Câncer colorretal: doença silenciosa que vitimou Preta Gil é a 3ª mais comum no Brasil

Saúde
Câncer colorretal: doença silenciosa que vitimou Preta Gil é a 3ª mais comum no Brasil 22 julho 2025

Especialistas alertam para os riscos e reforçam a importância do rastreamento precoce, mesmo antes dos 50 anos

O Brasil lamentou neste domingo (20) a morte da cantora e empresária Preta Gil, aos 50 anos, vítima de um câncer colorretal. A artista, filha do músico Gilberto Gil, enfrentava a doença desde 2023. O mesmo tipo de câncer também vitimou Pelé, em 2022.

Silencioso nos estágios iniciais, o câncer de intestino (que atinge o cólon e o reto) é o terceiro mais comum entre a população brasileira, com cerca de 45 mil novos casos por ano, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) para o triênio 2023-2025. A incidência é ainda maior entre as mulheres e na Região Sudeste, onde ocupa a segunda posição entre os tipos mais frequentes.

“Os sinais de alerta normalmente são a alteração no trânsito intestinal, seja muita diarreia ou intestino preso, perda de peso, sangramento nas evacuações, alguma dor abdominal também pode estar presente. Mas essas situações geralmente acontecem quando o câncer já está maior, por isso é tão importante o rastreio”, alerta o cirurgião gastrointestinal Lucas Nacif, membro titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva.

Fatores de risco

A doença, muitas vezes, se desenvolve a partir de lesões benignas como pólipos. Segundo Nacif, pessoas com Doença de Crohn, inflamações intestinais crônicas e histórico familiar precisam redobrar a atenção. Além disso, o sedentarismo, obesidade, tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, alimentos ultraprocessados e dieta pobre em fibras também estão entre os fatores de risco.

“Quando o paciente tem algum familiar com câncer diagnosticado, essa idade vai diminuindo cada vez mais, e sendo mais específico e individualizado para cada pessoa. O rastreio é feito com a análise da história de vida, com exame físico e os dois principais exames de triagem, são o exame de fezes, para ver se tem sangramento oculto, e a colonoscopia, que a gente vê dentro do intestino e procura nódulos, pólipos e câncer”, explica Nacif.

Outro ponto destacado por ele é o fator cultural que atrasa o diagnóstico precoce. “As pessoas têm receio de procurar um médico para fazer essa triagem, porque o exame começa com a avaliação física, e o médico normalmente tem que fazer um toque retal. Mas, com uma pequena avaliação, o médico já pode ser muito específico nessa prevenção. E ele não está avaliando se é bonito, feio, grande, pequeno… ele está fazendo um exame técnico”, reforça o cirurgião.

Prevenção é possível

De acordo com o oncologista André Carvalho, do Hospital Amaral Carvalho (HAC) de Jaú, manter hábitos saudáveis é uma das formas mais eficazes de prevenir a doença.

“É importante ter uma alimentação adequada, evitando industrializados, embutidos, defumados e enlatados, e manter uma rotina de exercícios físicos”, afirma.

O excesso de gordura corporal também é um gatilho importante, pois provoca inflamações crônicas no organismo, favorecendo o surgimento de diversos tipos de câncer, inclusive o colorretal.

Entre os grupos de maior risco estão pessoas com idade acima de 50 anos, histórico de câncer de intestino ou doenças relacionadas (como retocolite ulcerativa crônica, polipose adenomatosa familiar e o câncer colorretal hereditário sem polipose). Além disso, estudos já mostram aumento na incidência da doença entre pessoas mais jovens, possivelmente reflexo do estilo de vida atual.

Rastreio é essencial

A colonoscopia é o principal exame para detecção do câncer colorretal e deve ser feita a partir dos 45 anos, com repetição a cada dez anos. Também podem ser realizados exames como a retossigmoidoscopia ou o teste de sangue oculto nas fezes.

“É preciso ressaltar a importância do atendimento básico, realizado nas cidades de origem dos pacientes, como a consulta, o exame físico e toque retal para o diagnóstico. No entanto, o encaminhamento desse paciente para um centro especializado, como o Amaral Carvalho, faz toda a diferença”, completa André Carvalho.

Mesmo com uma rotina saudável, o rastreamento precoce segue sendo indispensável. E mais do que esperar por sintomas como sangramento ou alteração no hábito intestinal, a recomendação médica é clara: não esperar. O diagnóstico precoce ainda é a principal arma para alcançar a cura.

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