Pesquisador é premiado por criar cola cirúrgica à base de veneno de cobra e sangue de búfalo

Saúde
Pesquisador é premiado por criar cola cirúrgica à base de veneno de cobra e sangue de búfalo 27 março 2022

Pesquisa, que teve participação do CEVAP de Botucatu, pode servir como alternativa mais barata e simples para cirurgias convencionais no reparo do nervo facial.

Um pesquisador da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da Universidade de São Paulo (USP) foi premiado por um estudo que mistura veneno de cobra com sangue de búfalo para a criação de uma cola cirúrgica que atua no tratamento de nervos faciais.

Por padrão, para se unir os fragmentos do nervo lesionado é feita uma cirurgia com utilização de suturas, com auxílio de um microscópio de alto custo, o que pode significar um entrave aos cirurgiões. Por isso, a pesquisa pode servir como uma alternativa mais barata e simples para as cirurgias convencionais.

O professor e orientador do projeto, Rogério Leone Buchaim, disse que a ideia surgiu durante a pesquisa de doutorado da professora Daniela Buchaim, que associa a cola, conhecida como selante de fibrina, com a área odontológica.

A novidade do projeto é que o selante já era testado em outros nervos, mas não para correção de lesões no rosto.

O professor acrescenta que o selante é feito sem componentes humanos e previne a transmissão de doenças infecciosas, além de ser um bioproduto produzido com substâncias de fácil acesso.

“A técnica cirúrgica é bem mais prática, com custos mais baixos. É o selante de fibrina único no mundo sem sangue humano e com propriedades hemostáticas, adesivas, selantes e de suporte celular”, diz o professor.

Premiação

Pesquisa serviria como alternativa mais barata e simples para cirurgias convencionais no reparo do nervo facial — Foto: Rogério Leone Buchaim/Arquivo pessoal

Segundo Rogério, previamente foi feito um projeto aprovado pelo comitê de ética em animais da FOB e, em seguida, foi realizada a pesquisa em parceria entre a FOB e o Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (CEVAP) da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Botucatu (SP).

“Dessa pesquisa, tivemos dois artigos científicos publicados internacionalmente que vêm sendo citados por pesquisadores de todo o mundo”, comemora.

Segundo o professor, para se chegar aos resultados, foi provocada, em animais de laboratório (ratos), uma lesão do nervo facial, responsável pela inervação dos músculos da expressão da face. Essa lesão pode ocorrer nos humanos em acidentes automobilísticos, quedas, traumas e diversas situações.

O trabalho concorreu com mais de 160 outros inscritos, sendo que faturou a menção honrosa na categoria “Revelação” do “Prêmio Pio Corrêa de Inovação em Ciências Farmacêuticas” da Biodiversidade Brasileira, instituído pela Academia de Ciências Farmacêuticas do Brasil.

Para os pesquisadores, a conquista foi motivo de orgulho. O doutorando Cleuber Rodrigo de Souza Bueno, orientado na FOB pelo professor Rogério, participava ativamente do grupo e inscreveu o projeto para o prêmio, destinado a pesquisadores de até 30 anos de idade.

“Foi uma grande emoção quando ouvimos o nome dele na sessão solene recebendo a menção honrosa dentre 200 trabalhos de todo o Brasil”, celebra.

Próximos passos

Como parte dos desdobramentos do estudo, o pós-graduando Cleuber trabalha, sob orientação de Rogério, testando a mesma técnica com dois diferenciais — Foto: Rogério Leone Buchaim/Arquivo pessoal

Ainda segundo revelado pelo orientador da FOB, a etapa clínica junto à Anvisa está aguardando a fase III, na qual serão desenvolvidos estudos para reparação de úlceras venosas em humanos em diversos centros de pesquisa.

Como parte dos desdobramentos do estudo, o pós-graduando Cleuber trabalha, sob orientação de Rogério, testando a mesma técnica com dois diferenciais.

“Um novo protocolo de uso de laser de baixa potência e também o reparo da lesão não de forma imediata, mas, sim, com reparo tardio. Assim, reproduzimos em animais um teste para situações que ocorrem nos pacientes que sofrem acidentes graves e necessitam de estabilização do quadro clínico geral para depois corrigir as lesões nervosas”, explica.

Fonte: G1

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