Moradores de Botucatu reclamam que dados de vacinação não constam ‘Conecte SUS’

Saúde
Moradores de Botucatu reclamam que dados de vacinação não constam ‘Conecte SUS’ 01 setembro 2021

Segundo o sistema VaciVida, o ‘apagão’ de dados é decorrente de um problema no sistema que não está permitindo que os dados sejam repassados ao Ministério da Saúde. As cerca de 70 mil pessoas vacinadas não constam no programa

O cadastro dos moradores de Botucatu que participaram da vacinação em massa contra a Covid-19 na cidade não está constando no aplicativo “Conecte SUS”, do Ministério da Saúde.

Cerca de 70 mil pessoas da população adulta que foram imunizadas com a Oxford/AstraZeneca em ações realizadas durante este ano e que fazem parte do estudo de efetividade do imunizante não estão conseguindo acesso ao comprovante nacional de vacinação digital.

Segundo o secretário de Saúde de Botucatu, André Spadaro, as informações do município já foram enviadas para o sistema VaciVida que informou que há um problema técnico no repasse dos dados para o Ministério da Saúde.

“A informação que tivemos até o momento por e-mail do suporte do VaciVida é de que existe alguma problema técnico que está fazendo com que esses dados não subam para o Ministério da Saúde.”

Este apagão de dados está preocupando os moradores porque a falta de cadastro no sistema deste aplicativo pode ter reflexos no dia a dia destas pessoas. Já que diante do avanço da vacinação, muitos estados brasileiros e outros países estão pedindo a apresentação deste comprovante digital.

A reportagem questionou o estado sobre o problema e, em nota, o Estado de São Paulo respondeu que entende a importância do certificado de comprovante de vacinação para todos imunizados, inclusive voluntários de estudos.

O governo disse ainda que o estado tem um sistema para que essas pessoas possam se cadastrar para ter acesso a carteirinha digital, disponível no Poupatempo.

O estado informou ainda que a medida foi tomada exatamente porque o Ministério da Saúde não possui esse campo no aplicativo para quem participa de um grupo de estudo.

O Ministério da Saúde informa que a atualização das informações no aplicativo Conecte SUS Cidadão depende do envio dos registros de vacinação para à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), através dos sistemas de informação que é de responsabilidade dos Estados, Municípios e Distrito Federal. Informa ainda que após o recebimento dos registros na RNDS, em até 72 horas estes dados são disponibilizados para o cidadão.

Na ausência ou inconsistência dos registros de vacinação, o Ministério da Saúde orienta o cidadão a procurar uma Unidade Básica de Saúde ou a Secretaria Municipal de Saúde, de sua região, para solicitar os registros e envio de seus dados. Mais orientações o usuário pode acessar o suporte no próprio aplicativo, através do menu “Fale com o Conecte SUS”.

O comprovante digital é disponibilizado para os usuários do aplicativo após 10 dias da primeira dose da vacina. Depois de completar a imunização com a segunda dose, o aplicativo permite ainda que a pessoa imprima o certificado nacional de vacinação que é disponibilizado em português, espanhol ou inglês.

74,6% da população com a 2ª dose

Pesquisadores que acompanham o estudo de efetividade da vacina veem a queda de casos e internações como reflexo da primeira dose da Oxford/AstraZeneca, mas o acompanhamento dos números pode reforçar essa relação.

Até esta terça-feira (31), segundo dados do Vacinômetro, dos cerca de 149,7 mil habitantes de Botucatu, 111.733 receberam a 2ª dose, o que equivale a 74,6% moradores da cidade completamente imunizados.

Já em relação à primeira dose, foram 131.855 doses no município, o que equivale a 88% da população total. A população adulta, porém, está praticamente toda vacinada, de acordo com a prefeitura.

Estudo da AstraZeneca

A vacinação em massa em Botucatu faz parte do projeto de estudo da vacina produzida pelo laboratório AstraZeneca, Universidade de Oxford e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), elaborado pela parceria entre a prefeitura, Ministério da Saúde, Governo Federal, Unesp, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu, e Fundação Gates.

Desde o dia 16 de maio, que foi chamado de “Dia D” da vacinação em massa, quando mais de 66 mil pessoas foram vacinadas em uma estrutura igual à usada nas eleições, a cidade vem realizando ações para imunizar toda a população adulta, entre 18 e 60 anos, como parte do estudo, exceto as grávidas, que só podem receber doses da CoronaVac ou da Pfizer.

No dia 22, uma nova vacinação em massa foi realizada. Mais de oito mil pessoas se cadastraram para receber o imunizante e pouco mais de cinco mil doses foram aplicadas. Também foram feitas vacinações para estudantes da Unesp e de moradores da zona rural.

No dia 11 de junho, terminou a última etapa para vacinação das pessoas que não foram imunizadas nessas ações. Uma triagem foi feita durante toda a semana, do dia 7 ao dia 11, de pessoas que se cadastraram no site da prefeitura e receberam as orientações via SMS para uma nova avaliação de documentos para poder receber a dose da vacina.

Todo o processo de cadastro e vacinação em Botucatu tem o acompanhamento e auditoria realizados pelas Forças de Segurança do Município (Guarda Civil Municipal, Polícia Civil e Polícia Militar), OAB Botucatu, Justiça Eleitoral, Ministério Público e Tribunal de Justiça de São Paulo.

Sequenciamento genético

Após receber a vacina, o morador de Botucatu deve assinar um termo para autorizar, em caso positivo de Covid-19 depois da aplicação, os procedimentos para fazer o sequenciamento genético do vírus.

Essa análise do material genético de testes positivos é a principal ferramenta do estudo de efetividade. É com o sequenciamento genético que os cientistas vão descobrir se a vacina consegue reduzir tanto os casos graves da doença quanto a transmissão das variantes.

Para autorizar, é simples e seguro: basta assinar um documento. Esse tipo de termo é comum em pesquisas e foi aprovado pelo Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão que monitora e fiscaliza a aplicação de políticas públicas do SUS. O termo garante sigilo dos dados, que só vão ser registrados pelos cientistas.

Fonte: G1

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