Victor Alexandre Percinio Gianvecchio comenta a construção de um banco de dados que possibilita a implementação de políticas públicas de prevenção
Um estudo sobre o panorama epidemiológico do suicídio inova ao construir um banco de dados a partir de Boletins de Ocorrência (BO) policial e laudos do Instituto Médico Legal (IML). A pesquisa detecta a subnotificação de casos e avança no entendimento das circunstâncias do suicídio para auxiliar na implementação de políticas públicas.
Victor Alexandre Percinio Gianvecchio, doutor em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, médico legista responsável pelo Laboratório de Toxicologia do IML, docente da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP e autor do estudo, explica que a base de dados de mortalidade é fornecida pelo Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, mas em casos como suicídio e acidentes, a causa básica da morte acaba ficando subnotificada.
“A gente buscou trazer uma informação aprimorada sobre os casos de suicídio”, afirma. Através do acesso aos dados de BOs e do IML, foi possível identificar o número de casos maior do que o registrado e obter maior detalhamento sobre as condições do suicídio. “A gente teve um ganho quantitativo e um ganho qualitativo na informação”, diz Gianvecchio, ao comentar que a pesquisa identificou 2.469 casos de suicídio em 2015 no Estado de São Paulo, 7,5% a mais do que o número oficial do SIM.
O professor afirma que as políticas públicas de prevenção são direcionadas para restringir os meios utilizados pelas pessoas ao cometer suicídio. “Conhecer detalhadamente a maneira como as pessoas fazem o ato é importantíssimo para a gente poder direcionar as políticas.”
O suicídio é um grave problema de saúde pública mundial. Gianvecchio explica que a taxa brasileira é 6,6 a cada 100 mil habitantes, número relativamente baixo, mas que vem aumentando. A pesquisa também identificou que homens cometem três vezes mais suicídio do que mulheres e a faixa etária mais frequente é de 20 a 39 anos.
Entre as sugestões para a prevenção, o professor cita o cuidado das pessoas com transtornos mentais, tentativas anteriores e utilização de grades de proteção em lugares altos. Também é preciso tomar cuidado com o uso e acesso a bebidas alcoólicas.
Fonte: Jornal da USP
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