Os desafios das equipes do SAMU 192 frente à pandemia da COVID-19

Saúde
Os desafios das equipes do SAMU 192 frente à pandemia da COVID-19 06 março 2021

Se lidar com a pandemia tem sido desafiador para nós enquanto sociedade, essa dificuldade se multiplica quando se trata dos que estão na linha de frente do combate a um vírus até pouco tempo totalmente desconhecido

Para a equipe do SAMU 192, de Botucatu, os atendimentos de COVID-19 são apenas um complemento às outras demandas, que não deixaram de existir. Ou seja,a cada dia, são mais e mais pacientes em diferentes situações e que precisam de socorro.

“Tem sido um momento delicado, pois além do aumento dos atendimentos, no geral há também o aumento da sobrecarga de trabalho para os profissionais”, conta Priscila Masquetto Vieira de Almeida, chefe do SAMU.

Para que tudo isso funcione, algumas atividades são essenciais, como: limpeza e organização das ambulâncias, checagem e reposição dos equipamentos e materiais, limpeza e desinfecção de materiais e ambulância, além dos relatórios que são realizados diariamente de forma criteriosa pela equipe, que, além de cumprir todas essas funções, ainda precisa estar em constante treinamento.

“Não se trata apenas de atender o paciente e encaminhá-lo, isso é apenas a parte que é vista, a ponta do iceberg. Nosso trabalho vai muito além. Atualmente, tem-se uma alta demanda de atendimentos in-loco e também houve um aumento considerável de ligações à Central de Regulação de Urgências, principalmente relacionadas ao atendimento de COVID-19”, explica.

Só no mês de janeiro de 2021, foram 2852 ligações para a Central de Regulação (Médicos Reguladores e TARMs) e, de acordo com Priscila, na maioria das vezes a pessoa que liga para o SAMU 192 está nervosa e isso também gera uma carga emocional sobre os profissionais que atendem as ligações.

Adaptações

De acordo com dados disponibilizados pela equipe do SAMU, hoje, os casos de dispnéia (falta de ar/dificuldade de respirar) são os mais atendidos e a maioria desses pacientes são suspeitos ou casos confirmados de COVID-19.

No mês de janeiro de 2021 estes quadros clínicos representaram cerca de 20% de todos os atendimentos do SAMU 192. Para se ter uma ideia da gravidade do cenário atual, quando comparados estes atendimentos com janeiro de 2020, mês que antecedeu a Pandemia no Brasil, houve um aumento de 116% nos casos de dispnéia.

Com o aumento do número de casos de COVID-19, os cuidados com a higienização das ambulâncias tiveram que ser redobrados. “Nos atendimentos a pacientes com suspeita e/ou confirmados de COVID-19, a ambulância passa pela limpeza terminal, que consiste em na higienização de todas as superfícies horizontais e verticais internas e externas, além de equipamentos médico-hospitalares e da desinfecção de superfícies que contenham matéria orgânica. Incluímos ainda os mobiliários que podem constituir risco de contaminação para pacientes e equipe”, explica.

Ou seja, nos casos de COVID-19 existe um tempo maior entre o acionamento e liberação da equipe/ambulância para um novo atendimento, uma vez que após cada atendimento a ambulância retorna para a base para que a limpeza terminal seja realizada. Quanto mais casos de COVID-19 atendidos, maior o tempo de liberação das ambulâncias e maior a carga de trabalho da equipe.

Relação com a população

Neste ano o SAMU 192 completará 10 anos de atuação em Botucatu e, de acordo com Priscila, houve crescimento da compreensão popular sobre o serviço da equipe, porém, ainda ocorrem inúmeros acionamentos de casos de baixa complexidade que poderiam ser resolvidos em Unidades Básicas de Saúde.

“A regulação desses casos de baixa complexidade é um desafio! Quem decide quanto ao encaminhamento das ambulâncias é o Médico Regulador, que é um médico experiente. Ele acolhe todos os chamados recebidos via 192 e realiza a melhor decisão técnica para cada caso”, explica a chefe da equipe do SAMU.

Além dos casos de Botucatu, a Central de Regulação do SAMU 192 também é responsável por acolher chamados telefônicos dos municípios de Anhembi, Areiópolis, Botucatu e Pardinho, mesmo contando com apenas 3 ambulâncias para toda a população local.

Apesar da pequena frota, o atendimento do SAMU 192 é especializado e a principal diferença das outras é o chamado “atendimento in-loco”. Isso significa que as ambulâncias do SAMU 192 são destinadas exclusivamente aos atendimentos de urgência e emergência. Caso o paciente precise ir a uma consulta no P.S para casos mais leves, ele deverá acionar a ambulância de transporte do município, cujo número é 0800-772-1415.

Empatia e motivação

“Quando recebemos algum familiar de pacientes que socorremos e fizemos a diferença, ficamos muito gratos. Existem inúmeros casos de pacientes atendidos em parada cardiorrespiratória ou traumas graves e que sobreviveram. Salvar vidas, para nós, é o mais gratificante. Claro que também há reclamações, principalmente nos casos em que o solicitante não compreende o objetivo do serviço, mas faz parte….o importante é sempre fazermos o nosso melhor e saber que a maioria das pessoas valoriza o nosso trabalho”, conta, orgulhosa da equipe.

Salvar vidas, fatalmente, acarreta em uma sobrecarga psicológica e o constante medo de levar o vírus aos familiares. A equipe do SAMU se adaptou e até deixou de fazer coisas que eram essenciais para a saúde mental, como exercícios físicos e estar com a família.

“Trata-se de um sacrifício que não apenas nós do SAMU 192, mas todos os profissionais de saúde têm feito. E tudo isso para cuidar do próximo. Então, por maior que seja sua dificuldade, lembre-se de que quem está acolhendo seu chamado ou realizando o seu atendimento é alguém que também está nesta luta. Juntos, somos mais fortes! Por favor, evitem aglomerações, usem máscaras e sigam minuciosamente todas as medidas de segurança estabelecidas. Estamos diariamente lutando contra o COVID-19 por todos vocês! Faça sua parte!”, finaliza esperançosa.

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