Irritação, hipersensibilidade, dores musculares e de cabeça. Esses são alguns dos sintomas que as mulheres sabem que irão enfrentar durante seu ciclo menstrual, a chamada Síndrome de Tensão Pré-Menstrual ou como é conhecida popularmente, a Tensão Pré-Mentrual-TPM.
Essa síndrome, caracterizada por ser um conjunto de sintomas físicos e comportamentais, afetam a mulher nas esferas biológica, psicológica e social. O último ponto, inclusive, é um dos motivos que mais têm contribuído para que esse problema se agrave. Competitividade no mercado de trabalho, estresse, má qualidade de vida são uns dos motivos que mais têm contribuído para que a TPM se torne mais agressiva ? s mulheres.
Uma pesquisa, que tem a colaboração da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB), pretende comprovar a eficácia de um medicamento que agrega as substâncias drospirenona e etinilestradiol- já vendido comercialmente no Brasil- como anticontraceptivo e redutor dos sintomas da tensão pré-menstrual em sua totalidade. Através de sua Unidade de Pesquisa Clínica (Upeclin), a FMB integra uma rede composta por onze centros que irão observar, durante seis meses, o uso contínuo dessa substância.
A pesquisa já está em andamento. Envolve mais de 500 pacientes, sendo que 30 mulheres- entre 18 e 39 anos- serão acompanhadas pela Unidade de Pesquisa Clínica da FMB (Upeclin). Todas as voluntárias receberam um questionário onde detalharam informações sobre o histórico de sintomas e como cada uma enfrenta o período pré-menstrual.
Um grupo receberá o anticoncepcional de forma contínua e as demais mulheres farão o uso durante 24 dias, com interrupção de 4 dias para a menstruação. A análise se dará nos efeitos da substância em reduzir os sintomas característicos da síndrome. O que se busca nesse estudo é saber se para a mulher é mais efetivo o uso desse produto de modo contínuo e se essa postura é eficaz para amenizar o que ela sente nos dias que antecedem a menstruação, ressalta professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, Eliana Nahas, coordenadora do estudo pela Unesp.
Estudos têm observado que mulheres com a Síndrome de Tensão Pré-Menstrual têm obtido melhores resultados para a supressão dos sintomas com o uso direto do medicamento. Caso isso seja confirmado com essa pesquisa, será uma alternativa eficaz para que mulheres amenizem os efeitos da Síndrome de Tensão Pré-Mentrual, ressalta.
No entanto, nem todas as mulheres podem participar do estudo. Portadoras de problemas como diabetes, obesidade, que usem medicamentos antidepressivos ou não possuam tolerância ao hormônio em análise estão descartadas do grupo.
Eliana salienta que, para mulheres que sofrem com a síndrome, o período que antecede a menstruação se torna o mais crítico. Não há um grupo de risco específico desse problema. O que ocorre é o aparecimento de um conjunto de sinais que são assintomáticos, onde a mulher passa alguns dias sem inconveniência. Uma semana antes, no entanto, ela desenvolve sintomas psíquicos como irritabilidade e choro fácil; além de físicos como cefaleia (dores de cabeça), inchaço, entre outros, complementa a pesquisadora.
O estudo ainda deve passar pela coleta de dados nos diferentes centros participantes espalhados pelo país. Com os resultados será possível que médicos indiquem o uso da substância sem interrupção em mulheres que sofram os efeitos da síndrome no período menstrual, conforme prevê Eliana. Essa síndrome tem ganhado mais espaço dentro da Medicina por causa da sobrecarga de trabalho da mulher, além da opção dela engravidar mais tarde e até menos do que décadas atrás. Há todo um conjunto de fatores que facilitam o aparecimento do problema e isso tem despertado o interesse da Medicina, finaliza a pesquisadora.
Fonte: Flávio Fogueral
Jornal da FMB
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