Botucatu registra caso suspeito de hepatite aguda

Saúde
Botucatu registra caso suspeito de hepatite aguda 09 junho 2022

Outro caso, em Itápolis, também segue sob investigação

A Secretaria de Estado da Saúde informou nesta quarta-feira (8) que o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) do Estado acompanha a investigação de um caso suspeito de hepatite aguda, de agente etiológico desconhecido, na cidade de Botucatu.

No mês passado, o JC divulgou um caso suspeito da doença misteriosa em Itápolis, na região de Bauru. Em todo o território paulista, até ontem, 24 casos suspeitos de hepatite aguda estavam sob investigação.

“A Secretaria de Estado da Saúde monitora os pacientes e aguarda a conclusão dos exames diagnósticos e de toda a investigação epidemiológica. Portanto, é precipitada a confirmação da doença no Estado, uma vez que somente a conclusão diagnóstica poderá determinar a doença”, declarou a pasta em nota.

“A doença atinge pacientes com menos de 17 anos, que apresentam sintomas semelhantes aos da doença hepática – como icterícia, diarreia, vômitos e dores abdominais -, porém, sem a presença do vírus”, acrescentou.

Fonte: JCNet

Hepatite aguda

Em 15 de abril de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um alerta sobre casos de hepatite aguda grave de causa desconhecida em crianças no Reino Unido. Desde então, mais casos foram notificados. 

O assessor de prevenção e controle das hepatites virais da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Leandro Soares Sereno, falou sobre hepatites e casos agudos graves em crianças notificados em vários países.

1. O que é hepatite aguda?

A hepatite é uma inflamação do fígado. Existem diferentes etiologias – ou seja, causas – que levam a essa inflamação, como uma infecção ou intoxicação por medicamentos ou substâncias. Os agentes infecciosos mais frequentes são os vírus responsáveis pelas hepatites A, B, C, D e E.

Quando a inflamação ocorre de forma rápida e abrupta, falamos de hepatite aguda. Em alguns casos, como na hepatite B, C e D, a infecção pode se tornar crônica.

2. Por que o surto de hepatite em crianças é considerado incomum? É um novo adenovírus?

É um evento de interesse que está sob investigação da OMS. Até agora, os exames laboratoriais descartam casos de hepatite viral conhecida. Em muitos casos, a infecção por adenovírus foi encontrada em crianças e a ligação entre esses dois é investigada como uma das hipóteses sobre as causas subjacentes.

O adenovírus é um vírus comum que pode causar sintomas respiratórios ou vômito e diarreia. Em geral, a infecção tem duração limitada e não evolui para quadros preocupantes, embora casos raros de infecções graves por adenovírus que causaram hepatite tenham sido relatados em pacientes imunocomprometidos ou pessoas submetidas a transplantes. No entanto, essas crianças não se enquadram na descrição, pois antes estavam saudáveis.

3. Quantos países notificaram casos confirmados ou suspeitos de hepatite em crianças não relacionados à infecção pelos vírus da hepatite A, B, C, D ou E?

Não estamos falando de casos confirmados porque atualmente a causa específica é desconhecida e está sob investigação. Os casos relatados se referem a crianças com hepatite aguda grave em que não foram identificadas as hepatites A, B, C, D ou E.

Com essa definição, em 3 de maio de 2022, mais de 200 casos foram reportados em 20 países. A maioria está no Reino Unido, que foi o primeiro país a notificar a ocorrência de casos à OMS.

Nas Américas, foram notificados casos nos Estados Unidos, e os países da Região estão orientados a monitorar a situação. No momento, a OPAS está informando os países sobre critérios e definições para monitoramento.

4. Como a OPAS avalia a situação?

Ainda há poucos dados para definir se há surto ou epidemia na Região das Américas e, por enquanto, o risco global é considerado baixo. E, como também não há certeza sobre a origem, existe a possibilidade de estarmos identificando uma situação que antes passava despercebida porque os casos eram muito poucos.

5. O surto pode estar relacionado à COVID-19 ou às vacinas contra esta doença?

Com base nas informações atuais, a maioria das crianças afetadas não recebeu a vacina contra a COVID-19 e, no momento, a relação de casos com a vacinação está descartada. 

Em alguns casos, foi detectada a presença do vírus SARS-CoV-2, mas essa é uma linha de pesquisa além de outras, como a do adenovírus.

6. Quais são os sintomas? Existe tratamento?

A hepatite aguda apresenta diferentes sintomas: gastrointestinais, como diarreia ou vômito, febre e dores musculares, mas o mais característico é a icterícia – uma coloração amarelada da pele e dos olhos.

O tratamento busca aliviar os sintomas, bem como controlar e estabilizar o paciente se o caso for grave. Essas recomendações podem ser ajustadas quando a origem for determinada.

7. O que os pais podem fazer para proteger seus filhos?

O principal é estar atento aos sintomas, como diarreia ou vômito, e principalmente se houver sinais de icterícia, que é a coloração amarelada dos olhos e da pele, deve-se buscar atendimento médico prontamente.

Para prevenção, recomendamos tomar medidas básicas de higiene, como lavar as mãos, cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar, o que também serve para evitar a transmissão de adenovírus.

8. Quais medidas a OPAS recomenda às autoridades nacionais de saúde para evitar a propagação da doença?

Neste momento, a recomendação é se manter informado e monitorar a situação. A origem dos casos ainda está em estudo e a OPAS continuará prestando apoio técnico aos países para gerar e disseminar informações durante o curso da investigação.

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