Vacinas contra a COVID-19 disponíveis no Brasil são seguras para pacientes com câncer, afirma infectologista

Saúde
Vacinas contra a COVID-19 disponíveis no Brasil são seguras para pacientes com câncer, afirma infectologista 11 março 2021

Especialista esclarece outras questões importantes sobre a imunização a pacientes oncológicos, como efeitos colaterais o e tempo de efeito das vacinas

CoronaVac e AZ-Oxford são as vacinas contra a COVID-19 disponíveis no Brasil. Mesmo sem integrar o grupo prioritário no cronograma nacional de imunização, pacientes oncológicos têm dúvidas sobre a segurança e o momento adequado para receberem as doses. A infectologista do Hospital Amaral Carvalho (HAC) de Jaú Clarisse Martins Machado, esclareceu algumas questões importantes. Confira:

Pessoas com câncer devem receber as vacinas?

Dra. Clarisse: Os medicamentos utilizados para tratar os diferentes tipos de câncer e a própria doença afetam a imunidade dessas pessoas, o que aumenta o risco para contrair a COVID-19 ou de desenvolver complicações mais severas do que a população em geral. Por isso, esses pacientes devem ser imunizados. Como não fazem parte do grupo prioritário para receber vacinas contra a COVID-19, é importante que redobrem as medidas de precaução do vírus.

No entanto, pelo cronograma nacional de vacinação, algumas pessoas em tratamento de câncer, pela idade, já podem ser imunizadas e devem discutir com seu médico sobre o momento ideal para receber a vacina. Há períodos do tratamento, por exemplo, em que o paciente está se sentindo melhor e isso deve ser levado em conta, para seu próprio conforto.

As vacinas são seguras para esses pacientes?

   Vacinas contra a COVID-19 disponíveis no Brasil (CoronaVac e AZ-Oxford) são seguras para pacientes com câncer. Não há contraindicação para nenhuma dessas vacinas. Outras que certamente virão, devem ser analisadas, pois vacinas de vírus vivos atenuados (vírus enfraquecido, que não é capaz de causar a doença) ou de vetor viral replicante não devem ser usadas em pacientes com a imunidade comprometida.

Há efeitos colaterais graves para pacientes oncológicos?

   Como não foram aplicadas em grande escala em pacientes oncológicos, não se sabe muito ainda sobre efeitos colaterais. Pelos dados da população em geral e de vacinas similares em imunossuprimidos, acredita-se que os eventos adversos são mínimos.

Pacientes com câncer que tiveram COVID-19, devem se vacinar?

Sim. Como não se sabe a duração da proteção da vacina, mesmo quem já teve COVID-19 deve se vacinar. Recomenda-se, nesses casos, esperar de dois a três meses após cura da COVID-19 para receber a vacina.

Quanto tempo leva para as vacinas começarem a ter efeito no organismo? Após a segunda dose das vacinas, os anticorpos protetores começam a aparecer depois de 15 dias e atingem seu pico entre a quarta e sexta semana.

Vale ressaltar que a dose da vacina não se perde. Se, por algum motivo a segunda dose atrasar, mantenham as medidas de proteção e fiquem tranquilos aguardando a segunda dose. O efeito da primeira dose não vai se perder.

E os pacientes oncológicos mais jovens, correm algum risco ao esperem pela liberação de alguma vacina?

Crianças e adolescentes com câncer que adquirem COVID-19 têm maior risco de complicações que crianças e adolescentes saudáveis. Infelizmente, as vacinas não foram liberadas para uso em pessoas abaixo de 16 anos de idade e dificilmente essa faixa etária entrará logo no cronograma, a não ser que haja modificação nas bulas das vacinas. Só o tempo vai mostrar se esse grupo está realmente sendo prejudicado ou não.

 Mesmo após a vacina, o paciente deve manter as medidas de distanciamento social, uso de máscara e higienização frequente das mãos?

Sim. No momento, essas medidas são, de fato, as únicas que todos têm certeza que são eficientes. A vacinação tem que ser ampla e atingir grande parte da população para podermos ver a diminuição da transmissão. Quanto maior a circulação do vírus, maior a chance de mutações e de novas variantes.

Até o momento, as variantes tiveram pouco impacto na eficácia das vacinas, mas se não diminuirmos a circulação do vírus, é provável que isso acabe acontecendo.

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