A música tem o poder de transformar. Apesar de ser comum como forma de entretenimento, a música nos traz vários significados, reflexões e memórias durante a nossa vida. Acalma, dá energia e seus benefícios para o corpo e a mente têm sido cada vez mais estudados.
Na UTI COVID do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), a música tem sido usada no tratamento dos pacientes. A ideia surgiu quando um deles relatou que músicas enviadas pela família e amigos, durante a sua internação, tiveram papel fundamental na sua recuperação.
O médico residente Danilo Martins falava sobre uma diretriz internacional sobre sedação e controle da dor em pacientes de UTI, e encontrou a recomendação sobre a musicoterapia. A equipe da disciplina de Clínica Médica Geral discutiu as recomendações publicadas na literatura médica, que sugeriam que colocar música para pacientes sedados na UTI entre 15 minutos e uma hora por dia poderia auxiliar o controle da dor e ansiedade, principalmente nos casos mais críticos, que são maioria na UTI COVID.
Com o apoio de diversas áreas, a equipe estruturou o projeto. As empresárias Giovana Menegon e Camila Gimenes mobilizaram uma ação entre amigos, que se uniram doando caixinhas de som e pendrives. Uma playlist de música clássica foi criada com exclusividade pelo também empresário Murilo Carbonari, do Artistas S.A.
A docente do Serviço de Clínica Médica do HCFMB, Dra. Paula Gaiolla, explica que a medida não se trata de uma terapia curativa ou substitutiva, mas sim de um cuidado que conforta o paciente e sua família. “Controlar a dor e estimular o relaxamento, principalmente no momento em que vamos desligando a sedação para proceder o desmame, são nossos principais objetivos. A música ajuda a trazer mais conforto para esse momento tão difícil, tanto para o paciente quanto para a equipe de assistência”, diz.
Pelo corredor da UTI, através de pequenas janelas que compõem os quartos de isolamento, é possível ouvir o som que saem das caixinhas ou das televisões nos leitos ocupados com pacientes sedados, intubados ou em processo de extubação. “A música torna o ambiente menos pesado, tanto para o paciente quanto para a equipe que trabalha diariamente na linha de frente. Sem poder comparecer ao Hospital, as famílias também enviam músicas e sentem-se mais perto, mesmo com a distância que um leito de isolamento impõe”, conta Paula.
Além das doações da ação entre amigos, a iniciativa conta com o apoio de toda uma equipe multiprofissional do HCFMB, que atua para promover não só um tratamento adequado e digno aos pacientes, mas também a humanização como prática cotidiana no sistema público.
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