A Secretaria Municipal de Saúde informa que até esta segunda-feira (30) a dengue já havia infectado 290 pessoas de Botucatu: 46 casos importados e 244 autóctones. São 139 casos a mais em relação ao último boletim emitido no dia 18 deste mês. Ainda são aguardados os exames laboratoriais de outros 240 casos suspeitos.
A região Leste continua a liderar o número de casos identificados. Nesta terça-feira (31) as ações de controle da Secretaria de Saúde ficaram concentradas no Jardim Peabiru, que devem se repetir no mesmo bairro nesta quarta-feira (1º de abril), caso as condições climáticas sejam favoráveis.
“O número de casos autóctones, proporcionalmente ao número de habitantes do Município, algo em torno de 139 mil, já coloca Botucatu em estado de emergência contra a dengue. Nossos agentes têm percorrido de seis a oito quarteirões por dia, sem falar o número de imóveis visitados somente neste ano: 8.193 para bloqueio de controle de criadouros e outros 2.400 onde realizamos nebulização [aplicação de inseticida]”, contabiliza Rodrigo Iais, diretor de Departamento em Planejamento em Serviços de Saúde.
Nas últimas semanas, a Secretaria Municipal da Saúde tem articulado reuniões com outras secretarias do Poder Público e entidades parceiras para pontuar estratégias de combate ao avanço da doença no Município. Entre as ações está o processo seletivo para a contratação de mais 20 agentes de saúde ambiental.
Água parada
A preocupação com o avanço da dengue é relevante visto não apenas o atual período de chuvas, mas também pelo número elevado de materiais que acumulam água e continuam a ser encontrados pelos agentes de saúde pública em residências e terrenos baldios do Município.
Pratos e vasos de plantas, calhas e ralos entupidos, bebedouros para animais de estimação, piscinas, bromélias ou qualquer objeto exposto à chuva e que acumule o mínimo de água pode ser um potencial criadouro. Até uma simples casca de ovo ou uma imperfeição no piso pode ser um canal para a proliferação do mosquito.
A Avaliação de Densidade Larvária (ADL) realizada em janeiro deste ano apontava índice de 5,5. Isso representa que a cada 100 imóveis pesquisados na Cidade, uma média de cinco a seis imóveis tem focos com larvas do mosquito transmissor da dengue. O preconizado como satisfatório pela Organização Mundial da Saúde é abaixo de 1.
Nebulização
Vale lembrar que a nebulização é indicada em áreas com risco de transmissão ou onde a transmissão já foi desencadeada. Ela é preconizada pela Organização Mundial da Saúde como último recurso para o controle de uma epidemia de dengue. A aplicação do inseticida é uma atividade segura e que não coloca em risco a população. O efeito do produto não tem ação residual, isto é, age somente no momento da aplicação.
Nas atividades de nebulização realizadas em Botucatu os agentes da Vigilância Ambiental recomendam que os moradores e seus respectivos animais domésticos permaneçam foram de suas residências pelo tempo mínimo de 15 minutos, deixem portas e janelas abertas, retirem roupas do varal e cubram utensílios domésticos.
Transmissão e sintomas
A dengue é uma doença infecciosa febril aguda que pode ter manifestações assintomáticas até quadros graves e fatais. Ela é causada por um arbovírus (vírus transmitido por artrópodes), ocorrendo principalmente nos países tropicais, onde as condições são favoráveis à proliferação do seu vetor: o Aedes aegypti. O ciclo de transmissão da doença se dá da seguinte maneira: o mosquito sadio se infecta ao picar uma pessoa doente e depois transmite o vírus ao picar uma pessoa sadia.
O vírus da dengue possui quatro sorotipos: Denv 1, Denv 2, Denv 3 e Denv 4. Estes quatro sorotipos já circulam no Brasil. Desde 1990, quando se estabeleceu a transmissão de dengue no Estado de São Paulo, o padrão epidemiológico da doença tem apresentado períodos de baixa transmissão intercalada com a ocorrência de epidemias, estas geralmente associadas à introdução de novo sorotipo ou à alteração do sorotipo predominante.
Muitos também costumam confundir sintomas da dengue com as de gripes e resfriados. No caso das doenças respiratórias, febre e dores de cabeça e muscular costumam ser de baixa e média intensidade, além de virem acompanhadas por dor de garganta, tosse, secreção nasal e espirros, o que não ocorre na dengue.
Os sintomas característicos da dengue são: febre alta [acima de 38°C], dores intensas de cabeça, no fundo dos olhos, e por todo corpo, onde também podem aparecer manchas vermelhas. Ao identificar esses sinais clássicos de dengue, a pessoa deve procurar atendimento médico imediatamente e ficar em repouso permanente de 10 a 15 dias. Neste período, aa Secretaria Municipal da Saúde, através da VAS, iniciará todas as atividades necessárias para evitar a transmissão da doença no Município.
Vale lembrar que o ovo de um mosquito da dengue consegue ficar mais de um ano grudado em um recipiente. Se essa superfície não for lavada adequadamente, com água e sabão, uma simples chuva pode fazer o ovo eclodir e surgir novos insetos em menos de dez dias. O Aedes aegypti mede menos de um centímetro, tem aparência inofensiva, cor café ou preta e listras brancas no corpo e nas pernas.
Dicas de combate à dengue
• Manter a caixa d’água sempre fechada e vedada adequadamente
• Limpar periodicamente as calhas da casa
• Não deixar acumular água sobre lajes, imperfeições do piso e recipientes
• Lavar, com escova e sabão, a parte interna e borda de recipientes que possam acumular água (ex: bebedouros de animais)
• Não expor recipientes à chuva, deixando eles sempre em lugares cobertos e de cabeça para baixo
• Jogar desinfetante, detergente ou sabão em pó em ralos pouco utilizados
• Não deixar acumular água nos pratos dos vasos de plantas
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