Implantado há 17 anos, o Serviço de Aférese Terapêutica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), autarquia vinculada ? Secretaria de Estado da Saúde e sob gestão da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp (FMB) atingiu, em outubro, a marca de mil procedimentos realizados.
Essa modalidade de assistência consiste na separação de células ou plasma do sangue para fins terapêuticos. Pode ser usada em casos de extrema gravidade ou urgência nas áreas de neurologia (em doenças autoimunes), nefrologia (no caso de transplantes renais) e hematologia, em situações de patologias no sangue.
O serviço, que abrange uma população de mais de 5 milhões de pessoas do Departamento Regional de Saúde de Bauru (DRS 6), conta atualmente com o auxílio de três máquinas exclusivas para esses tipos de procedimentos. Tais aparelhos também podem ser usados para a coleta de plaquetas sanguíneas que servirão para doação.
Considerada na maioria dos casos como uma terapia complementar, a aférese terapêutica abrange o plasma, hemáceas, leucócitos e plaquetas que integram toda a composição do sangue humano. A máquina usada nesse processo identifica a substância a ser separada (aférese) e descartada. Ao mesmo tempo, repõe o que foi retirado com material doado. Aos poucos, o organismo faz a substituição e complementação natural.
Desde 2007, o HCFMB registrou 500 desses procedimentos. A crescente no número é resultado de detecção precoce de problemas como síndromes relacionadas ao HIV (vírus causador da aids), doenças hematológicas, entre outras; conforme avalia Polyana Domene Duarte, médica responsável pelo Serviço de Aférese. Essa especialidade, dependendo da doença do paciente, oferece chance de resposta positiva em 90% dos casos. A Aférese Terapêutica pode parar a evolução da patologia e auxiliar na volta ? normalidade do organismo, ressalta.
Segundo a especialista, mais de 90% dos casos atendidos pelo HCFMB consistem em realização de aférese de plasma. A implantação dessa terapia complementar tem auxiliado pacientes em doenças raras e de alta mortalidade, como a Púrpura Trombótica- distúrbio do sangue caracterizado por quantidade baixa de plaquetas, contagem de glóbulos vermelhos reduzidas devido ? decomposição prematura das células; e anomalias neurológicas.
Nos últimos quinze anos fizemos a Aférese Terapêutica em treze pacientes com a Púrpura Trombótica e tivemos 80% de sobrevida dessas pessoas. Além da constatação precoce das doenças que possam ser tratadas pelo procedimento, o aprimoramento da técnica em uso para a separação das substâncias prejudiciais também é um fator positivo importante, explica a médica.
Além do HCFMB, o serviço é oferecido somente por mais duas unidades de saúde no interior paulista vinculadas ao SUS (Sistema Único de Saúde): Hospital das Clínicas de Ribieirão Preto da USP (Universidade de São Paulo) e o Hospital das Clínicas da Unicamp- Universidade Estadual de Campinas.
A equipe do serviço, em Botucatu, é composta por três médicos e quatro enfermeiros. A Aférese Terapêutica foi criada em 1993 pelo atual diretor do Hemocentro do HCFMB, José Mauro Zanini. Essa técnica acarretou mais segurança e melhor resposta aos pacientes nos diversos tratamentos realizados pelo procedimento, frisou o médico, que também é membro do Grupo Latino Americano de Aféreses (GLHEMA) e representante da Comissão Científica de Aférese da Hemorede-SP.
Para ele, a marca de 1 mil procedimentos representa o avanço da tecnologia em prol da saúde pública, já que todos os processos de Aférese Terapêutica do HCFMB têm cobertura pelo SUS. Com esse serviço, atualmente atendemos com sucesso pacientes que antes viriam a óbito e oferecemos mais chances de recuperação ? s pessoas atendidas, finalizou Zanini.
Fonte: Flávio Fogueral
Jornal da FMB