Fotos: Acontece Botucatu
Botucatu viveu um dia histórico neste domingo, dia 16. Com grande parte da população adulta vacinada com o imunizante da Oxford/AstraZeneca, muitos botucatuenses apresentaram reações à vacina, o que é esperado. Tanto que no momento da vacinação, cada pessoa imunizada recebeu quatro comprimidos de paracetamol.
Segundo a pesquisadora do Departamento de Imunologia do Instituto Aggeu Magalhães, ligado à Fundação Oswaldo Cruz em Pernambuco (Fiocruz-PE), médica pediatra Haiana Charifker Schindler, as reações variam para cada indivíduo.
“As mais comuns são dor no local da aplicação, cansaço e dor de cabeça. Outras complicações podem aparecer, como inchaço, coceira, endurecimento no local, náusea, diarreia, dor muscular, tosse, dor nas articulações, coriza, dor de garganta e nariz entupido. Geralmente ocorre por mais ou menos três a cinco dias e passa”, diz a médica.
Na grande maioria dos casos, as complicações são consideradas leves e o monitoramento deve ser feito em casa. “Já as mais raras são hematoma, vômito, sono, febre, manchas na pele, espirros, tontura, dor de barriga e diminuição de apetite”, completa Haiana.
Segundo a médica, nos casos mais leves, é recomendável tomar medicamentos antitérmicos e analgésicos, em caso de dores no corpo, como paracetamol e dipirona. Ela ainda lembra que não há nenhum trabalho científico pronto, mas se sabe que há esses relatos de sintomas após a inoculação das doses do imunizante.
“São sintomas de uma vacina como a de gripe, que você pode sentir uma gripe, dor de garganta, moleza, não é nada que chame atenção”, continua Haiana, acrescentando que o local da aplicação pode apresentar um incômodo e ficar um pouco inchado. Caso apareça esse efeito, o ideal é colocar compressas de gelo.
Nos testes clínicos das vacinas em uso no Brasil, a maioria das reações adversas foi de leves a moderadas e se resolve dentro de poucos dias após a vacinação.
Na Europa, alguns países chegaram a suspender o uso do imunizante de Oxford/AstraZeneca por causa do surgimento de coágulos em pacientes que haviam tomado recentemente a vacina. Em relação a esse possível efeito adverso relacionado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que é algo “muito raro”, quando se observa a escala de sua utilização.
O subcomitê designado pela OMS para a análise da questão avaliou que a relação entre a aplicação das doses da vacina da AstraZeneca e a formação de coágulos é “plausível, mas ainda não confirmada”.
Coágulos sanguíneos são estruturas formadas normalmente pelo corpo como forma de bloquear feridas e fazem parte do sistema de cicatrização do organismo, que impede a perda de sangue quando surgem traumas e ferimentos com sangramento.
A formação desses coágulos, no entanto, nem sempre é positiva e há casos em que são perigosos e podem representar uma ameaça à saúde do paciente.
“As vacinas são extremamente seguras. Não houve nenhum trabalho que demonstre causa-efeito se a vacina pode dar coágulo ou não. Essas pessoas que tiveram alguma reação foi algo coincidente. Tomou a vacina e surgiu esse coágulo”, detalha Haiana.
O que fazer em caso de efeitos adversos
Como os efeitos após a imunização geralmente são leves, o recomendável é seguir monitorando em casa. No entanto o limite para ir ao médico é caso surjam efeitos colaterais pouco frequentes, como febre alta, vômitos e dores abdominais.
“Quando aparece algo que fuja dos sintomas específicos, realmente deve procurar o médico. Febre é uma coisa que não é frequente nessa vacina, já é algo que você tem que acompanhar e ficar de alerta”, acrescenta Haiana lembrando que o corpo se defende da substância “estranha” que foi inoculada – o imunizante, que produz anticorpos contra o vírus da Covid-19.
“Pode ser uma febre de 38º C, 38,5º C que passa, mas se intensificar de forma muito rápida, tem que pelo menos procurar o médico para acompanhar”, pondera.
Haiana ainda ressalta que quem apresenta algum tipo de reação não está “mais protegido” ou “mais imune” em comparação a quem não apresenta. “É uma reação de cada organismo, tem organismo que não apresenta nenhum efeito colateral, mas outro apresenta. Isso não quer dizer que está mais imune que a outra”, continua a pesquisadora.
A médica diz ainda que não há um padrão de surgimento de complicações na primeira e segunda doses. “Não tem padrão relacionado que a primeira dose tem mais efeitos colaterais que a segunda ou que aquelas pessoas que não apresentam na primeira dose também não vão apresentar na segunda dose”, explica.
A médica reforça que é fundamental tomar a vacina. “É preciso conscientizar que se deve tomar a vacina, que não tem efeitos colaterais, mas quando tem são semelhantes a qualquer vacina e são muito leves. Todos devem tomar. Melhor ter sintomas leves pós-vacina do que contrair a doença e ter que ser hospitalizado”, finaliza Haiana.