Vacina que será aplicada para moradores de Botucatu tem alta eficácia na primeira dose

Saúde
Vacina que será aplicada para moradores de Botucatu tem alta eficácia na primeira dose 02 maio 2021

Botucatu será vacinada em massa com o imunizante durante pesquisa da Fiocruz/Oxford em Botucatu

Diferentemente da CoronaVac, que tem um intervalo de 28 dias entre as doses, a vacina de Oxford permite um distanciamento maior entre a primeira e a segunda injeção: três meses. Mas qual o nível de imunidade obtido apenas com uma dose? A pessoa que for vacinada com a Oxford está segura nesse intervalo de três meses?

O infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), parceira da AstraZeneca/Oxford no Brasil, Julio Croda, explica que sim, uma dose da vacina já confere uma porcentagem alta de proteção.

“A eficácia de uma dose da AstraZeneca é bastante elevada. Uma dose da vacina já tem uma eficácia de 76%, superior a 50%, exigidos pela OMS. De 100 pessoas que tomam a vacina, 76 estarão protegidas a partir do 22º dia”, explica Croda.

Entretanto, mesmo com uma eficácia alta, é preciso completar a vacinação com a segunda dose, reforça Croda. “Após a segunda dose, a proteção aumenta. Você sai de 76% para 81% de proteção. [Receber] Uma dose já é muito bom, mas precisa da segunda. Quanto maior for sua proteção, melhor”.

O infectologista também alerta que as medidas preventivas (uso de máscaras, distanciamento social, higienização das mãos, evitar aglomerações) precisam continuar, mesmo depois de receber a primeira dose.

Atualmente, o imunizante é responsável por 22% das doses aplicadas no Brasil, mas esse número tende a subir. Em maio, a Fiocruz pretende enviar 21,5 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.

Eficácia alta com uma dose

Em fevereiro, um estudo publicado na revista The Lancet apontou que o intervalo maior entre as doses (os três meses) resulta em uma maior eficácia do que um intervalo de seis semanas. Segundo os pesquisadores, uma dose da vacina trouxe 76% de eficácia a partir de 22 dias após a aplicação. E uma boa notícia: a proteção não reduziu ao longo dos três meses. Com a vacinação completa (duas doses), a proteção chega a 81%.

Andrew Pollard, professor da Universidade de Oxford e um dos autores do estudo, alertou que a segunda dose é necessária, já que ainda não está claro quanto tempo a proteção com uma dose pode durar.

“A longo prazo, uma segunda dose deve garantir imunidade de longa duração. Por isso, encorajamos todos que tomaram a primeira dose a tomar a segunda”, explicou Andrew Pollard, professor da Universidade de Oxford.

Diminuição na transmissão

Além de promover uma proteção alta após a primeira dose, a vacina de Oxford também pode ter a capacidade de reduzir em até 67% a transmissão do novo coronavírus.

Um outro estudo, publicado pela Public Health England (PHE), agência de saúde da Inglaterra, analisou duas vacinadas usadas no país: Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca. Segundo os pesquisadores, uma dose das vacinas é capaz de reduzir a transmissão domiciliar pela metade. A pesquisa ainda não foi publicada em revista científica.

Transmissão da Covid-19 cai pela metade com apenas uma dose das vacinas da Pfizer ou Oxford

Os pesquisadores observaram pessoas infectadas pelo coronavírus três semanas depois de tomarem uma dose e concluíram que o risco delas transmitirem o vírus para outro morador da mesma casa, que não tenha sido vacinado, cai até 49% (entre 38% e 49%).

A vacina também impede que a pessoa imunizada (em qualquer faixa etária) desenvolva infecção sintomática no início, reduzindo o risco em cerca de 60% a 65% quatro semanas após uma dose.

Cuidados devem continuar

Uma dose da vacina pode conferir uma proteção alta, mas isso não significa abandonar as medidas não farmacológicas. A pessoa imunizada deve continuar usando máscaras, deve evitar aglomerações e precisa manter a higiene das mãos.

“As medidas preventivas devem continuar. Nós ainda estamos numa elevada transmissão. Estamos com três mil óbitos diários e sabemos que muitas pessoas ainda não foram vacinadas. Além disso, temos as novas variantes. Enquanto não tivermos 80%, 90% da população vacinada, devemos manter as medidas”, alerta Croda.

Estudos ainda estão sendo feitos para comprovar que as vacinas conseguem interromper a transmissão do vírus, como já explicou a vice-diretora da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mariângela Simão.

“A vacina é uma das ferramentas para auxiliar a passar essa fase aguda da epidemia, mas não é a única. As vacinas que temos disponíveis não comprovaram serem eficazes para a transmissão da doença. Elas são eficazes para evitar que a doença progrida para casos graves”.

Fonte: Portal G1

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