Neurologista da FMB da Unesp participa de estudo internacional sobre AVC

Saúde
Neurologista da FMB da Unesp participa de estudo internacional sobre AVC 13 junho 2024

Trabalho publicado na revista The Lancet avaliou eficácia da trombólise com tenecteplase

O artigo “Tenecteplase versus standard of care for minor ischaemic stroke with proven occlusion (TEMPO-2): a randomised, open label, phase 3 superiority trial”, que tem como co-autor o médico neurologista Rodrigo Bazan, docente e chefe do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Botucatu (FMB/UNESP), foi publicado na edição de 17 de  maio da The Lancet, a revista científica de maior prestígio no mundo e a mais importante na área de ciências médicas, com alto alcance e impacto científico.

A publicação trata do primeiro estudo de fase 3 a examinar a eficácia da trombólise com tenecteplase em pacientes com AVC isquêmico menor com oclusão intracraniana dentro de 12 horas do início. De caráter multicêntrico, o trabalho foi liderado pela Universidade de Calgary (Canadá) e no Brasil contou com a participação de pesquisadores da Faculdade de Medicina de Botucatu (SP), da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto (SP), do Hospital das Clínicas e do Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre (RS) e do Hospital Geral de Fortaleza (CE).

De acordo com a publicação, indivíduos com acidente vascular cerebral isquêmico menor e oclusão intracraniana apresentam risco aumentado de desfecho ruim. A trombólise intravenosa com tenecteplase pode melhorar os resultados nesta população. O objetivo do estudo era testar a superioridade do tenecteplase intravenoso sobre o tratamento padrão não trombolítico.

Entre 27 de abril de 2015 e 19 de janeiro de 2024, este grupo multicêntrico, prospectivo, paralelo, aberto com avaliação cega de resultados, randomizado ensaio controlado, acompanhou 886 pacientes adultos de 48 hospitais na Austrália, Áustria, Brasil, Canadá, Finlândia, Irlanda, Nova Zelândia, Singapura, Espanha e Reino Unido.

Os resultados do estudo sugerem que pacientes com AVC isquêmico menor com oclusão intracraniana não devem ser tratados com trombólise intravenosa com tenecteplase e que a terapia antiplaquetária é suficiente. “Em resumo, não encontramos nenhuma evidência de benefício em tratamento de pacientes com AVC menor com oclusão intracraniana com tenecteplase em comparação com não trombolítico ao controle, traz trecho do artigo publicado na The Lancet.

“Nosso estudo tratou de uma fase aguda de AVC, que se atem a um campo muito específico de obstrução de grande artéria com repercussão clínica menor. A questão envolvida é se haveria mais benefícios trombolizando o paciente na fase hiperaguda do AVC. Essa era uma dúvida que existia. Tivemos um estudo de resultado negativo, já que quem foi trombolizado não apresentou benefício na comparação com quem não foi. Mas a pesquisa traz uma questão muito relevante na saúde para quem trabalha na área do AVC”, explica Bazan.

O pesquisador destaca a participação ativa e a contribuição que pôde oferecer no período da realização do estudo e a importância em figurar como um dos autores de um artigo reconhecido como relevante pela mais prestigiada revista científica do mundo. Há seis anos, Bazan é bolsista produtividade CNPq nível 2. Atualmente possui 160 papers publicados. “Foi um grande orgulho ser co-autor desse artigo e conseguir publicá-lo em uma revista desse porte. Pudemos, de fato, colaborar no protocolo do estudo, há uma propriedade intelectual sobre o trabalho. Não foi simplesmente uma mera execução, como na maioria dos trabalhos de fase três que a gente realiza e que já é super importante. Não é simples participar de um estudo de pesquisa clínica. Fui coordenador da UPECLIN por oito anos e sei disso”. 

Segundo Bazan, a oportunidade de ter uma publicação em um dos principais periódicos científicos do mundo, se deve ao fato de integrar um estudo internacional que incluiu a Faculdade de Medicina e o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB) como parceiros. A pesquisa foi liderada pela professora Shelagh B. Coutt, da Universidade de Calgary. “Agradeço pela oportunidade que nos foi proporcionada para que nosso centro participasse desse estudo. Pudemos incluir pacientes e participar ativamente das discussões durante o processo de execução do trabalho. Dificilmente se consegue uma publicação em um periódico como The Lancet, sem uma parceria internacional bem-feita. Para a Faculdade de Medicina é algo importante porque mostra que estamos conectados com que a há de mais relevante no mundo, em termos de pesquisa científica”.

A íntegra do artigo pode ser acessada clicando em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(24)00921-8/fulltext

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