Estudo da Unesp Botucatu aponta padrão no sangue que revela gravidade da pré-eclâmpsia

Saúde
Estudo da Unesp Botucatu aponta padrão no sangue que revela gravidade da pré-eclâmpsia 08 maio 2025

Pesquisadoras analisaram sangue de 173 gestantes; resultados indicam como a doença afeta rins, fígado, pulmões e cérebro, e podem ajudar a prever casos graves

Um estudo realizado na Unesp de Botucatu deu um passo importante na luta contra a principal causa de mortalidade materno-fetal no Brasil: a pré-eclâmpsia, condição grave que afeta gestantes e é marcada por pressão alta e complicações em órgãos como rins, fígado e cérebro.

A pesquisa, publicada na revista científica PLOS ONE, analisou amostras de sangue de 173 gestantes divididas em quatro grupos: saudáveis, com hipertensão gestacional, com pré-eclâmpsia e com pré-eclâmpsia grave. O objetivo foi identificar alterações metabólicas no sangue dessas mulheres, ou seja, mudanças nas substâncias produzidas pelo organismo durante a gestação.

Coordenado pela professora Valeria Cristina Sandrim, do Instituto de Biociências da Unesp Botucatu (IBB), o estudo mostrou que o padrão dos compostos no sangue muda de acordo com a gravidade do quadro. Foram identificados 19 metabólitos e 11 deles apresentaram diferenças importantes entre os grupos analisados.

“As alterações metabólicas nos ajudam a entender melhor o que acontece no corpo das gestantes e também dão pistas sobre como o organismo vai reagir, o que pode orientar futuros tratamentos”, explica Sandrim.

Entre os compostos com níveis mais altos nos casos graves estavam alanina, valina, glutamina e N,N-dimetilglicina, todos associados a disfunções renais e hepáticas. A pesquisa também apontou desequilíbrios no metabolismo do nitrogênio, da metionina e no ciclo da ureia.

As amostras foram coletadas no Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto. Já as análises foram realizadas em laboratórios da Unesp de São José do Rio Preto, da Unicamp e também na própria Unesp de Botucatu, com o uso de uma técnica avançada chamada espectroscopia por ressonância magnética nuclear.

Além de ampliar o entendimento da pré-eclâmpsia, o estudo abre caminhos para duas novas frentes de pesquisa. Uma delas vai buscar, em laboratório, possíveis medicamentos para reverter os efeitos metabólicos da doença. A outra linha, já em andamento, pretende identificar biomarcadores capazes de prever a pré-eclâmpsia antes mesmo de os sintomas aparecerem, o que pode salvar vidas especialmente em regiões sem estrutura especializada.

“Temos amostras coletadas antes do diagnóstico, e com isso esperamos encontrar sinais precoces da doença. Isso é essencial porque nem todas as cidades contam com maternidades equipadas para lidar com essas complicações”, afirma Sandrim.

Essa é mais uma prova da importância da ciência feita em Botucatu, com impacto direto na saúde das mulheres em todo o país. Acesse o artigo completo (em inglês):
Plasma metabolic profile reveals signatures of maternal health during gestational hypertension and preeclampsia without and with severe features

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