Antes da lei, essas profissionais só podiam acompanhar partos se a equipe médica autorizasse
No dia 15 de fevereiro, foi aprovado pela Câmara Municipal de Botucatu o projeto de Lei 92/2015, que autoriza a presença das doulas no momento do parto, nas maternidades do Município. As doulas são profissionais que orientam e assistem a gestante no parto e nos cuidados com bebê. Elas não têm formação médica, mas são cada vez mais solicitadas para acompanharem as mães e seus bebês no antes, durante e pós-parto.
O projeto, de autoria do vereador Lelo Pagani (REDE), vai ao encontro de um movimento nacional para a regulamentação da atividade. Em janeiro desse ano, Santa Catarina foi o primeiro estado brasileiro a regulamentar a atuação da doulas em seus hospitais.
A obstetra Cláudia G. Magalhães, que atua desde 2002 na maternidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), com atendimento às gestantes durante o pré-natal, parto e pós-parto, fala sobre a aprovação da Lei que permite a presença das doulas durante os partos em Botucatu.
"Acredito que a aprovação da lei das doulas foi um avanço na melhoria da assistência ao parto em nossa cidade. Na maternidade do HCFMB, as doulas já são bem-vindas mesmo antes da lei, mas a entrada dessas profissionais necessitava da liberação pela equipe de plantão. Com a lei, fica muito claro que agora a participação dessas profissionais não está mais sujeita à nossa autorização e sim ao desejo da gestante em ter esta profissional ao seu lado. O HCFMB já conta com um serviço voluntário de doulas, que ainda é pequeno, mas acreditamos que com a nova lei também teremos mais profissionais se especializando para suprir essa nova demanda. O que precisa ficar claro é que a participação da doula na assistência ao parto está condicionada ao desejo da mulher, é uma opção e jamais será uma imposição", afirma a especialista.
Cláudia ainda afirma que a participação das doulas durante o trabalho de parto tem sua importância comprovada cientificamente. "Mulheres acompanhadas por doulas têm partos mais rápidos, menor necessidade de analgesia farmacológica, menores índices de cesariana, menos necessidade de parto instrumental (vácuo ou fórceps), maior índice de satisfação com a assistência e melhores índices de APGAR, que consiste em um método simples e eficiente de medir a saúde de seu recém-nascido e de determinar se ele precisa ou não de alguma assistência médica imediata", explica.
Ainda de acordo com a médica, os trabalhos científicos mostram que o apoio físico e emocional oferecido pelas doulas tem melhor impacto sobre esses desfechos do que quando realizado pela própria equipe médica e de enfermagem ou por um familiar. "Além do papel fundamental na assistência ao parto, as doulas também auxiliam na amamentação, dando suporte ao puerpério (período pós-parto). Não há qualquer desfecho negativo relacionado à presença de doulas na assistência", garante a obstetra do HCFMB.
O que a doula faz?
Antes do parto a ela orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. Explica os procedimentos comuns e ajuda a mulher a se preparar, física e emocionalmente para o parto, das mais variadas formas.
Durante o parto a doula funciona como uma interface entre a equipe de atendimento e o casal. Ela explica os complicados termos médicos e os procedimentos hospitalares e atenua a eventual frieza da equipe de atendimento num dos momentos mais vulneráveis de sua vida. Ela ajuda a parturiente a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, mostra formas eficientes de respiração e propõe medidas naturais que podem aliviar as dores, como banhos, massagens, relaxamento, etc..
Após o parto ela faz visitas à nova família, oferecendo apoio para o período de pós-parto, especialmente em relação à amamentação e cuidados com o bebê.
(Ass. de Imprensa do HC)
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