Botucatu tem capacitação para boas práticas na manipulação de alimentos

Saúde
Botucatu tem capacitação para boas práticas na manipulação de alimentos 12 setembro 2019

Parceria entre FMVZ e Prefeitura de Botucatu oferece treinamento gratuito

Uma parceria entra a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Unesp e a Prefeitura Municipal de Botucatu está oferecendo gratuitamente capacitação básica teórica e prática em boas práticas para manipuladores de alimentos de diferentes segmentos, como restaurantes, lanchonetes, marmitarias, ambulantes, trailers, quiosques entre outros. As atividades de capacitação tiveram início em abril de 2019. Desde então já foram realizadas quatro edições de capacitação em boas práticas, com 149 manipuladores participantes certificados.

Além da capacitação básica teórica e prática em boas práticas de higiene propriamente dita, os participantes recebem informações importantes sobre temas como boas práticas com comportamento de empreendedorismo; importância das boas práticas para a saúde pública; água tratada e limpeza dos reservatórios; acondicionamento, destino adequado do lixo e controle de pragas urbanas. Também são abordados os principais microrganismos causadores das doenças de transmissão alimentar.

A proposta de uma capacitação em boas práticas para manipuladores de alimentos a ser realizada em conjunto com a vigilância sanitária municipal foi idealizada pelo professor José Rafael Modolo, do Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública da FMVZ e aprovada pela Secretaria de Saúde do município. Em sua resposta à proposta, o secretário municipal da Saúde de Botucatu, André Gasparini Spadaro, acrescentou que a realização da capacitação seria “de grande valia aos ganhos diretos e indiretos para as instituições envolvidas, munícipes e microempresários do segmento alimentar”.

A equipe da FMVZ que atua nas capacitações básicas em boas práticas é formada pelos médicos veterinários Marina Frontana, residente da área de Planejamento de Saúde Animal e Saúde Pública, José Fernando Nardy e Isabel Maeda, residentes da área de Inspeção Sanitária dos Alimentos, e Fábio Taniwaki, pós-graduando em Medicina Veterinária. Todos vinculados ao Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública da Faculdade. A atividade de extensão é parte integrante da formação em saúde dos residentes da FMVZ das áreas citadas, no âmbito do Programa de Residência em Área Profissional da Saúde em Medicina Veterinária – Área de Concentração: Saúde Animal Integrada à Saúde Pública, promovido pelo Ministério da Educação.

Integrante da equipe da Vigilância Sanitária Municipal, a médica veterinária Giselle S. da Paz também atua nas atividades de capacitação. “A capacitação em boas práticas é uma exigência da legislação sanitária vigente e uma das metas do Plano Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Botucatu”, relata Giselle. “Nessas atividades, conseguimos conciliar a prática e vivência dos profissionais da Vigilância Sanitária com as atualizações e pesquisas realizadas pelo Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública da FMVZ”.

Coordenador da inciativa por parte da FMVZ, o professor José Rafael Modolo ressalta que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os médicos veterinários recebem preparação e treinamento em saúde animal e em higiene alimentar que os tornam aptos a garantir a segurança sanitária dos alimentos de origem animal, com colaboração de outros profissionais. “Os serviços médicos-veterinários são, portanto, responsáveis pelo controle da segurança alimentar em toda a cadeia produtiva e em esfera nacional. Esperamos que com esta atividade, o manipulador implemente os ensinamentos transmitidos em suas atividades, acarretando uma contribuição positiva para a saúde pública, satisfação e segurança higiênico-sanitária aos clientes e lucros para o pequeno empreendedor”.

Para o professor, com esse programa, a FMVZ está cumprindo uma importante função social. “Estamos agindo dentro da nova ordem de atuação da medicina veterinária denominada de Saúde Única, em que há uma preocupação com a compreensão da dinâmica da interface animal-homem-meio ambiente, tendo como meta a melhorar a saúde e a qualidade de vida para as pessoas em várias dimensões”.

Panorama

Como consequência da globalização têm ocorrido mudanças de hábitos de consumo como, por exemplo, maior preocupação com a qualidade dos alimentos oferecidos para serem consumidos pela população, cuidado das pessoas em ter uma alimentação saudável, com aumento das exigências sanitárias.

Tais mudanças de hábitos têm contribuído para o aumento do número de pessoas que consomem refeições fora de casa. Para atender a esse tipo de demanda, tem ocorrido uma correspondente ampliação de pontos de vendas que oferecem estas refeições.

A Organização Mundial de Saúde informa que, anualmente, morrem, no mundo, ao redor de 230 mil pessoas de diarreia causada pelo consumo de alimentos e água contaminados com microrganismos patogênicos. Além desta constatação, outras sofrem graves consequências, como por exemplo, dores de cabeça, náuseas, vômitos, febre, mal-estar etc.

Mesmo com a reconhecida falta de notificação, o Ministério da Saúde por meio da Unidade de Vigilância das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, informou que, no Brasil, de 2000 a 2015, foram registrados, no mínimo, 232 mil casos de DTHA e 155 mortes. Somente em 2015, foram, no mínimo, 8,9 mil doentes e quatro óbitos.

No Estado de São Paulo conforme consta no Plano Estadual de Saúde, entre 1999 e 2010 foram registrados, no mínimo, 105 mil casos de DTHA e 43 óbitos. Sendo que destes 50% das ocorrências foram devidas ao consumo de diferentes tipos de alimentos e 2% pela ingestão de água. “É importante destacar que o estado de São Paulo é o que mais faz notificações de doenças”, ressalta o professor Modolo. “As contaminações alimentares são causadas tanto pela manipulação inadequada dos alimentos nos processos de industrialização, como nos alimentos preparados em estabelecimentos de destinação direto ao consumo humano. Portanto, o manipulador em qualquer instância torna-se a principal via de contaminação direta e indireta dos alimentos. Há de se entender, que este desempenha papel importantíssimo na segurança e na preservação desses produtos durante toda a cadeia produtiva até o consumidor final”.

Entidades governamentais internacionais e nacionais de saúde humana e da medicina veterinária reconhecem a seriedade desta situação e também que se trata de um importante problema de saúde pública. “Essas mesmas entidades reconhecem ainda que a maioria das doenças de origem alimentar pode ser evitada a partir da manipulação adequada dos alimentos destinados ao consumo humano, quer na indústria, quer nos estabelecimentos”, salienta o professor Modolo. “Assim, torna-se essencial para a prevenção das doenças transmitidas por alimentos, a qualificação técnica do pessoal que atua na manipulação de alimentos preparados nos pontos de vendas desses produtos”.

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