Serviço de Cirurgia Cardíaca do HCFMB trata síndrome rara com uso de prótese inédita em paciente pediátrico

Saúde
Serviço de Cirurgia Cardíaca do HCFMB trata síndrome rara com uso de prótese inédita em paciente pediátrico 24 agosto 2023

Estudos recentes mostram o uso desta válvula apenas em pacientes maiores de 18 anos; primeiro uso em criança no mundo foi realizado em Botucatu

Rara. Assim pode ser considerada a condição de Miguel, que aos três anos, foi diagnosticado com suspeita de Síndrome de Marfan: uma doença considerada hereditária, atípica e que atinge principalmente o sistema cardiovascular, esquelético e ocular. No Brasil, estima-se que cerca de 150 mil casos de Marfan sejam diagnosticados por ano.

O caso de Miguel chamou atenção desde o início. Além de ser uma condição de difícil diagnóstico em crianças, o pequeno paciente apresenta apenas as características clínicas. A principal manifestação cardiovascular de Marfan é o aneurisma da aorta – dilatação da principal e maior artéria do corpo humano, a que garante que o sangue oxigenado bombeado pelo coração seja levado a todas as partes do corpo – logo identificado nos primeiros exames de Miguel durante o acompanhamento ambulatorial no Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB).

A infância de Miguel foi vivida cercada de cuidados. Além do acompanhamento com uma equipe multiprofissional no HCFMB, a família contava com uma grande rede de apoio. “Durante todos esses anos, estávamos sempre alerta: ele podia brincar, mas não podia correr ou fazer algum tipo de esforço físico que comprometesse o coração. Se ele estava brincando demais, a escola nos avisava”, conta Lilian, mãe de Miguel.

O cirurgião cardiovascular do HCFMB Dr. André Garzesi explica que, além do acompanhamento, o tratamento de Miguel teve indicação cirúrgica desde o início. “Foi preciso aguardar que ele atingisse uma idade segura para a realização do procedimento, que envolvia a substituição da aorta por uma prótese que restaurasse suas funções cardíacas. Quando ele completou 11 anos, decidimos colocar uma prótese, nunca utilizada em um paciente pediátrico”, diz.

A aorta e a válvula aórtica do paciente foram substituídas por uma prótese chamada Konect Resilia, lançada em 2020 e adquirida pelo HCFMB exclusivamente para o tratamento de Miguel. Estudos recentes mostram o uso desta válvula apenas em pacientes maiores de 18 anos. – o primeiro procedimento com o uso específico desta prótese em criança no mundo foi realizado pelo HCFMB.

“A opção pelo uso desta prótese só traz vantagens ao paciente: além de uma melhora nítida da qualidade de vida e uma recuperação mais rápida, evita a necessidade de uma nova cirurgia tradicional para a troca da válvula no futuro, e não necessita de medicamentos anticoagulantes por toda vida, o que se torna fundamental para que uma criança se recupere totalmente e tenha uma vida normal”, destaca Garzesi.

Acompanhado dos pais, Miguel responde muito bem ao pós-operatório e aguarda a volta à escola, programada para daqui três meses. A família continua os planos para o futuro. “Temos muita fé e agradecemos a Deus pela oportunidade que meu filho teve. Agora é vida nova. Tenho certeza de que a partir de agora, Miguel conseguirá viver a infância que nunca teve”, finaliza André, pai de Miguel, enquanto abraça o filho na saída da consulta.

Miguel após a cirurgia (foto publicada com autorização da família)
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