Casos da doença em todo o Brasil aumentaram 172,4%, no comparativo entre 2021 e 2022
Desde o final de dezembro, o hemisfério sul da Terra vive a época mais quente do ano e, particularmente no Brasil, o verão traz novamente a discussão sobre o combate ao mosquito Aedes aegypti, principal vetor de transmissão de doenças como a dengue.
Conforme dados do Ministério da Saúde, os casos desta doença aumentaram 172,4% em todo o Brasil no comparativo entre 2021 e 2022, com 978 mortes contabilizadas até o dia 5 de dezembro. Mas o que é, de fato, a dengue e porque há esta elevação de casos em alguns anos específicos?
Segundo a coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia (NHE) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu (HCFMB), Dr.ª Letícia Lastória Kurozawa, a dengue é uma arbovirose que apresenta sintomas como febre, dores de cabeça e dor no corpo. “A infecção pode causar desde um quadro assintomático até casos mais graves, que podem levar à morte. É importante lembrar que algumas pessoas apresentam maior chance de evoluir para quadros mais graves, como as gestantes, idosos e menores de 2 anos de idade, sendo necessária maior atenção à evolução da doença”.
A médica aponta que, nas cidades que compõem o Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) XVI, houve 1659 casos confirmados de dengue em 2022, sendo 270 somente em Botucatu. No Estado de São Paulo, mais de 325 mil pessoas tiveram diagnóstico positivo para a doença. “O aumento significativo de casos de um ano para outro deve-se a alguns fatores. A dengue, de tempos em tempos, apresenta ondas de prevalência maiores e, em 2022, tivemos um agravante, que é o fato do inverno ter sido mais quente e, com isso, a infestação foi mantida neste período do ano”.
Como forma de prevenção da dengue, além da eliminação de possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, algumas formas de imunização começaram a aparecer em todo o mundo. Desde 2015, existe uma vacina que protege contra todos os tipos de dengue, com o nome comercial de Dengvaxia, encontrada apenas na rede privada de vacinação. Segundo a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), a primeira vacina registrada no mundo para a doença só é recomendada para quem se expôs ao vírus, manifestando sintomas ou não, dentro da faixa etária de 6 a 45 anos.
Nos primeiros dias de 2023, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) está analisando o pedido de registro do imunizante QDEnga, uma vacina que já foi aprovada na União Europeia e está sob apreciação nos Estados Unidos.
Já no Brasil, o Instituto Butantan está na fase final de estudos clínicos para o desenvolvimento de um imunizante nacional para a doença. As análises seguirão até se completarem os cinco anos de acompanhamento de todos os participantes do estudo, o que deve ocorrer em 2024. “Até a liberação destas vacinas, o ponto mais importante é investir na prevenção, eliminando possíveis criadouros do mosquito e não deixando água parada, e toda pessoa que tiver sintomas compatíveis com a dengue deve procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima para atendimento e realização de teste diagnóstico”, encerra Dr.ª Letícia.
Jornal HCFMB
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