Pesquisa busca formas de neutralizar os vírus da dengue e zika no organismo do mosquito
Pesquisadores do Instituto de Biotecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (106 km de Bauru) isolaram bactérias que podem funcionar como agentes antidengue. Eles também desenvolveram em laboratório linhagens transgênicas do Aedes aegypti, com características diferentes do mosquito criado pela inglesa Oxitec. Desde o fim do ano passado, os estudos estão sendo expandidos para o vírus zika.
A pesquisa, desenvolvida em parceria com grupos das universidades inglesas de Keele e Imperial College London e apoio da Fapesp, busca formas de neutralizar o vírus dessas doenças no organismo do mosquito transmissor.
De acordo com o pesquisador Jayme Souza-Neto, coordenador do laboratório de vetores da universidade, o estudo investiga o vírus quando chega ao intestino do mosquito, após o inseto se alimentar com o sangue infectado. “Quando o vírus consegue sair do intestino e chegar à glândulas salivares, o mosquito se torna transmissor da doença. Nosso interesse é desvendar a interação entre as defesas imunológicas do inseto e os micróbios que o colonizam e criar barreiras para impedir essa travessia”, explicou.
O estudo está identificando bactérias e genes com propriedades antidengue, ou seja, que tenham habilidade de impedir a replicação do vírus no Aedes. Os testes para o bloqueio do vírus já foram iniciados no mosquito e in vitro. “Estamos iniciando a geração de linhagens de Aedes aegypti geneticamente modificadas, em que alguns genes não funcionam. A ideia é gerar linhagens que se tornem resistentes ao vírus. Mais recentemente expandimos esses mesmos estudos para o vírus zika.”
De acordo com o pesquisador, o uso de bactérias contra o Aedes pode ser feito diretamente no ambiente. “Se encontramos bactérias do próprio mosquito com propriedades antidengue, podemos produzi-las em larga escala e borrifá-las na natureza. Os mosquitos que tiverem contato com essa bactéria podem se tornar resistentes ao vírus, o que reduziria a transmissão.”
Também estão sendo isolados produtos bacterianos que neutralizam o vírus para suprir a lacuna de medicamentos para dengue. “Esses produtos são candidatos potenciais ao desenvolvimento de um tratamento específico para a dengue.”
Dengue
Apenas nas três primeiras semanas deste ano, o número de casos notificados de dengue disparou e já chega a 73 mil registros no País – um aumento de 48% em relação ao mesmo período do ano passado, quando havia 49 mil casos. Ao todo, 15 Estados tiveram aumento nos casos de dengue. Os dados fazem parte de balanço do Ministério da Saúde.
(Fonte: JC Net)
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