“Tia Bete” é uma assistente virtual que interage, via WhatsApp, ajudando pacientes
Felipe Muller Rocha de Oliveira, formado em Nutrição pela turma XIX do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu (IBB), é um dos responsáveis pelo desenvolvimento do projeto “Tia Bete”, uma Inteligência Artificial (IA) que interage via WhatsApp, desenvolvida para responder, em tempo real, dúvidas sobre diabetes, ajudar na contagem de carboidratos (reconhecendo fotos das refeições) e calcular doses de insulina com base nas informações fornecidas pelos usuários.
O time conta ainda com Leonardo Scandolara, idealizador do projeto, diabético tipo 1 desde os sete anos de idade e graduado em Medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM); e uma equipe de pesquisadores: Alexander Barros, Ana Rodrigues, Fernando Porsani, Liza Rocha, Marcos Rosa e Wilkor Almeida.
Felipe conta que, desde o início do ano, vem se aprofundando no universo da Inteligência Artificial (IA), participando de eventos e estudando as inúmeras possibilidades que essa tecnologia oferece. Ao ver de perto o potencial da IA, ficou fascinado com os benefícios que ela pode trazer, especialmente para a área da saúde.
“Foi aí que, junto ao meu sócio e grande amigo, que convive com diabetes tipo 1 há mais de 17 anos e acabou de se formar em Medicina, decidimos unir forças para criar a Tia Bete. Essa assistente virtual foi projetada para facilitar o dia a dia das pessoas com diabetes, oferecendo suporte prático e acessível”, contou.
Atualmente, a principal função da “Tia Bete” é auxiliar na contagem de carboidratos das refeições e no cálculo de doses de insulina, tarefas que, segundo alguns estudos, podem consumir até 18 dias por ano de quem vive com diabetes (de acordo com t1dindex.org).
Como a passagem pelo IBB contribuiu para o projeto
“Minha formação como nutricionista tem sido fundamental na construção da Tia Bete, especialmente na parte de contagem de carboidratos e na conexão direta com a alimentação, aspectos essenciais para o controle da diabetes. Entretanto, o que realmente moldou minha trajetória como empreendedor foram as experiências na EJENUTRI, a empresa júnior de Nutrição do IBB. Foi ali que desenvolvi meu interesse e habilidades em gestão e responsabilidade empresarial, me preparando para os desafios que enfrento hoje”, disse Felipe.
O nutricionista ainda contou que, apesar de ter participado de várias oportunidades ao longo da graduação, como o grupo PET, iniciação científica e ligas acadêmicas, a experiência na EJENUTRI foi a que mais o marcou. “A orientação da Professora Flávia Aranha, responsável pela EJENUTRI durante todos os anos em que estive lá, também teve uma influência positiva, sempre promovendo o pensamento empreendedor.”
Como surgiu o interesse pelo tema do projeto?
A proposta da “Tia Bete” é prover uma ferramenta 100% gratuita e acessível, contribuindo para a promoção da saúde e desenvolvimento educacional de quase 20 milhões de pacientes que convivem com a doença no Brasil.
Quando a ferramenta foi lançada, em 28 de junho, em cerca de quatro dias foi alcançado um número extremamente significativo de mais de 2.000 usuários ativos e mais de 15.000 interações realizadas, com uma taxa (inicial) de 9% de recorrência de uso diário, de forma orgânica, sem nenhum investimento em mídia.
“O tema da IA é relativamente recente, e quando me formei, os primeiros modelos de linguagem generativa ainda estavam começando a aparecer. Meu verdadeiro interesse por IA surgiu durante minha pós-graduação em São Paulo. Nesse período, desde pouco antes da minha graduação em Nutrição até agora, me tornei sócio de uma empresa no mercado financeiro, onde passei os últimos três anos aprimorando minhas habilidades de gestão e expandindo meu conhecimento sobre IA”, conta Felipe.
O nutricionista ainda continua: “A história da Tia Bete, apesar de recente, tem sido intensa e promissora. Em menos de um mês de existência, já ganhamos nosso primeiro prêmio como startup inovadora no evento do G7med. Nesse curto período, alcançamos mais de 21.000 usuários e respondemos mais de 800 mil mensagens. Depois disso, fomos incubados pelo ecossistema de startups do InovaHC, na USP São Paulo. Estar dentro do maior complexo hospitalar da América Latina é um grande passo, e acreditamos que isso abrirá muitas portas para a Tia Bete nos próximos meses.”
O poder da “Tia Bete”
O projeto “Tia Bete” vai muito além de uma ferramenta para contagem de carboidratos e cálculo de insulina. Ela veio para transformar a forma como os pacientes com diabetes se engajam com seu tratamento.
Felipe afirma que ter essa percepção da importância do projeto os levou à missão atual, que é promover a saúde através da educação, de forma gratuita, aumentando o engajamento dos pacientes com seus tratamentos e reduzindo custos com complicações para o ecossistema de saúde.“Estamos extremamente comprometidos com essa missão, com uma equipe dedicada que compartilha o sonho de tornar essa visão uma realidade”, declara.
A “Tia Bete” é totalmente gratuita e acessível via WhatsApp, e a escolha desse canal foi estratégica, já que permite um crescimento rápido, garantindo a acessibilidade, que era uma das maiores preocupações dos criadores.
Por fim, Felipe sublinha: “Nosso objetivo é levar a Tia Bete até as pessoas que têm pouca ou nenhuma informação sobre o manejo da diabetes. Com um pouco de inovação, acreditamos que podemos democratizar o acesso à saúde e ao bem-estar”.
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