Às vésperas do Dia Mundial de Luta contra a doença, comemorado dia 1º de dezembro, o Serviço de Ambulatórios Especializados de Infectologia “Domingos Alves Meira”, da Unesp de Botucatu, mantido pela Fundação para o Desenvolvimento Médico e Hospitalar (Famesp) e que também conta com o apoio do Hospital das Clínicas da Unesp, apresenta dados de sua contribuição no controle da epidemia na região e no Brasil. A unidade presta assistência atualmente a cerca de 600 pessoas com HIV, sendo que dessas, aproximadamente 300 são de Botucatu, que isoladamente registra a cada ano 70 novos casos em média. Em todo o Brasil, o número de casos novos soma 39 mil ? cada ano.
Na opinião do professor vinculado ao Departamento de Doenças Tropicais e Diagnóstico por Imagem da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) e diretor de Assistência do SAE de Infectologia, Alexandre Naime Barbosa, o cenário atual permite muito otimismo, principalmente quando comparado com décadas passadas. Aqueles que utilizam adequadamente as medicações indicadas têm expectativa de vida cada vez mais semelhante ? pessoas não portadoras do vírus. Além disso, os dados oficiais mostram estabilização do número de casos novos., destaca.
O especialista alerta, no entanto, que as pessoas com HIV devem tomar cuidado com as doenças crônicas degenerativas ? s quais estão vulneráveis. As principais são: cardiovasculares, hepáticas, renais e neuropsiquiátricas. Por isso, é fundamental que os pacientes tenham uma abordagem multiprofissional e multidisciplinar, reforça Naime, que também é médico infectologista.
O Ministério da Saúde divulgou, há poucos dias, estatísticas atualizadas sobre os portadores de HIV no Brasil. São estimadas cerca de 530 mil pessoas com a doença, sendo que 400 mil já têm o diagnóstico e outras 130 mil não sabem que estão contaminadas pelo vírus, o que eu facilita a manutenção de comportamento de risco de transmissão, como o sexo sem preservativo, além de impossibilitarem o tratamento. A doença causa aproximadamente 11 mil mortes por ano. Entre os que descobrem estar com HIV, 63% ainda tem o diagnóstico tardio em um estágio mais avançado da doença, o que facilita a chance de adoecimento e óbito.
A taxa de incidência do HIV tem apresentado leve declínio na região Sudeste, diferentemente do que ocorre nas regiões Norte, Nordeste e Sul, onde as estatísticas apontam crescimento do contágio. No país, como um todo, a taxa de incidência está estável. Para Naime, esses dados animadores refletem resultados de campanhas de prevenção e conscientização, diagnóstico e tratamento cada vez mais precoce, além da implementação da Profilaxia Pós-Exposição (PEP).
A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) é uma estratégia bastante eficaz no combate ao HIV. Após a relação sexual desprotegida ou com rompimento de preservativo – consentida ou não (estupro) – ou mesmo acidente ocupacional com material potencialmente contaminado, a pessoa deve procurar um serviço de saúde para verificar se há ou não indicação para iniciar a uso do coquetel antiretroviral. Se o início da medicação se der em até 72 horas, o índice de proteção é muito alto. Porém, essa estratégia não substitui a necessidade do uso do preservativo, pois as medicações podem ter efeitos colaterais, e a eficácia nunca é sempre de 100%. Portanto, a PEP está indicada em eventualidades, não pode ser uma rotina, ressalta Naime.
Outra doença bastante prevalente nas pessoas vivendo com HIV é a Hepatite C. No SAE de Infectologia Domingos Alves Meira, 20% dos pacientes soropositivos também têm Hepatite C. Para melhor atendimento multidisciplinar e devido aos recentes avanços no tratamento da doença que vão permitir mais eficácia – o serviço separou os ambulatórios de hepatites (B e C). A partir de 2013 o atendimento será feito em dias diferentes da semana.
{n}Sobre o SAE de Infectologia{/n}
O SAE de Infectologia dispõe de 5 ambulatórios para pacientes com HIV/aids semanais; um para hepatite B e para hepatite C, além de para portadores de HTLV, mensal. Conta ainda com um ambulatório de Risco Biológico, onde são atendidos pacientes que se expuseram, de forma sexual ou ocupacional, aos vírus HIV, hepatites B e C. Tem também um ambulatório de Metabologia para pessoas com HIV/aids, além dos ambulatórios das especialidades de Cirurgia Plástica, Ginecologia, Cardiologia, Psiquiatria e Coloproctologia. A unidade é responsável por 1.200 pacientes, sendo metade pessoas vivendo com HIV/Aids, e metade com Hepatite B ou C.
São atendidas pessoas da região de Botucatu, do Estado de São Paulo e de outras regiões do Brasil. Funciona, ainda, como um centro de testagem e aconselhamento para pessoas que se submeteram a relações sexuais desprotegidas em que não conheciam as condições sorológicas do parceiro (se era ou não portador de HIV), assim como profissionais que sofreram acidentes com perfurocortantes em seu local de trabalho.
Fonte: Leandro Rocha
Assessoria de Comunicação do HC da Unesp