Pessoas com problemas psiquiátricos têm nova residência

Saúde
Pessoas com problemas psiquiátricos têm nova residência 19 maio 2012

Da janela do seu novo quarto, Douglas de Almeida enxerga uma nova vida e recheada de possibilidades. Os vizinhos agora são outros e o som dos veículos que passam freneticamente na rua definitivamente revela que a verdadeira “loucura do mundo” está mesmo da porta para fora de casa, que agora ficou maior. Até então ele e outras sete pessoas, que ocupavam leitos vitalícios há alguns anos no Centro de Atenção Integral ? Saúde (Cais) “Professor Cantídio de Moura Campos”, a partir de hoje dividirão o mesmo teto, em um imóvel localizado na Rua Dr. Costa Leite, nº 1.226 – região central.

A primeira Residência Terapêutica do Município, inaugurada na manhã desta sexta-feira (18), data de celebração do Dia Nacional da Luta Antimanicomial. O Serviço Residencial Terapêutico (SRT) é um projeto do Serviço Único de Saúde (SUS) que tem reformulado o modelo de atenção centrado no hospital psiquiátrico.

Em Botucatu, o imóvel foi viabilizado e reformado com recursos da esfera Federal e Estadual, e será mantido, principalmente, pelo Poder Público Municipal que ficará responsável pelos profissionais, alimentação e demais gastos com o imobiliário como aluguel, água e energia elétrica.

A intenção é avançar ainda mais na desinstitucionalização e efetiva reintegração de doentes mentais graves na comunidade, tarefa que o SUS tem se dedicado com especial empenho durante os últimos anos.

Além disso, essas residências podem servir de apoio a usuários de outros serviços de saúde mental, que não contam com suporte familiar e social suficientes para garantir espaço adequado de moradia.

{n}Uma vida normal {/n}

A unidade inaugurada em Botucatu corresponde a uma Residência Terapêutica de tipo 1, direcionada ao acompanhamento de pessoas que, mesmo possuindo distúrbios psicológicos, têm um maior domínio na condução das suas atividades diárias.

Segundo o psicólogo responsável pelo serviço em Botucatu, Márcio Pinheiro Machado, essas pessoas já estão familiarizadas com o espaço urbano, realizando normalmente atividades como ir ao banco e fazer compras. “Essas pessoas serão acompanhadas por um cuidador que estará presente na unidade em tempo integral. A residência também contará com profissional da área de enfermagem e com uma auxiliar para a realização dos serviços domésticos”, explica.

Visivelmente emocionada na inauguração do espaço, a secretária municipal da Saúde, Tania de Cacia Gasparelo, ressaltou que a saúde mental também é uma preocupação de saúde pública, e que deve ser pensada de forma integrada. “Acompanho a vida dessas pessoas desde a década de 70 e hoje essa Residência Terapêutica representa um marco para a saúde mental. Esses pacientes não têm que ficar isolados numa instituição fechada, mas sim vivendo dentro da sociedade e esta sociedade ajudando na recuperação dessas pessoas que perderam seus vínculos familiares”, afirma.

O prefeito João Cury Neto lembra que a linha de trabalho da atual Administração Pública Municipal é direcionada para melhorar a vida das pessoas e que ações concretas como a criação de uma residência voltada ao tratamento mais adequado de pacientes com transtornos mentais prova que a saúde em Botucatu está no caminho certo. “Essa casa é uma obra de solidariedade de agentes que até então trabalhavam de forma isolada. A Prefeitura é apenas a mola propulsora de tudo isso. O resultado desse trabalho é essa autonomia dada a pessoas que estão segregadas há mais de 20 anos. Ainda temos muitos desafios na saúde, mas com certeza iremos vencê-los”, diz.

{n}Residência Terapêutica{/n}

Com a transferência dos pacientes para a residência, os leitos vitalícios do Cantídio serão fechados, podendo ser ocupados somente para tratamento com tempo determinado. A Secretaria Municipal de Saúde já trabalha na abertura de uma segunda Residência Terapêutica, desta vez do tipo 2, na Rua Cardoso de Almeida, também no Centro de Botucatu, que deverá ser entregue no segundo semestre deste ano para a ocupação de outras dez pessoas com transtornos mentais, mas que apresentam uma capacidade menor para conduzir suas ações no dia a dia.

Fotos: Marcos Magnoni

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