Som da voz também pode ser analisado e prever doença coronariana, mostraram pesquisadores em evento do Colégio Americano de Cardiologia
Em se tratando de coração, qualquer novidade é consumida com avidez, por isso aproveito para escrever sobre quatro estudos recém-divulgados. O primeiro trata de um tema que ganha cada vez mais espaço nos congressos médicos: a espiritualidade, associada à descoberta de um significado e propósito para a existência, mas sem estar necessariamente vinculada a qualquer religião.
Pacientes com insuficiência cardíaca enfrentam sintomas como falta de ar (dispneia), dor no peito, fadiga, dificuldade para dormir, ansiedade e depressão, que limitam suas atividades físicas e sociais. Para Rachel Tobin, médica do Duke University Hospital, “diferentemente de outras doenças crônicas, trata-se de uma condição que pode levar ao isolamento e à desesperança”. Ela é um dos pesquisadores que fizeram uma revisão de 47 artigos e constataram que o bem-estar espiritual havia trazido uma significativa melhora na qualidade de vida desses indivíduos.
A reboque, emendo com o segundo estudo, sobre como a atividade física ajuda a ativar partes do cérebro que se contrapõem ao estresse. Dessa forma, exercitar-se é ainda mais vantajoso para as pessoas que sofrem de ansiedade e depressão.
A pesquisa apontou que indivíduos que praticavam exercícios com regularidade tinham um risco 17% menor de sofrer um evento cardiovascular de grandes proporções. Esse benefício se ampliava, e chegava à diminuição de risco de 22%, para quem tinha lidava com um quadro de ansiedade e depressão.
Na linha de frente da inteligência artificial, trabalho apresentado na 71ª. Sessão Científica do Colégio Americano de Cardiologia mostrou que um programa de computador, baseado em algoritmos, conseguia prever a probabilidade de uma pessoa sofrer problemas cardiovasculares devido ao entupimento de artérias baseado no seu registro de voz.
Os pesquisadores recrutaram 108 participantes e cada um deles enviou três gravações de 30 segundos: a primeira era a leitura de um texto; na segunda, se falava livremente sobre uma experiência positiva; e a terceira era também um discurso livre, mas sobre uma experiência negativa.
O aplicativo Vocalis Health é capaz de analisar 80 características das amostras, sendo que seis delas estão relacionadas com doença cardiovascular. Um terço dos pacientes exibiu pontuação alta, de maior risco; dois terços, uma pontuação baixa. O grupo foi monitorado por dois anos e, entre os que tinham sido apontados como de risco, 58.3% tiveram algum tipo de evento cardiovascular.
A tecnologia ainda não está disponível para uso clínico, mas tem enorme potencial na telemedicina. “Estratégias não invasivas e que possam ser utilizadas remotamente ganharam importância durante a pandemia”, afirmou Jaskanwal Deep Singh Sara, cardiologista da Mayo Clinic. “Enviar uma amostra de voz é algo simples e até divertido, além de permitir aos médicos aperfeiçoar o monitoramento dos pacientes”, acrescentou.
Para encerrar, uma boa notícia para os amantes de café: duas ou três xícaras por dia estão associadas a uma chance menor de doença cardiovascular ou arritmias.
“Como o café pode acelerar os batimentos cardíacos, algumas pessoas se preocupam que a bebida pode ser um gatilho ou piorar uma condição cardíaca, mas nossos dados sugerem que o consumo diário de café não deveria ser desencorajado, e sim fazer parte da dieta de indivíduos com ou sem doença cardiovascular”, disse o médico Peter Kistler, professor do Baker Heart Institute, na Austrália. Seu time utilizou as informações do UK BioBank, com dados de 500 mil britânicos que foram acompanhadas por pelo menos dez anos, e mapeou a relação entre a ingestão de café (de uma a seis xícaras diárias) e arritmias, insuficiência cardíaca e derrames.
No primeiro levantamento, os pesquisadores examinaram dados de mais de 382 mil pessoas sem diagnóstico de problemas cardíacos para ver se beber café representaria algum perigo nos dez anos de monitoramento da sua saúde. Os participantes tinham, em média, 57 anos, e metade era composta de mulheres.
Nesse grupo, beber de duas a três xícaras de café estava associado à diminuição de risco de 10% a 15% de doenças do coração. O segundo estudo incluiu 34 mil indivíduos com algum tipo de distúrbio cardíaco e o consumo da mesma quantidade de café também estava atrelado a menores chances de complicações.
Fonte: G1
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