Imunoglobulina Anti-D: a proteção invisível para milhares de bebês

Saúde
Imunoglobulina Anti-D: a proteção invisível para milhares de bebês 12 março 2025

Ela é um anticorpo utilizado para evitar que gestantes com fator Rh negativo desenvolvam uma resposta imunológica contra o sangue Rh positivo de seus bebês

A história de James Harrison, o “Homem do Braço de Ouro”, trouxe à tona a importância da imunoglobulina anti-D, um anticorpo essencial para a prevenção da doença hemolítica do feto e do recém-nascido. Sua contribuição ajudou a salvar milhões de bebês na Austrália e despertou o interesse da ciência na produção sintética desse composto.

A imunoglobulina anti-D é um anticorpo utilizado para evitar que gestantes com fator Rh negativo desenvolvam uma resposta imunológica contra o sangue Rh positivo de seus bebês. Sem essa proteção, o sistema imunológico materno pode atacar as células do feto, causando anemia severa e até mesmo a morte.

O desafio da produção sintética

Atualmente, cientistas ao redor do mundo trabalham para desenvolver uma versão sintética da imunoglobulina anti-D, o que eliminaria a dependência de doadores raros como Harrison. O Instituto de Pesquisa Médica Walter e Eliza Hall, na Austrália, está entre os líderes nesse processo. No Brasil, instituições como a FMB/Unesp têm potencial para contribuir com estudos semelhantes no futuro.

A imunoglobulina anti-D continua sendo um elemento vital na prevenção da doença hemolítica perinatal. Enquanto cientistas buscam alternativas sintéticas, a importância da doação de plasma permanece crucial para garantir o tratamento.

James Harrison, o homem do braço de ouro

James Harrison, um dos mais notáveis doadores de sangue do mundo, morreu aos 88 anos enquanto dormia em uma casa de repouso em Nova Gales do Sul, na Austrália, no dia 17 de fevereiro. A família confirmou a informação nesta segunda-feira (3) à BBC.

Em 2005, foi reconhecido pelo recorde mundial de maior quantidade de plasma doado, título que manteve até 2022: seu plasma sanguíneo salvou a vida de cerca de 2 milhões de bebês.

Conhecido como o “Homem do Braço de Ouro”, Harrison possuía um anticorpo raro no sangue, chamado Anti-D, essencial na produção de medicamentos que protegem bebês em gestação contra a doença hemolítica do feto e do recém-nascido, uma condição sanguínea potencialmente fatal: ocorre quando o tipo sanguíneo da gestante é Rh negativo e o tipo sanguíneo do feto é Rh positivo, ou seja, incompatível.

A doação de sangue tornou-se um compromisso de vida para Harrison após ele receber transfusões que salvaram sua vida durante uma cirurgia torácica aos 14 anos. Aos 18, começou a doar plasma regularmente e manteve essa prática por mais de seis décadas, até os 81 anos. Em 2005, foi reconhecido pelo recorde mundial de maior quantidade de plasma doado, título que manteve até 2022.

Antes da criação da vacina imunoglobulina anti-D, na década de 1960, um em cada dois bebês diagnosticados com a doença hemolítica não sobrevivia. A condição ocorre quando os glóbulos vermelhos do feto são incompatíveis com os da mãe, fazendo com que o sistema imunológico materno os ataque, causando anemia severa e risco de morte.

O Serviço de Sangue da Cruz Vermelha Australiana, conhecido como Lifeblood, estima que menos de 200 doadores anti-D no país auxiliem cerca de 45 mil mães e bebês anualmente. Cientistas do Instituto de Pesquisa Médica Walter e Eliza Hall estão trabalhando para reproduzir os anticorpos anti-D em laboratório, usando células de Harrison e outros doadores, com o objetivo de garantir a disponibilidade global do tratamento.

“Desenvolver uma terapia sintética tem sido um ‘santo graal’ da ciência”, afirmou David Irving, diretor de pesquisa da Lifeblood à BBC, ressaltando a dificuldade em encontrar doadores regulares com a capacidade de produzir anticorpos em quantidade e qualidade suficientes.

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