No chamado “Setembro Verde”, o Hospital das Clínicas (HC) de Botucatu (100 quilômetros de Bauru) vem agindo em duas frentes para tentar reduzir a fila de espera por transplantes. Além de sensibilizar familiares de pacientes sobre a importância da doação de órgãos e tecidos, a unidade atua junto à equipe de captação para tentar aumentar o número de doadores.
Segundo o coordenador médico da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do HC, Laércio Stefano, as pessoas devem manifestar a vontade de ser doador de órgãos em vida. “Apesar do momento difícil da perda do ente querido, a doação é um ato de amor”, ressalta.
Ele conta que o momento em que a família do paciente é comunicada sobre possível diagnóstico de morte é muito delicado. “Nessa etapa, há a conversa sobre a possível doação de órgãos. Havendo autorização pela família, a Central de Transplantes é acionada”, explica.
A assistente Ana Cláudia Albino reconhece esse momento. Há alguns meses, ela perdeu a irmã, vítima de meningite, e autorizou a doação de córnea e rins. “Trabalhar na área da saúde me ajudou a entender a luta dos pacientes que aguardam por um transplante”, afirma.
Sérgio Pleti, 64 anos, foi diagnosticado com cirrose hepática. Em exames de rotina, recebeu a notícia que precisava de um transplante de fígado durante o tratamento. “Tive muita esperança e sempre acreditei que conseguiria um novo órgão. Nunca perdi a fé”, revela.
O paciente recebeu um novo órgão no HC há dois meses e se recupera bem. “A atitude dessa família, em uma hora de dor, trouxe a minha vida de volta e sempre serei grato por isso”, declara.
A OPO
A OPO, vinculada ao Biobanco do HC, é responsável por 51 municípios da região e também por organizar captações de órgãos e distribuições para transplantes no âmbito da sua área de abrangência e, algumas vezes, até de outros estados.
A busca da OPO se inicia quando paciente com morte encefálica internado no HC ou em um dos hospitais da região é detectado e considerado um potencial doador.
Uma vez concluído todo o protocolo de morte encefálica, a família é acolhida pela OPO, que apresenta a possibilidade de doação de órgãos e tecidos.
Em caso positivo, é desencadeado o processo de captação e a pesquisa pela Central de Transplantes por possíveis receptores. Segundo a legislação brasileira, a retirada de órgãos e tecidos só pode ser feita após autorização da família do doador.
Fonte: JCNet
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