A pessoa pode procurar a Ambiental e revelar que tem um animal ou uma ave em cativeiro e quer devolver. Se a pessoa preferir pode trazer até a Unesp, que nós recebemos e depois comunicamos ? Ambiental.Em hipótese nenhuma pessoa deve soltar um animal que está há muito tempo no cativeiro, pois sua morte seria certa, concluiu Teixeira.
Fotos: Valéria Cuter
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