Governo de SP cria rede de transfusão de plasma para tratamento de doentes com Covid

Saúde
Governo de SP cria rede de transfusão de plasma para tratamento de doentes com Covid 26 março 2021

Instituto Butantan coordenará nova estrutura de coleta, distribuição e uso do produto nos serviços de saúde de todo o estado

O Vice-Governador Rodrigo Garcia anunciou nesta sexta-feira (26) a criação de uma rede para garantir o tratamento de pacientes de Covid-19 pela transfusão do plasma de convalescente, produto obtido a partir do sangue coletado de outras pessoas infectadas com o novo coronavírus.

“Esse esforço da rede de plasma se assemelha ao de uma doação de sangue, com critérios objetivos de quem pode doar e quem pode receber. Faremos a coleta e a distribuição do plasma doado por pessoas já contaminadas e que tem os anticorpos para pacientes em tratamento”, afirmou o Vice-Governador.

Sob coordenação do Instituto Butantan, a nova estrutura deverá garantir a logística necessária para coletar, distribuir e utilizar o plasma convalescente nos serviços de saúde de todo o Estado. Os pilotos do projeto serão implantados, inicialmente, nas cidades de Santos, no litoral sul; e em Araraquara, no interior do Estado.

Para a criação da rede, o Butantan contará com a colaboração de cinco grandes hemocentros parceiros: HHemo, Fundação Pró-Sangue e Colsan, em São Paulo; Hemocentro da Unicamp, em Campinas; e Hemocentro de Ribeirão Preto.

O plasma de convalescente, retirado do sangue de voluntários, contém anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2. É obtido por meio de doação de sangue voluntária de pessoas que já foram contaminadas pelo novo coronavírus e que, portanto, já possuem anticorpos.

Segundo o diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, até o momento, não há terapia específica contra a Covid-19, mas o tratamento com o plasma tem trazido bons resultados. “O objetivo do plasma é transferir ao paciente anticorpos de maneira passiva, até que o organismo afetado tenha tempo de reagir e montar a sua resposta imune. Trata-se de uma vacina instantânea, uma forma de tratamento que pode ser usada em meio à pandemia”.

As regras para doar o plasma são as mesmas seguidas para doar o sangue: ter boas condições de saúde, ter entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 quilos, evitar alimentação gordurosa antes da doação e apresentar documento original com foto. É fundamental que o doador já tenha sido contaminado pela Covid-19 anteriormente, pelo menos 30 dias antes do ato da doação.

O plasma de convalescente é indicado para pessoas que estão apresentando sintomas há, no máximo, 72 horas, e que têm diagnóstico confirmado por exames. Os públicos-alvos do tratamento são os imunossuprimidos, idosos e pacientes com comorbidades.

Os voluntários devem ser, prioritariamente, do sexo masculino. Isso porque, durante a gestação, a mulher libera anticorpos na corrente sanguínea que podem causar uma reação grave chamada TRALI (transfusion-related acute lung injury) no paciente que recebe a transfusão.

Ferramenta virtual

Uma ferramenta de assistência virtual do Butantan, chamada “Tainá”, vai auxiliar na organização da rede, por meio do controle do estoque de plasma, monitoramento dos locais onde o produto será distribuído e de quais os pacientes que serão contemplados, além de efetuar o acompanhamento da evolução clínica de cada pessoa que receber o plasma.

Claudia Anania, gerente de TI do instituto, explica que é mais uma forma da tecnologia ser usada a favor da saúde. “A Tainá vem sendo utilizada em diversos projetos do Butantan, e agora vai organizar a rede de plasmas para termos controle e segurança de nossas ações em várias cidades do país”.

 

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