Nos primeiros cinco meses deste ano, foram feitos mais de 20 mil atendimentos ambulatoriais e internações hospitalares a este tipo de câncer no Estado
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP) registrou mais de 20 mil atendimentos ambulatoriais e internações hospitalares nos primeiros cinco meses deste ano, para tratar 59 tipos de câncer que atingem a região da cabeça e do pescoço, incluindo boca, seios da face, laringe e faringe. Esses números representam um aumento de 13,3% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram realizados 18 mil atendimentos e internações.
De acordo com o Prof. Dr. Marco Aurélio Kulcsar, chefe do serviço de cirurgia de cabeça e pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), “precisamos que as pessoas tenham conhecimento do quanto é fundamental o diagnóstico precoce. Precisamos disseminar as formas de prevenção para diminuirmos cada vez mais o desenvolvimento da doença. O câncer de boca, por exemplo, é o terceiro em incidência no Brasil no sexo masculino”. Segundo levantamento da SES, em 2023, 62,4% dos atendimentos e internações de homens foi decorrente de câncer de cabeça e pescoço. Desde 2020, esse número é de 59,8%.
Pessoas que possuem diagnóstico de câncer de cabeça e pescoço representam 7% dos pacientes do Icesp. Um estudo realizado na instituição identificou que 80% dos pacientes atendidos com esses tipos de tumores são ou já foram tabagistas. Além desses fatores, o papilomavírus humano (HPV) também pode aumentar o risco para o desenvolvimento do câncer de boca.
Na rede estadual do SUS, exames relacionados a estes tipos de câncer representam 6,8% do total dos exames oncológicos feitos em 2023 até maio, e 6,4% do total do ano de 2022. Em 2023, já foram realizados 1.400 procedimentos cirúrgicos para o tratamento de câncer de cabeça e pescoço, comparados a 1.519 procedimentos realizados nos cinco primeiros meses de 2022.
Julho Verde
Com o objetivo de educar a população sobre o câncer de cabeça e pescoço, o Icesp realizou um evento educativo em frente ao prédio da FIESP, na Avenida Paulista, no último domingo (23). Durante a ação, que contou com a participação da Coordenação Estadual do Programa Nacional de Controle do Tabagismo da SES-SP e de equipes médicas e multiprofissionais do Icesp, o público pôde tirar dúvidas e receber orientações sobre hábitos e sintomas persistentes que merecem atenção.
A programação do dia contou, também, com a apresentação do Coral Amigos da Voz, composto por pacientes laringectomizados, que reaprenderam a se comunicar depois de passarem por cirurgia de retirada da laringe como parte do tratamento de câncer na região das cordas vocais.
Um desses pacientes, Edson Maldonado afirma que, graças ao bom acompanhamento clínico da equipe médica e com muita força de vontade, após 33 sessões de radioterapia, a recuperação foi rápida e satisfatória. “Disse a eles no final do tratamento, que aquele lugar é um pedacinho do céu. O pessoal do Icesp é um amor,” relembra. Para Edson, “fazer parte de um coral laringectomizado total, ajuda em nossa recuperação e faz a gente perceber que na vida tudo é possível, só basta tentar”.
Prevenção
Para os especialistas, é fundamental a atenção à saúde bucal e, ao menor sinal de que algo não está bem, é recomendado buscar acompanhamento médico. Segundo o Dr. Kulcsar “quanto mais cedo o tumor for diagnosticado, maiores são as chances de cura. Em tratamentos precoces, a chance de o paciente ficar curado é entre 80 e 90%, independentemente do tipo de câncer”.
Os sintomas mais comuns desses tumores são: nódulos no pescoço, dificuldade para engolir, mudança na voz, rouquidão persistente, manchas avermelhadas ou brancas na boca, perda repentina e acentuada de peso e aftas. Com o aparecimento de qualquer um desses sintomas, é recomendado procurar um médico assim que possível.
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