O Hospital das Clínicas se manifestou na tarde desta quinta-feira, dia 17, sobre o caso Nascer. Funcionários do grupo terceirizado pelo HC estão sem receber salários há 3 meses e paralisaram as atividades no início desta tarde.
O Acontece Botucatu entrou em contato com o HC para saber a posição oficial da instituição perante este caso que ganhou enorme repercussão.
Em nota enviada pela Assessoria de Imprensa e assinada pelo Superintendente, Prof. Dr. Emilio Carlos Curcelli, o HCFMB reconhece as irregularidades da Nascer, mas diz que a solução não depende dele.
Confira a nota:
A empresa Nascer & Nascer possui contrato de prestação de serviços de recepção e controle de acesso há mais de 2 anos e nove meses com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu.
Recentemente, a empresa não vem cumprindo com suas obrigações contratuais com seus funcionários.
A solução não depende do Hospital das Clínicas, sendo que aguardamos reunião com os representantes do Sindicato dos Trabalhadores ou manifestação judicial.
Diante do quadro apresentado o Hospital das Clínicas está empenhado em solucionar a questão com maior brevidade e dentro das possibilidades legais.
Atenciosamente,
Prof. Dr. Emilio Carlos Curcelli
Superintendente do HCFMB
Relembre o caso – Funcionários de terceirizada no HC paralisam após 3 meses sem salários
Vergonha e descaso talvez sejam as palavras (publicáveis) mais apropriadas para ilustrar a situação de dezenas de funcionários que trabalham no Hospital das Clínicas de Botucatu através da Nascer & Nascer Comércio de Materiais de Segurança, Serviços e Limpeza Ltda, empresa contratada pelo Hospital para serviços de portaria, limpeza, entre outros. Cansados de trabalhar sem receber, os funcionários paralisaram suas atividades na tarde desta quinta-feira, dia 17.
A concentração desses trabalhadores ocorreu na entrada da Superintendência do HC e contou com a presença de todos os terceirizados, inclusive de ex-funcionários que ainda aguardam verbas rescisórias. O intuito da paralisação é simples, todos querem receber seus salários, o que não acontece há 3 meses. Sim, são 3 meses que trabalhadores com famílias se viram para sobreviver sem salários.
Miriam Silva, que trabalha na Nascer, explicou o protesto. Ela disse que a paralisação foi uma decisão de todos os funcionários da empresa que prestam serviço para o Hospital das Clínicas.
“Fui pega de surpresa. Tinha uma reunião agendada para hoje entre o gestor do contrato e o hospital para discutir essa situação de forma amigável, mas esse encontro foi desmarcado. Então a paralisação, que ocorreria amanhã, foi antecipada. Minha missão aqui é manter a ordem, mas ao mesmo tempo é um direito deles protestarem”, disse.
A angústia era flagrante no rosto de cada um e o medo de represália caminha junto com a necessidade que cada um está passando. Uma funcionária que pediu para não ser identificada chegou a pedir socorro ao Acontece Botucatu em um ato de desespero pela situação.
“Por favor, ajuda a gente, te imploro. Noticia a nossa situação. A gente não recebe há 90 dias, pois está virando o mês. As contas vão chegando e não temos dinheiro para pagar. Todo mundo aqui tem família. Estou passando dificuldade com meus filhos e não vejo solução. Por favor ajuda a gente”, disse a funcionária. “Eu não quero aparecer, pois se estou sem receber trabalhando, tenho medo de represália”, completou com semblante de choro.
Drama e revolta são sentimentos distintos que se misturam na situação dos funcionários da Nascer que trabalham no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina. A falta de informação por parte de quem poderia resolver o problema também potencializa o drama.
“ São 3 três meses sem receber. Muitos aqui receberam de forma emergencial, como eles disseram, R$200 para cobrir despesas do vale transporte. Mas e o nosso salário? E ainda falaram que esse valor seria descontado de quando a gente recebesse. Eu sei que tem gente passando fome, tem funcionária aqui que está grávida e passando por essa situação sem receber. Todos possuem família para sustentar e essa situação se arrasta”. Lamentou a funcionária Tatiana Ajada, que presta serviço para a Nascer desde março de 2015.
Telefones que tocam sem ninguém atender, e-mails que não são respondidos e site fora do ar. Falar com o Grupo Nascer é uma missão difícil.
Calote não é de hoje
Em março deste ano o Acontece Botucatu mostrou a situação de aproximadamente 30 funcionários desligados da empresa que não receberam verbas rescisórias. Na oportunidade os trabalhadores relataram, entre tantas outras coisas, assédio moral no ambiente de trabalho.
Até o FGTS dos funcionários não era depositado. Na oportunidade o Acontece Botucatu fez contato telefônico com o senhor Altair Cardoso dos Santos, gerente regional do grupo Náscer em Botucatu. Ele disse que a empresa está em dificuldades financeiras, reconhece as pendências, mas que existe a intenção de acertar com todos. (relembre matéria nesse link)
O Grupo Náscer atua há mais de 10 anos no ramo comercial de prestação de serviços. Tendo destaque voltado para as áreas de Segurança, Portaria e Serviços Gerais. Em seu site a empresa usa os termos seriedade e honestidade e excelência em serviço.
Compartilhe esta notícia