A Vigilância Ambiental em Saúde (VAS) informa que até o último sábado (7) a dengue já havia infectado 38 pessoas de Botucatu: 16 casos importados (pessoas que se contaminaram em outras cidades), e 22 autóctones (no município.
Apesar da maioria das notificações serem residentes da região Norte (Bairros: Jardim Shangrilá (6); Jardim Paraíso (5); Vila Nossa Senhora de Fátima, Vila Carmelo e Vila Antártica), a região Leste da Cidade (Vila Contin (3); Jardim Brasil (2); Boa Vista (2); Jardim Vista Linda; Vila Mariana; Vila Maria; e Jardim. Dona Nicota de Barros) contabiliza o maior número de pacientes e suspeitos autóctones. A Secretaria Municipal da Saúde ainda aguarda os exames laboratoriais de outros 74 casos suspeitos.
Em todo o País foram mais de 175 mil casos de dengue contabilizados em janeiro e fevereiro deste ano (no mesmo período de 2014 foram 73.135 casos), com 39 óbitos. Apenas no Estado de São Paulo, após os dois primeiros meses de 2015, já são 96.282 casos positivos de dengue confirmados (no mesmo período de 2014 foram 11.876 casos) e 25 óbitos relacionados à doença.
A preocupação com o avanço da dengue é relevante visto não apenas o atual período de chuvas, mas também pelo número elevado de materiais que acumulam água e continuam a ser encontrados pelos agentes de saúde pública em residências e terrenos baldios do Município.
Pratos e vasos de plantas, calhas e ralos entupidos, bebedouros para animais de estimação, piscinas, bromélias ou qualquer objeto exposto à chuva e que acumule o mínimo de água pode ser um potencial criadouro. Até uma simples casca de ovo ou uma imperfeição no piso pode ser um canal para a proliferação do mosquito.
A Avaliação de Densidade Larvária (ADL) realizada em janeiro deste ano apontava índice de 5,5. Isso representa que a cada 100 imóveis pesquisados na Cidade, uma média de cinco a seis imóveis tem focos com larvas do mosquito transmissor da dengue. O preconizado como satisfatório pela Organização Mundial da Saúde é abaixo de 1. Ou seja, o risco de surto de dengue é real.
“Botucatu só não chegou à situação de epidemia, como em Marília e Sorocaba (cidades já registram mais de 6 mil e 8 mil casos positivos de dengue, respectivamente) porque há anos desenvolvemos um plano com ações bem articuladas e eficientes de bloqueio de criadouros do mosquito. Por isso, neste momento precisamos o comprometimento de todos pois a dengue não é um problema só do Poder Público. É de toda Cidade”, enfatiza o secretário municipal da Saúde, Cláudio Lucas Miranda.
Visitas domiciliares
Outra preocupação da Secretaria de Saúde de Botucatu tem sido o alto percentual de recusa às visitas para orientação e execução de bloqueio de controle de criadores. Muitos moradores não têm autorizado o serviço do agente de saúde pública em suas casas e/ou estabelecimentos comerciais.
Por este motivo o Município entrou na Justiça com pedido de alvará para que esses mesmos agentes possam cumprir seu trabalho, seja em imóveis abandonados, fechados ou naqueles em que o proprietário não permite o ingresso. No final de fevereiro, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (1ª Vara Cível de Botucatu) julgou procedente o pedido, que será válido por todo ano de 2015. Assim, caso seja necessário, o agente de saúde pública poderá contar inclusive com apoio de força policial ou até mesmo de um chaveiro para viabilizar sua entrada no domicílio e realizar a visita.
O procedimento de nebulização é indicado somente em áreas com risco de transmissão ou onde a transmissão já foi desencadeada, uma vez que o uso indiscriminado do produto químico pode fazer com que o mosquito transmissor fique cada vez mais resistente. Outro fator a se considerar é o número de casas abertas, que deve ser acima de 85%, já que o Aedes aegypti está presente no interior dos domicílios em 90% dos casos.
Por isso, ele é preconizado pela Organização Mundial da Saúde como último recurso para o controle de uma epidemia de dengue. O efeito do produto não tem ação residual, isto é, age somente no momento da aplicação. Sendo assim, o controle e eliminação de criadouros do mosquito no domicílio tem um papel muito mais efetivo e duradouro no combate à infestação e, consequentemente, à doença.
Nas atividades de nebulização realizadas em Botucatu os agentes da Vigilância Ambiental comunicam os moradores com pelo menos um dia de antecedência. É recomendado que todos, incluindo animais domésticos, permaneçam foram de suas residências pelo tempo mínimo de 15 minutos, deixem portas e janelas abertas, retirem roupas do varal e cubram utensílios domésticos.
“Já realizamos 41 bloqueios e sete nebulizações em diferentes bairros de Botucatu. Tem semana que nossos agentes chegam a fazer visitas domiciliares até às 19 horas ou mesmo aos sábados, até às 14 horas, justamente para conseguir falar com o morador e ampliarmos o cerco contra a doença. Estamos recebendo de 15 a 20 telefonemas todos os dias, de pessoas que relatam a presença do mosquito em casa e estamos nos esforçando para atender todas as solicitações. Mas agora está na hora de cada cidadão ter consciência, redobrar a atenção e fazer a sua parte em não deixar água acumulada exposta ao mosquito da dengue”, diretor de Departamento em Planejamento em Serviços de Saúde, Rodrigo Iais da Silva.
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