Startup de São Manuel propõe uso de drones para combater mosquito da dengue

Saúde
Startup de São Manuel propõe uso de drones para combater mosquito da dengue 04 fevereiro 2024

Solução desenvolvida permite fazer liberação controlada de Aedes machos e estéreis em áreas urbanas para frear proliferação

Uma tecnologia voltada inicialmente à aplicação de biodefensivos para o controle biológico de pragas agrícolas poderá ser usada no ambiente urbano para ajudar a frear a proliferação de mosquitos transmissores de vírus causadores de doenças, como o Aedes aegypti.

Desenvolvida pela empresa Birdview, situada em São Manuel, no interior paulista, em colaboração com a Embrapa Instrumentação, a solução despertou o interesse de empresas produtoras de Aedes aegypti estéreis no Brasil para ajudar na erradicação de doenças como dengue, febre amarela, chikungunya e zika. O projeto teve apoio do Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe).

“Ao participar da última edição do Programa de Treinamento em Empreendedorismo de Alta Tecnologia [Pipe Empreendedor] identificamos algumas empresas produtoras de Aedes aegypti estéreis interessadas em firmar parceria conosco para fazer a soltura do inseto em áreas urbanas”, conta Ricardo Machado, cofundador da startup.

A tecnologia desenvolvida pela empresa no âmbito do Programa Biota-Fapesp consiste em um sistema modular de liberação e embalagem, integrado a drones, que efetua a soltura controlada de insetos adultos em regiões demarcadas, minimizando danos e estresses induzidos.

No campo, a tecnologia permite liberar, sobre as lavouras, insetos para combater pragas agrícolas que são seus inimigos naturais. Já em áreas urbanas, a solução poderá ser empregada para soltar Aedes aegypti machos e estéreis para se acasalar com mosquitos fêmeas – que picam e transmitem vírus causadores de doenças e copulam uma vez na vida. Dessa forma, é possível diminuir a população do inseto, estimam especialistas.

Em oito anos de atuação, a empresa já realizou mais de 15 mil voos para a liberação de biodefensivos, em mais de 1 milhão de hectares. Entre seus clientes estão as usinas São Martinho, São Manuel e a Suzano.

O projeto de liberação de mosquitos ainda é experimental e a empresa tenta fechar parceria com criadores de insetos estéreis, que arcariam com os custos do serviço. Os valores e o tempo necessário para a intervenção surtir efeito estão sendo avaliados.

“A solução também pode ser utilizada para lançar sementes visando a restauração de florestas”, afirma Machado.

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