Médica de Botucatu alerta sobre riscos do cigarro eletrônico: “não é vapor d’água, é veneno”

Saúde
Médica de Botucatu alerta sobre riscos do cigarro eletrônico: “não é vapor d’água, é veneno” 21 outubro 2025

Docente da FMB, pneumologista Irma Godoy explica como o “vape” causa dependência, doenças pulmonares graves e afeta até pessoas que não fumam

A recente apreensão de cigarros eletrônicos e essências pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Botucatu reacendeu o alerta sobre os riscos do uso desses dispositivos. O tema foi abordado no Primeiro Jornal da Prever FM (100.9), desta terça-feira, 21, que recebeu a pneumologista Dra. Irma Godoy, Professora Titular na Faculdade de Medicina de Botucatu (UNESP), para uma entrevista esclarecedora sobre os impactos do chamado “vape” na saúde.

De acordo com a médica, o cigarro eletrônico foi criado pela indústria do tabaco com uma estratégia direcionada ao público jovem. “Ele é colorido, bonito, tem sabor de morango, menta, baunilha, e não deixa cheiro. Isso atrai os adolescentes, que acham que estão inalando vapor d’água. Mas, na verdade, é um aerosol cheio de nicotina e substâncias tóxicas”, alertou.

Segundo a especialista, o cigarro eletrônico contém nicotina em doses até 300 vezes maiores que o cigarro comum, além de metais pesados, formaldeído e acetona — substâncias reconhecidamente cancerígenas. “O vape começou com uma grande mentira. Disseram que era 95% mais seguro que o cigarro, mas isso nunca foi comprovado. Hoje sabemos que ele provoca inflamações pulmonares graves, destrói o tecido pulmonar e pode causar até a morte”, destacou.

A Dra. Irma lembrou que já há registros de mortes e transplantes de pulmão em jovens usuários nos Estados Unidos. “Antes da Covid, houve um surto chamado EVALI, de lesões pulmonares relacionadas ao cigarro eletrônico, com mais de 60 mortes e 2 mil internações. O pulmão desses pacientes ficava completamente branco, igual aos quadros mais graves de infecção respiratória.”

Além dos riscos diretos, a médica destacou que o vape também afeta fumantes passivos. Estudos internacionais identificaram metais pesados no leite materno e no cabelo de crianças expostas à fumaça desses dispositivos. “Quem está ao lado inala as mesmas substâncias, o perigo é o mesmo”, reforçou.

Outro ponto preocupante é a velocidade da dependência. “Um pod (embalagem de vape) tem até 300 miligramas de nicotina, o equivalente a 15 maços de cigarro. Em poucos dias, o cérebro cria receptores e a pessoa já fica dependente. A nicotina do vape causa uma dependência semelhante à da heroína e cocaína”, explicou.

A médica também comentou a facilidade de acesso ao produto, mesmo sendo proibido no Brasil desde 2009. “Hoje se compra vape até por aplicativos de entrega. A fiscalização é difícil, mas a lei prevê a perda do CNPJ para estabelecimentos flagrados vendendo. A população pode e deve denunciar à Vigilância Sanitária”, orientou.

Para os pais, o alerta é redobrado. “O cheiro é doce, o formato parece de brinquedo, e os jovens usam até dentro dos banheiros das escolas. É preciso conversar, orientar e, se necessário, buscar ajuda médica. A dependência de nicotina é uma doença reconhecida pela Organização Mundial da Saúde”, ressaltou.

Encerrando a entrevista, a Dra. Irma deixou um recado direto: “Não se enganem com a aparência inofensiva do vape. Ele destrói o pulmão, causa doenças irreversíveis e mata jovens.”

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